Por Jacobe Pintor Vigo /
A propaganda mediática da ditadura, a que sustém ideologicamente a aplicaçom do estado de escepçom na Catalunya, converteu a escola pública catalana e o seu modelo de imersom linguística num alvo preferente para o fanatismo de estado. A perversom e o cinismo mais absoluto da polícia mediática do estado nom devera confundir-nos, o consenso mediático, a demanda do restabelecimento da ordem, e a justificaçom da repressom, som os sintomas das doenças do estado, daquilo que escapa ao seu controlo; analistas e estadistas, expertos técnicos e literatos, juristas e catedráticos aplicam-se compulsivamente para dar com o tratamento da enfermidade; “desinfetar Catalunya” pedia o exministro do governo dos GAL Josep Borrell, que disto sabe um pouco.
A escola pública catalana e o modelo de imersom linguística é um piar sólido para a consolidaçom do projeto independentista. Nom foi por acaso que os centros educativos se convertêrom no cenário dos enfrentamentos na insurreçom do 1 de Outubro, nom se tratava apenas de defender os centros eleitorais, foi também umha batalha pola defesa dum espaço conquistado, docentes e alunas, famílias e vizinhas, ocupárom e acampárom nos colégios, organizárom assembleias, palestras, concertos, jogos, etc. A polícia quebrou as portas das escolas, bateu na gente, tentou o assalto e fracassou. A vitória do povo é o seu princípio de legitimidade democrática, mesmo que colapsara o censo no percurso do referendum, a sua legitimidade é inquestionável.
A ocupaçom e a resistência nas escolas nom fôrom apenas atos simbólicos, acontecimentos sem peso na história; a era tecnológica que sofremos tende a transformar a realidade em imagens que se convertem em símbolos, para evadir-se dessa mesma realidade. Mas a resistência popular do um de outubro é o resultado dumha luita quotidiana, de longo percurso, pola conquista de espaços concretos nos que exercer os direitos coletivos negados polo estado, e a escola na Catalunya, através do modelo de imersom linguística, converteu-se num território fundamental. A aplicaçom do modelo educativo de imersom linguística permite o exercício do direito à educaçom na própria língua e procura reverter o processo de assimilaçom linguística dum estado que converteu a escola num agente muito eficaz para romper a transmissom geracional da língua e da cultura próprias, propiciando a ameaça de extinçom definitiva. O exercício deste direito, como o de todos, exige da implicaçom da comunidade, da articulaçom de redes afetivas, da socializaçom de ideias e projetos. A imersom linguística abre as portas das escolas para convertê-las em lugares de encontro, e transforma os membros da comunidade linguística em protagonistas do seu próprio relato, rachando assim com o preconceito estendido que desliga a luita pola soberania nacional dos processos de transformaçom social.
A inversom da realidade que os jornalistas a solda do estado empregam para descrever a situaçom na escola catalana converte-se, aplicada no nosso país, numha análise acertada sobre a situaçom na escola na Galiza, marginalizaçom nas aulas, acoso, racismo, etc. As crianças galego-falantes som submetidas a umha violência muda, normalizada e naturalizada; se as crianças galego-falantes abandonam a língua como resultado do seu percurso escolar, como indicam todas as estatísticas, estas fam-no por estarem indefensas e desprotegidas por umha comunidade linguística obrigada a garantir os direitos das crianças galego-falantes. Cumpre lembrar que muitos dos agentes normalizadores da nossa língua tentam desacreditar as escolas populares da Semente confundindo o seu caráter comunitário com a iniciativa privada, mas foi a criaçom destas escolas que colocou no debate público a situaçom catastrófica da língua no ensino público oferecendo alternativas e ensaiando o único modelo que atualmente pode reverter a situaçom. Também, nos últimos anos, forom ganhando espaço os argumentos lícitos que defendem a desescolarizaçom, mas no nosso contexto a desescolarizaçom implica a renúncia dum espaço vital para construir e consolidar um projeto nacional.