Um antecedente
Em 2013, o professorado dos cursos CELGA denunciou a Secretaria Xeral de política Lingüística por tê-lo sem contratos nem segurança social durante anos. A resposta do secretario xeral Valentín Garcia foi retirar-lhes os cursos a todas as docentes e tentar realizá-los empregando professorado colaboracionista de secundária ao que se lhe pagariam 2000 euros mais esse ano. A CIG e a CUT pedírom-lhes aos companheiros de secundária que se negassem a participar na manobra. Isso e o labor dos piquetes provocou que apenas umha ínfima parte dos cursos ordinários pudessem desenvolver-se. Só umha pressada de fura-greves ajudou a que a Xunta do PP desse realizado algum curso frente à maioritária negativa dum professorado digno. Entre os escassísimos cúmplices de Valentín García encontravam-se um ex-presidente e umha ex-vice-presidenta da AGAL, Bernardo Penabade e Rosário Fernández Velho. Posteriormente, o Tribunal Supremo espanhol declarou ilegal a açom de Valentín e multou a Xunta por este facto em que eles participárom. No contato cos piquetes, os dous deixaram claro que aquilo nom o faziam pola prima de 2000 euros. O “logo por que?” nunca foi respondido.
Outro antecedente
O 21 de Novembro de 2019, a conta da AGAL rechiava no twitter com toda normalidade umha publicaçom de Valentín Garcia em que pedia atençom ao novo governo espanhol para as línguas do Estado. O secretário xeral dos piores dados sociolinguísticos da história para o nosso idioma e membro do governo que proibiu o galego no ensino das ciências.
A estratégia
A política de extermínio linguístico do Partido Popular consiste no investimento do orçamento destinado à normalizaçom em eventos, congressos, fastos e publicaçons fúteis para além do suborno à imprensa galega. No entanto, reduz toda normativa ou concreçom que benefície o emprego do nosso idioma, especialmente no ensino. O verniz para esta cruel argalhada elabora-se com um discurso laudatório da língua desde o sentimentalismo pinheirista mais valeiro e co aplauso interessado do culturalismo institucional comprado.
A lei
A manifesta inconcreçom da Lei Paz Andrade resulta perfeita para a sua incorporaçom à estratégia de etnocídio da Xunta. Com apenas atos formais, publicaçons inócuas, brindes à lusofonia e boas intençons, a parte mais débil dos seus impulsores cai engaiolada coa promesa da institucionalidade para eles. “Um anel para a todos governar, um anel para encontrá-los, um anel para a todos trazer e na escuridade aprisioná-los.”
Os factos
O passado 29 de Novembro, o presidente da AGAL, Eduardo S. Maragoto, partilhava no seu perfil de Facebook a entrevista que a página da associaçom lhe realizara ao secretario xeral de Política Lingüística. No texto que redigiu para a acompanhar, Maragoto parabenizava e empatizava co Valentín García, quem “sabendo onde está o futuro, ao mesmo tempo deve lidar com o presente”.
O 3 de dezembro, numha entrevista para Galicia Confidencial, o máximo respresentante da AGAL volvia confraternizar co governo do Decreto de Plurilingüísmo. O titular deixava-o claro: “Feijóo parécenos un político aberto á lusofonía pero debe ser máis decidido coa lei Paz Andrade”.
Poucos dias antes, a convocatória de vagas de professorado para secundária deixava fora as de português. Galiza conta apenas com quatro, a metade que Extremadura. Porém, numha enxurrada de sinceridade, o próprio Valentín já aclarava na entrevista para a AGAL: “Às vezes centramos muito tudo no âmbito do ensino: quantos alunos há, quantos docentes há, quantas horas se lecionam… O conhecimento do português é algo mais que tudo isto (…) falamos de formação de empregados públicos, de festivais, de atos culturais, dos encontros institucionais, de intercâmbios, da TVG, da emissão de produtos em versão original na Televisão da Galiza, dos orçamentos, de cada verba, de quando assistimos à Feira das Línguas da Lusofonia em Lisboa, com um stand próprio…” Quer dizer, as regulaçons normativas, o ensino e demais nom; fastos e eventos institucionais na linha estratégica geral de extermínio camuflado.
O contraste
Poderíamos pensar que o achegamento discursivo ao reintegracionismo da direita espanhola na Galiza justifica esta comprensom dumha parte do movimento. Que a classe média reintegracionista deveça por participar da institucionalidade e da cultura autonómica, adaptaçom da Cultura de la Transición ao nosso país, resultaria comprensível desde esse pretexto . Mas existe essa mudança de discurso na direita espanhola do país?
Já num artigo de Guerra Da Cal publicado postumamente pola revista Algália em 1994, este refletia sobre a dupla face da direita espanhola na Galiza quanto à lusofonia. Nele, lembrava como Franco lhe falou galego a Salazar em 1939 ou como Fraga lhe dizia à imprensa portuguesa em 1993 que “é melhor trabalhar com vizinhos imediatos que falam basicamente a mesma língua”.
E é que o antecessor de Feijoo tem reiterado em múltiplas ocasions o seu suposto reintegracionismo, com muita mais veemência do que o atual líder pepeiro. No prólogo ao livro de Juan Luis Pia, Reflexiones en torno al Estatuto de Galicia (Ortigueira, Alianza Popular, 1981), escrevera: “El Estatuto Gallego es un intento de resolver el problema de una Galicia, a la vez netamente española, y también con su personalidad indiscutible; con su alma cultural que desborda sobre Portugal y Brasil (…)”. Em 1991, a Xunta publicou o seu livro A Galiza e Portugal no marco europeu, escrito na norma internacional. No primeiro capítulo senténcia: “…a sua cidade e a sua terra, com a sua artéria vital, o rio Minho, são o ponto de encontro de dois povos irmãos, portugueses e galegos. É um encontro a que nos chama a pertença geográfica a um mesmo espaço físico, a herança cultural de uma língua comum.” O 16 de Novembro de 1996, na visita do ministro de pesca de Moçambique, manifestou que “depois de tudo falamos a mesma língua”. Em 1997, no seu discurso de entrada como membro da Academia das Ciências portuguesa, reiterou a nossa unidade linguística. Mesmo no discurso do debate de investidura de 2001, Fraga reafirmou: “Todos sabemos que o pobo galego posúe unha cultura de seu […] Unha cultura que comparte o contexto hispánico, ó que pertencemos por historia, e o mundo de expresión portuguesa, ó que estamos fortemente vencellados.” Velaqui apenas umha pinga no océano de votos lusistas que qualquer um pode encontrar numha pesquisa rápida sobre o finado “Patrom”. Abofé que nengum deles tivo efeito real na política linguística do Partido Popular.
O ano Carvalho
A esperada dedicatória das Letras Galegas a Carvalho Calero pode acabar coa subsunçom folclórica dum segmento do rentegracionismo na estratégia liquidadora do PP, Deus nom o queira. Porém, umha grande parte dos reintegracionistas consequentes somos abertamente soberanistas, de que serviria umha entidade que fixa normas se a ignoramos? Por exemplo, este verao dei-lhe palavra ao presidente da AGAL, disfarçado de Carvalho Calero no Festigal, de que me lhes ia subscrever. Mas agora, certamente, retiro essa vontade. Apenas som um, já ora. Contodo, vou ser o único?