Ainda que vizinho geográfico, e em muitos traços sociais e culturais mui perto de nós, Astúries é porém massivamente ignorado no imaginário galego. Umha das razons pode ser o histórico contencioso territorial entre galeguismo e asturianismo sobre as terras eunaviegas; mas quiçá a raiz deste desconhecimento haja que procurá-la na força da agenda mediática espanhola, que dirige o nosso olhar ao espaço geopolítico que interessar aos poderes fácticos em cada momento do ano. Desta volta, a desatençom é especialmente grave, desde que em Astúries livram desde há anos umha batalha de massas pola oficialidade da sua língua. O desprezo e o supremacismo que esmagárom o asturiano poderiam ser superados de se conseguir um outro estatuto para o idioma; e a um tempo, este seria extensível ao galego eunaviego, falado por 45000 pessoas ao leste do Eu.
Por volta de 100000 pessoas som em 2019 falantes de asturiano e, segundo estimaçons oficiais, 450000 som capazes de falá-lo e fam-no esporadicamente. As estatísticas referem-se ao território do norte, berço dumha língua que desceu pola fronteira oriental da Galiza e Portugal, e chega aos nossos vizinhos e vizinhas do sul com o nome de mirandês. Um processo de substituiçom mui duro, marcado polo desprestígio social e pola hibridaçom entre asturiano e espanhol, tem posto esta língua na corda bamba. Mas nas últimas quatro décadas, a sua extensom na literatura e na música, junto com o esforço feito polo soberanismo, tem colocado a reivindicaçom lingüística na plena actualidade. Hoje, umha percentagem maioritária de jovens entre 18 e 29 anos, segundo umha estatística realizada por umha empresa basca, simpatiza com a causa da oficialidade.
Velha luita
Como acontece quase sempre na história, os alicerces, e o grande mérito, estám no movimento popular. Já a meados da década de 70, associaçons como Conceyu Bable socializárom a consigna ‘Bable nas escueles’. Desde entom, a Academia de la Llingua Asturiana ou a Xunta pola Defensa de la Llingua Asturiana tenhem canalizado umha importante demanda social.
Controvérsias institucionais fixérom o resto. A finais de 90, mesmo com o apoio da extrema direita, aprova-se a Lei 1/1998 conhecida como ‘Lei de Usos do Asturiano’. Nela promete-se o seu fomento sem demasiada concreçom, e consente-se que o asturiano continue como disciplina optativa na escola, possibilidade que existe desde 1984. Sem embargo, a legislaçom está muito por baixo da exigência popular, e é por isso que, desde 2017, a secçom asturiana do PSOE decide-se a umha mudança de estratégia; no seu congresso ‘regional’, e com o 52% dos votos, promete que de governar de novo o Principado, o asturiano acadará estatus oficial. Adrián Barbón, o seu líder, alcançou o poder autonómico na passada primavera.
Movimento popular e reacçom irracional
Em abril do 2018, umha manifestaçom colapsava o centro de Uvieu; pola primeira vez na história, dúzias de milhares de pessoas uniam-se baixo a bandeira da oficialidade. Entre as demandas do movimento inclui-se também o reconhecimento do galego-eunaviego, que em Astúries é defendido maioritariamente com a denominaçom ‘galego-asturiano’. Cumpre lembrar neste ponto que, desde 2016, o nosso idioma é oficial no concelho da Veiga.
Este movimento, porém, nom manobra num contexto fácil. A extrema direita, com as suas três estruturas partidárias, bebe dum arreigado auto-ódio contra a língua que na nossa Terra resulta familiar. Com argumentos que semelham decalques do supremacismo anti-galego, os contrários à oficialidade acusam o asturiano de ser ‘umha língua de laboratório’, e os seus defensores ‘pessoas que vivem dos chiringuitos públicos’. Dentro deste marco, o PP escolhe a posiçom de ‘polícia bom’, afirmando que nada tem em contra da língua, mas si do ‘esbanjamento’ da oficialidade. Vox, polo seu turno, escolhe a posiçom mais intransigente. Na semana passada, um dos seus deputados, Ignacio Blanco, recriminava um representante do PP por falar galego eunaviego em sede parlamentar, dizendo que ‘nom percebia o que dizia’. No extremo do esperpento, a Plataforma contra la Cooficialidad alugou espaços de publicidade na rua para associar a oficialidade do asturiano com Arnaldo Otegi e Puigdemont.
Seja como for, a aritmética parlamentar permitirá o debate da oficialidade nesta legislatura e, se nom houver surpresas, a sua aprovaçom, com os votos favoráveis de PSOE, Podemos e IU. No passado mês de outubro, a conselheira de cultura, Berta Piñán, manifestou ‘nesta cámara vai-se votar a oficialidade’. Respostou assim à vontade de Vox de proibir na cámara o uso de qualquer língua distinta do espanhol.