Nom é um dos grandes debates de actualidade, e no Reino de Espanha nem existe umha legislaçom específica que o regule. A Inteligência Artificial está a piques de produzir umha das transformaçons mais grandes nas nossas vidas, ante o desconhecimento geral. O parlamento da UE lançou há dous anos umha tímida legislaçom sobre robôs no entorno laboral, e estados como a França ou a Suécia desenham com grande concreçom como acelerar o modelo capitalista com mediaçom do controlo de máquinas. Até onde irám as transformaçons? Damos algumhas chaves para mexermo-nos num meio radicalmente novo.

Em 2017, a Uniom Europeia reconheceu que a quarta revoluçom industrial -pois assi é considerada a irrupçom da IA- eliminará milhons de postos de trabalho no sector industrial, nos transportes e nos serviços. A hipótese de esquerdas dumha sociedade de párias e excluídas, onde milhons nom poderám nem sobreviver na exploraçom assalariada, cobra visos de realidade. Em qualquer caso, e sem atrever-se a blindar os direitos sociais e laborais neste contexto futurista, o parlamento da UE aprovou um controlo superficial da IA: as empresas robotizadas deverám pagar impostos extra, os robôs de mais tamanho deverám estar assegurados, e todo robô deve ser fabricado com interrupçom para desligá-lo (o que nos recorda aos filmes distópicos de máquinas a dominarem os humanos).

Imagem: engadget.com

Num contexto capitalista como o nosso, o debate moral está secundarizado em favor das consideraçons de produtividade e rendimento. Assim, já há dous anos, as grandes transnacionais investírom por volta de 18000 milhons de euros em adquisiçons relacionadas com o uso da IA. A cantidade, segundo fontes especializadas, multiplicava por 26 a que se asignara ao mesmo campo em 2015. Lembremos que se IA se vai aplicar ao controlo e disciplinamento das e dos trabalhadores, também proliferará no estudo e promoçom de gostos e querências. O marketing comercial e político precisará de IA como condiçom imprescindível, segundo Sundar Pichai, o máximo responsável por Google. Num encontro do Foro Económico Mundial, Pinchai manifestou que “a IA terá mais transcendência que o fogo e a electricidade.”

Concorrência implacável

O sonho capitalista do darwinismo social, umha sociedade em movimento onde os mais fortes depredam os mais fracos, teria pleno desenvolvimento num futuro distópico, onde nom existirem barreiras legais à utilizaçom de máquinas dedicadas ao controlo dos humanos. No mundo empresarial, aquelas companhias que nom adquirissem poderosas ferramentas de gestom, ficarám deslocadas do mercado. Quanto a classe trabalhadora, os e as assalariadas que forem consideradas carentes de ‘business intelligence’, confinarám-se às margens da sociedade.

Alguns exemplos som conhecidos e resultam arrepiantes. Amazon, que viviu importantes conflitos laborais em território espanhol, tem patenteado já umha pulseira que rasteja os movimentos dos trabalhadores no armazém, aliás de utilizar vibraçons para estimulá-los à eficiência; Workday é umha empresa informática que analisa através da IA 60 factores do seu plantel de pessoal, predizendo assim que trabalhadores vam deixar a empresa, e quais dam o perfil para ficarem. Também transcendeu nos meios empresariais o caso de Humanyze. A companhia comercializa credenciais de identificaçom inteligentes que realizam o trabalho que, há décadas, estava reservado a chivatos ou delatores: como é a interacçom social de trabalhadoras e trabalhadoras, quais som as relaçons conflitivas entre elas, e portanto que grau de lealdade há com o patrom. A vigiláncia em tempo real de todas as tarefas fai-se possível, por exemplo, com aplicaçons como Slack, que avalia a produtividade e a realizaçom de tarefas num gabinete. E nem tam sequer a avaliaçom do rendimento assalariado com clientes correrá a cargo do clássico capataz tirano: um programa de IA chamado Cogito, analisará qual o ‘grau de empatia’ nas conversas telefónicas, levando em conta o tom de voz, as pausas e a linguagem utilizada.

Cenários práticos. Gurus tecnológicos advertem

Nom resulta difícil imaginar cenas distópicas: certos grupos étnicos ou classes sociais podem ser privadas de acederem a certos postos de trabalho por análises prévias de rendimento; a relaçom social numha factoria, noutrora chave para a solidariedade operária, pode tornar um teatro baixo supervisom da máquina, em que cada trabalhador tencionaria ganhar mais aprovaçom da empresa com o gesto mais nímio.

O poder para o controlo dos comportamentos e para a imposiçom de pautas de selecçom laboral seriam algoritmos que, na lógica capitalista, permanecem em maos privadas e nom som suceptíveis de controlo e fiscalizaçom estatal ou popular.

Mais umha vez, a crítica nom procede apenas da esquerda revolucionária, senom de intelectuais e empresários que trabalham no coraçom da besta. É o caso do multimilhonário Elon Musk, dirigente de Tesla, que à vez que contribui para o avanço do sector, alerta sobre as suas derivas: “imaginai que um ditador nom fosse um humano, mas umha rede de milhons de computadores arredor do mundo que acedessem a cada migalha de informaçom quotidiana e vital dos usuários. Este ditador pode fazer milhons de cálculos numha fracçom de segundo para monitorizar o nosso comportamento.” Se umha empresa ou pequeno grupo de pessoas som quem de desenvolver umha ‘súper-inteligência com poderes ‘divinos’, poderiam tomar o controlo do mundo’, afirma Musk no documentário ‘Do You Trust Your Computer’?

Elon Musk, um dos gurus da automatizaçom, adverte sobre o controlo total que traz a tecnologia Imagem: Huffington Post

É difícil predizer se se vai chegar a tal estádio. No entanto, sabemos que num mundo guiado pola lógica de lucro, milhares de excluídas ficarám fora do mercado laboral pola automatizaçom, enquanto outra porçom, baixo poder absoluto, terám que comportar-se como autómatas ao serviço de autómatas. A desconfiança com o mundo ultra-eficiente que a imprensa comercial nos vende devesse ser umha primeira medida de autonomia pessoal e colectiva.