Apresenta-se como emblema do potencial económico autóctone, como modelo produtivo que desmente umha alegada incapacidade galega para a empresa. Inditex, enxalçada durante décadas pola imprensa comercial, tem umha relaçom mais bem circunstancial e utilitária com o território que acolhe a sua matriz. Além de estar dirigida por um conselho de administraçom com preponderáncia de espanhóis (de nascimento, e nom só de vocaçom), continua na estratégia de arredar mais e mais as factorias, visando abaratamento em tempos de crise. No seu dia deixárom de sediar-se na Galiza, e nesta década abandonam aceleradamente Portugal. Turquia, Marrocos e a China fornecem agora massivamente o consumismo occidental fomentado pola empresa.
Os sinais dumha recessom estám a aumentar a preocupaçom nos dirigentes do têxtil galego. Ainda que o nosso país saiu mais tarde que o resto da Europa da crise das finanças, e mostra, portanto, indicativos próprios da fase de recuperaçom, boa parte do continente amossa números vermelhos no que a índices de crescimento diz respeito. Alemanha beira já a crise, e o Reino Unido, agitado pola incertidume do Brexit, segue os seus passos. Numha economia exportadora como a galega, os efeitos começam a perceber-se. O têxtil galego perdeu neste ano um 10% das suas vendas no estrangeiro.
Representantes de Cointega-Clúster Gallego Textil moda, que tem Inditex como núcleo, reconheciam há dias aos meios de comunicaçom que a queda de importaçons de Portugal é irreversível. O vizinho do sul, pola sua cercania e baixos salários, forneceu durante anos as empresas galegas, mas estas pensam agora em aumentar lucros com novas estratégias. Marrocos e a Turquia estám perto abondo -segundo os esquemas anti-ecológicos e produtivistas da globalizaçom neoliberal- para fazer chegar a roupa produzida a baixo preço à central logística galega. Os dados manejados pola Secretaria de Estado de Comércio registam um aumento das importaçons têxtiles de Turquia num 40%, e num 50% as de Marrocos no primeiro semestre do ano. Na lista importadora nom podemos esquecer outros países: Bangladesh ou Paquistám, associados na consciência popular com a exploraçom de mao de obra, também exportárom no passado ano cantidades crescentes de roupa à Galiza.
Apologia e realidade
Inditex é com certeza a empresa mais mimada polas estratégias comunicativas do poder: a existência dum gigante industrial na nossa Terra, ainda totalmente dissociado da Galiza e alheio à sua língua e cultura, serve os propagandistas para tirar do imaginário popular a consciência de estarmos economicamente e politicamente blocados por Espanha. Ainda, e apesar de esforços denodados por manter a apologia do empório de Amancio Ortega, campanhas informativas internacionais tenhem desvendado certas verdades incómodas da empresa. Hoje é comumente sabido que tem sido investigada por promover condiçons de trabalho escravo no Brasil e na Argentina. O maior golpe à sua reputaçom veu com o afundimento do Rana Plaza em Bangladesh, um prédio dedicado à construçom de moda para a exportaçom que carecia das mínimas condiçons de segurança, que deixou mais de 300 pessoas mortas. Nesta instalaçom, onde o sindicalismo era perseguido com violência física, Inditex (ao igual que Benetton, Mango ou Primark…) obtinha as suas peças a baixo custo.
Outras focagens revelam a filosofia da empresa que, como as suas irmás no grande mercado capitalista, está dirigida por homens e com esquemas patriarcais. Segundo estudos recentes, ainda que o 75% da sua mao de obra som mulheres, e a imensa maioria das compradoras pertencem ao género feminino, o seu conselho de administraçom está formado por nove homens e apenas duas mulheres. A lógica que a move, o lucro, está também relacionada com a mudança climática, pois o sector têxtil considera-se como o segundo mais poluinte da economia internacional.
Respostas
Numha rápida olhadela à rede pode comprovar-se como de numerosas som as campanhas de deslegitimaçom e denúncia do gigante têxtil. Mas, para além das correntes de opiniom, na nossa Terra as suas próprias trabalhadoras tenhem demonstrado descontentamento e capacidade reivindicativa. Um caso exemplar foi a exitosa greve sostida polas trabalhadoras de Bershka em Ponte Vedra a finais do 2017, com participaçom destacada do sindicalismo nacionalista. As reivindicaçons conseguírom umha revisom do convénio que melhorou salários, tempo de férias e compensaçons económicas no caso de nom se garantirem dias de assuntos próprios.