Nos finais do passado ano, umha concentraçom da Associaçom Galega de Apicultura e do Sindicato Labrego Galego exigia protecçom para o mel da nossa Terra. Fazia-o diante do centro comercial ‘As Cancelas’, em Compostela, um dos lugares nos que o produto foráneo e falsamente etiquetado desloca a produçom autóctone. Mas as exigências populares vam mui além do proteccionismo. Apontam à sobrevivência dum insecto chave para o ecossistema, e mesmo para a nossa continuidade como espécie.

Como analisávamos na passada semana, a apicultura fai parte desse conjunto de subsectores agrários que luitam contra a agonia rural em desigualdade de forças. Num agro que debala, as apicultoras ponhem um sério contraponto neste século que andamos. Na Galiza existem a dia de hoje 16000 colmeias, 70000 das quais som novas instalaçons de anos recentes. No total, 4000 pessoas ou núcleos familiares tenhem a apicultura como actividade económica, mormente complementária. Nalguns casos, porém, as exploraçons apícolas som umha dedicaçom a tempo completo baseada na produçom de qualidade e biológica. Deste modo continua viva umha actividade que construiu parte do património da Galiza desde tempo e imemorial: trobos e alvariças, lacenas e lagares de cera som os restos da velha cultura do mel.

Globalizaçom, falsificaçom

A reivindicaçom da AGA e SLG punha o acento na difícil sobrevivência do sector em tempos de desconsideraçom política e dependência do alheio. Com efeito, a normativa vigorante na UE nom permite na atualidade ao consumidor conhecer com exactitude a procedência do mel que compra. Para além disso, e numha evidente manobra de ocultamento da informaçom, a legislaçom permite etiquetar como ‘mel de mestura’ (originário e nom originário) aquele que tem apenas um 1% de produto autóctone. As compradoras podem pensar que estám ajudando o produto do país, e na realidade adquirem mel fabricado num 90% em Chile ou na China.

A base do ecossistema, ameaçada

Os meios empresariais incidem dia si e dia também na ameaça da vespa velutina contra as colónias da abelha autóctone. Na realidade, as distintas espécies de abelhas galegas, e em geral europeias, venhem a sofrer umha longa e continuada agressom. Nos anos 80 tivérom-se que enfrentar ao Ácaro varroa, e desde a extensom da ‘revoluçom verde’, umha agricultura industrial altamente tecnificada, aos pesticidas e agrotóxicos. Assim, as abelhas nom se enfrentam apenas à conhecida velutina (que ocupa já todo o território galego, com excepçom do Maciço Central), senom a poluintes utilizados polo ser humano.

Umha mestura de envelenamento, bioinvasons e mudança acelerada do hábitat estám a pôr numha situaçom de risco as abelhas. O habitante das urbes pouco repara neste insecto, aparentemente intranscendente, e sem embargo do seu papel nos ecossistemas depende a produçom de até dous terzos dos alimentos vegetais que consume o ser humano.

Os cientistas debatem ainda qual a causa última da desapariçom de várias das suas espécies, mas concordam em assinalar a gravidade do problema. Nos países mais industrializados do Planeta, os dados som incontestáveis. No Reino Unido, a cantidade de abelhas existentes representa só o 25% das necessárias para a polinizaçom, e nos USA, segundo o US Fish and Wildlife Service, registárom-se em 2016 sete espécies em extinçom.

Na Galiza, fumigaçons de alto risco

Em 2012, a Junta demonstrou quais as suas prioridades produtivas, ao lançar um vasto programa de fumigaçons contra o gonipterus, que em forma de praga danava seriamente os monocultivos do eucalipto. O pesticida de origem alemao Basf danava ao gonipterus e também as abelhas, cujos problemas de reproduçom se viam agravados. O Secretário Geral de Montes na altura, Tomás Fernández Couto, declarava aos meios que o pesticida era ‘inócuo’, mas quatro meses depois da polémica, a UE incluía-o na lista de agrotóxicos.

A Associaçom Galega de Apicultura denunciava há sete anos a irresponsabilidade social e ambiental do poder. Os defensores das abelhas argumentam, na Galiza e no mundo, que o abuso de tóxicos e a alteraçom do meio levam a abelha a umha situaçom extrema, e portanto poderiam agoirar ‘umha crise alimentar sem precedentes’ para a nossa espécie. A natureza, dumha riqueza incalculável, conta com 2500 espécies de abelhas em todo o mundo, e por enquanto a resiliência deste insecto atura pressons imensas. Mas como em todos as dimensons da crise ambiental, a cobiça do capitalismo leva-nos a todas e todos ao perigo