As municipais fôrom o segundo acto da “gram volta à ordem” que anunciárom as Gerais. O PSOE, mais pau de palheiro do que nunca, é o maior estabilizador da política espanhola; mais, se cabe, quando existe umha extrema direita em percentages totalmente manejáveis e mesmo úteis para brandir, coma “homem do saco”, polos da rosa. Naturalmente, essa estabilidade durará ou evaporará-se na medida em que também continue a calma na esfera económica. Os tempos hoje som mais voláteis do que nunca.
Espanhóis, o 15m morreu. Dizíamos a propósito dos resultados das Gerais que Podemos lembrava o BNG do bipartido: camuflara um mal resultado com a perspetiva de entrar no governo. No caso do partido morado a cousa vai ser muito pior. Após o descablabro municipal, a sua capacidade de condicionar dalgum jeito o PSOE é tendente a zero. Os cuitelos já começárom a voar e o errejonismo, igual de alucinado e madrilenhocéntrico que o pablismo, mesmo fala do nascimento dumha “nova esquerda” partindo unicamente do seu resultado na ilha madrilenha. Coma sempre, há quem confunde os sol-pores cos amenceres, mas o que vem para todo esse mundo é a noite.
Quanto a essa outra nova política que é Ciudadanos, a cousa tampouco está para muitas alegrias. A resistência do PP no búnker madrilenho, a irrelevância em territórios em que o PP é forte como em Galiza e a falta de sorpaso aos de Casado, augura um futuro difícil para os de Alberto Carlos Rivera. Também no campo da direita está o panorama da volta à ordem um chisco mais despejado.
Quanto sos resultados das europeias, cumpre salientar que nom é vam que sejam a Itália (o gram perdedor do sistema euro) e a França (a gram perdedora frente a Alemanha do experimento UE) os países que expressem com mais dureza o seu mal-estar a través da extrema direita. A diferença dos mui europeístas Estados do Sul —todos saídos do subdesenvolvimento e a ditadura— ambos som Estados que tenhem memória de tempos melhores, de grandeur perdida, e para os que a situaçom atual apenas trouxo decadência. Há algo comprensível em ambos fenómenos, e também algo de melancolia por tempos que nom volverám. Hoje toda Europa é um espetador ante os câmbios de hegemonia que se estám dando a nível mundial e cujo episódio mais recente é o affair Huawei/Google entre os EUA e a China. Que as eleiçons de escala europeia consistam em entrar numha câmara sem poder real nom é mais que outra mostra da irrelevância da UE como ator político global. Os resultados do Reino Unido e a inevitabilidade futura do Brexit, indicam que os anglos também preferem tempos passados nos que agiam como delegaçom dos EUA em Europa; velaí a sua toma de partido para os tempos multipolares que venhem.
Quem si conseguiu tirar réditos das eleiçons europeias foi o independentismo catalám. Co escano de Puigdemont e de Junqueras (além do de Clara Ponsatí quando se execute o Brexit), o conflito catalám internacionaliza-se. A longa mao do sistema judicial espanhol fica inutilizada para evitar a irrupçom da política.
Galegos, o experimento da Unidade Popular com a esquerda espanhola morreu. A perda de todas as “alcaldias do câmbio”, e os maus resultados desse eterno possibilismo inane que é o villarismo, assim o indicam. Porém, o BNG nom é quem de tirar todos os réditos que deveria desse afundimento. Há um problema objetivo de penetraçom do Bloco na Galiza urbana, que é como dizer no 70% de Galiza. Desse problema sacou partido Podemos no seu momento e o PSdG agora. O razoável seria a concentraçom de energias militantes num projeto unificado, ambicioso e soberanista com capacidade de artelhar um discurso também para essa Galiza menos idiosincrásica.
Dado que toda a estratégia (ehem, sejamos indulgentes) do que resta de Anova passava polo municipalismo, e à vista dos maus resultados e piores perspectivas, a direcçom inteira dessa organizaçom (?), que tanto capital político dilapidou num tempo record, deveria demitir em Bloco.
O mais esperançador dos resultados das últimas eleiçons som os dados das europeias. Se servem como termómetro para calibrar a saúde do PPdG no país, o certo é que as vindouras eleiçons autonómicas som umha oportunidade de ouro para que Galiza se desfaga, dumha vez, das políticas autodestrutivas do Partido Popular e comece umha nova etapa que abra algo mais o campo de jogo político e a viabilidade do país. Outro dado que fala da nossa saúde ideológica como sociedade é que os cavernícolas de Vox nom conseguissem um só concelheiro em Galiza. Se finalmente se confirmasse a perda da Deputaçom de Ourense polo clam Baltar, teríamos um motivo mais que engadir ao saco do moderado optimismo; isso sim, sempre dentro do que é a política institucional e o campo do possível dentro dela.
Em relaçom também com as autonómicas, e com os resultados das municipais na mesa, os posicionamentos dalguns persoeiros para encabeçar a candidatura da nova política às galegas vam ser questionados. Esse espaço vai viver tensons importantes para decidir como e liderado por quem acudir ás eleiçons do país.
Os comícios galegos ham fechar definitivamente um ciclo político tumultuoso no que passou de todo pero no que imos caminho de dizer que, salvo a possível perda de hegemonia do PPdG, nom passou nada.