O passado dia 24, durante as jornadas da FITUR (Feira Internacional de Turismo), o presidente de Paradores de Espanha, assegurava que o Parador de Mugia abriria as suas portas antes de finalizar o ano 2019. Segundo informou, antes de rematar o mês de Julho a edificaçom, que está a ser construída pola empresa TRAGSA, será entregada a Paradores de Espanha para que este se encarregue de mobiliá-lo a e tê-lo pronto para o mês de Dezembro. Também declarou que se espera que o estabelecimento hoteleiro alcance anualmente arredor das 15.000 estâncias.
Umha contraprestaçom à catástrofe do Prestige
O dia 29 de Novembro de 2002 afundia o Prestige fronte às costas galegas, a 130 milhas de Fisterra, depois de navegar durante seis dias e 243 milhas sem rumo. E daquele desastre ecológico xurdiu também esta desfeita urbanística.
Mugia, umha vila virada cara o mar, ao qual deve a sua existência, sofreu de cheio a maré negra. O malfazer e a inoperância dos responsáveis empioraram a situaçom, e o seu principal setor produtivo e motor económico foi gravemente danado. Mas poucos meses depois, em Maio de 2003, eram as eleiçons municipais e os representantes do poder na comarca encherom-se a boca com promessas absurdas que, segundo eles, reativariam a economia da zona. Umha destas mediadas era a construçom dum Parador Nacional em Mugia, o qual parece que estará rematado dezesseis anos depois.
Apenas umha olhada é suficiente para ver que o novo parador é um atentado contra o patrimônio natural. No seu momento o projeto recebeu a crítica de diferentes organizaçons ecologistas e a Junta necessitou de publicar decretos e resoluçons a medida para poder esquivar as restriçons urbanísticas, pois a localizaçom do parador está afetada pola franja de 200 metros desde a linha de costa, está dentro da Rede Natura e está qualificado como terreno de proteçom paisagística. Mas todos estes obstáculos nom forom um impedimento para que finalmente diversas empresas tirassem proveito económico, entre elas TRAGSA, que como se mencionou mais arriba foi a empresa construtora. Há que lembrar que esta sociedade fora no seu momento a encarregada da limpeza da costa depois da catástrofe e fora acusada por numerosos marinheiros e voluntários de entorpecer o seu trabalho e retardar de jeito intencionado os trabalhos de recuperaçom. Estes feitos provocaram na altura, a destituiçom de vários cargos da empresa, entre eles o do seu presidente.
Um modelo fracassado
Desde os anos 90 o governo da Junta iniciou umha intensa campanha para a promoçom do turismo rural como alternativa à liquidaçom do sector agro-gadeiro que provocariam as reformas da Política Agraria Comum (PAC).
Quase três décadas depois, demostrou-se um fracasso, pois o turismo rural, longe de dinamizar as economias locais, apenas serviu para fomentar a especulaçom imobiliária e a destruiçom do território. Além disso, os estabelecimentos de turismo, como é o caso do parador, nom se encontram integrados no seu entorno nem tenhem efeitos sobre outras atividades próximas. Tampouco logra fixar a populaçom rural expulsada da atividade agrícola e pesqueira como fica demostrado cada vez que o IGE publica novos dados demográfico.
Além disso, o turismo leva ao mundo rural jeitos de vida e atividades lesivas com o entorno como roteiros em quads e motos, campos de golfe, peregrinaçons massivas a determinados entornos especialmente sensíveis (praia das Catedrais, parque natural das Ilhas Atlânticas,…), e em muitos casos implica a conversom e privatizaçom do património, desnaturalizando-a com novos usos: mosteiros e paços convertidos em hotéis de luxo sem respeitar a sua configuraçom original.
Aliás, as consequências sobre a populaçom galegofalante som trágicas, que se converte em umha peça mais de um museu etnográfico vivente para o desfrute do turista.