Por Javier Pérez de la Cruz (traduçom do galizalivre) /
Betül Celep representa umha Turquia em extinçom. Sorrinte, optimista e com muitas ganhas de resistir e protestar. Por diante tem o grande reto de recuperar o seu posto de trabalho em metade das purgas massivas promovidas polo presidente Recep Tayyip Erdogan.
À populaçom turca nom lhe faltam motivos para a depressom e o medo. O país euroasiático sofreu um último ano e meio carregado de tragédias. Centenares de mortos em ataques terroristas, umha guerra civil no sudeste do país, um golpe de Estado, o arresto de mais de 40.000 pessoas e a suspensom ou a perda do emprego de mais de 120.000.
Umha delas foi Betül, mas, a diferença dos mais, nom pensa deixar de pelejar contra a que considera umha medida injusta. Esta joven matemática sobrepassou baixo a chuva os 50 días consecutivos acampando na praça Kalkedon do bairro de Kadiköy, no lado asiático de Estambul.
O 6 de janeiro o seu nome apareceu, junto ao de outros 6000 funcionários, num dos temidos decretos executivos (KHK em turco). Através destas medidas o Governo, além de destroçar dúzias de milheiros de carreiras profissionais, também consegue clausurar universidades, meios de comunicaçom e sindicatos. Assím foi como da noite à manhá Betül perdeu o seu trabalho como investigadora na Agência de Desenrolo de Estambul.
A pesar do desmesurado número de atingidos pola resposta do Governo à sublevaçom militar, as manifestaçons e protestos brilhárom pola sua ausência durante os últimos meses. O medo, assinalam os analistas. Betül decidiu e consiguiu livrar-se dessa cárrega.
Mulheres sem medo
“A mim despedirom-me o 6 de Janeiro e aquí (na praça) vim por primeira vez o 23 de Janeiro. Os dias entre essas duas datas tivem muito medo. Vou ser capaz de fazê-lo? Nom vou poder? Que pode passar? Mas quando cheguei aquí todo se esclareceu e acouguei. Agora já nom tenho medo”.
A última grande manifestaçom opositora que se lembra em Estambul, a cidade mais importante do país, tivo, precisamente, as mulheres como protagonistas. Foi o 8 de Março, na marcha no Día Internacional da Mulher, “Tayyip, Tayyip, corre, corre, que vimos”, berrárom, em referência a Erdogan, as perto de 10.000 pessoas que se concentraram na céntrica avenida de Istiklal.
Focagem feminista ao seu protesto. “Os políticos em Turquia dim que as mulheres tenhem que ficar na casa. E que tenhem que ficar grávidas e têr três filhos. E que as mulheres e os homes nom podem ser iguais”, explica. E continua: “Todas as estrategias do Governo partem destas ideias. Com os decretos executivos estám a fazer o mesmo contra as mulheres. Eles querem.me para ficar na casa, para me casar… Esta é a ideia que defendemos aqui sobre todo: nom imos quedar na casa e imos resistir. As ruas som a nossa casa”.
Numerosos coletivos feministas de Turquia caregam com dureza contra as políticas promovidas polo islamista Partido da Justiça e o Desenvolvimento, no poder dende 2002. Estas organizaçons justificam o seu rejeitamento sinalando comentários como o realizado polo próprio Erdogan, que dixo que as vidas das mulheres sem filhos “som incompletas e deficientes”.
Porém, o Governo vê-o de maneira diametralmente oposta. Considera que medidas como eliminar a proibiçom de levar vela nas instituçons públicas som verdadeiras açons para o progesso profissional das turcas. Ademais também hai organizaçons de mulheres que trabalham cotovelo com cotovelo com o poder executivo. O caso mais claro é o de KADEM (Associaçom de Mulheres e Democracia), onde a filha do presidente Sümeyye Erdogan, é parte do conselho directivo.
Betül, que escolheu para a sua campanha a legenda de “As mulheres resistem contra os decretos executivos”, acha que som várias as razóns do seu despido: “ Som socialista e feminista. Ademais era representante sindical no meu trabalho. Creio que estas som as razons. Nom querem ninguém a luitar polos direitos humanos e os direitos da mulher. Nom podes falar dessas cousas se trabalhas para o governo”.
A pesar de que Betül queixa-se das poucas iniciativas que se organizárom para protestar polos despedimentos do funcionariado, si se produzírom atos similares ao seu em diferentes pontos da geografía turca. Em troca, estas mulheres nom sempre partilhárom a tranquilidade e a ausência de problemas das que ela desfrutou até o momento.
Problemas com a polícia
Em Ankara, a capital do país, Nuriye Gülmen, Semih Ozakça e Acun Karadag fôrom detidos antes sequer de poder encetar à greve de fame que anunciaram. Eles também perderom os seus empregos na Administraçom Pública e, como último recurso de pressom, recorreram ao protesto. O seu advogado Engin Gokoglu, assinalou que os três foram espancados durante o asalto policial.
“Venhem todos os dias (a polícia). Esses de aí som da policia segreda. Nom no.lo dixérom, mas sabemo-lo” Esses dous? “Si, conhecem-me. Vam mudando, mas podem-se reconhecer facilmente. Obrigárom-me a quitar o cartaz co nome de Ahmet Onal [vice-governador de Estambul e responsável da Agência na que ela trabalhava]. Dim que nom o podo fazer, que é ilegal, mas eu sigo-o fazendo. Agora deixarom de falar comigo, mas nom se passa nada, nom hai problema”, explica a ex-funcionária.
“Quem é Ahmet Onal?”, pom a cartolina colocada junto a outros trastos no momento da conversaçom. Betül culpa-o a ele do seu despedimento e pede-lhe explicaçons.
Namentres aguarda umha resposta, Betül, continua a contar o seu protesto a través das redes sociais. Até quando? “Até que faga falta”, contesta alegre e firme. “A gente tem medo e está desesperançada, dim que nom se pode viver em Turquia, que nom hai trabalho para nós. Mas também hai pessoas que decidem resistir. A esperança está aquí, isso é o que trato de dizer com a minha campanha”.
*Publicado originariamente em Pikara Magazine no passado mês de Março.