Por Jorge Paços /
Mais umha vez, o papel molhado das instituiçons nom garante a mínima defesa do nosso património. O franquismo declarou-no ‘monumento nacional’ em 1949, e a Junta do PP ‘bem de interesse cultural’ no remate do século passado. Porém, a torre de Caldaloba esboroa-se, e com ela a memória física do última rocha forte galega resistente ao assédio dos reis castelhanos há hoje 521 anos.
A Torre de Caldaloba, também chamada de Vila Joám, ergue-se sobre o velho território dum castro com foxos no Couto do Mato, um outeiro de 467 metros de altitude, na paróquia do Pino, no Concelho de Cospeito. Algum visitante ocasional pode identificá-la como umha das centos de fortalezas semi-derruídas que padecêrom a fúria irmandinha. Porém, neste lugar da Terra Cha os últimos nobres rebeldes à imposiçom dos Reis Católicos resistírom três anos de assédio.
Muita gente ainda desconhece a dimensom simbólica do lugar: a última manifestaçom da resistência medieval à pouta castelhana. Protagonizárom-na Constanza de Castro (filha de Pardo de Cela) e Fernám Ares de Saavedra, que se atrincheirárom no castelo face o cerco do comendador Lope de Haro.
Movimento associativo pede proteçom.
Este solitário torreom já chamara a atençom, por motivos óbvios, do galeguismo cultural e político nos últimos tempos. Realizárom-se visitas e redigírom-se artigos de divulgaçom; mais recentemente, e ante o gritante estado de abandono, a associaçom Património dos Ancares urgiu a Junta a atuar. Pois embora a administrçom autonómica nom pode intervir diretamente em bens privados como a torre, si pode obrigar os seus proprietários a manterem-na em perfeito estado, pois trata-se dum monumento catalogado ‘bem de interesse cultural’.
PP ignora de novo petiçom parlamentar.
Nada disso resulta importante para o partido governante, tam alheio à defesa do património como alérgico à promoçom de lugares vencelhados à dignidade galega. Desde que Património dos Ancares deu a voz de alarme, já se tenhem desprendido pedras de 500 kilos da estrutura do prédio, umha imponhente torre de 25 metros e planta quadrangular.
A parlamentária do BNG Olalha Rodil apresentou há meses umha proposta parlamentar para a ‘atuaçom urgente’ da Junta, que recebeu a esperada negativa do PP. Na semana passada, o PP fijo de novo orelhas moucas à petiçom, neste caso na comissom de cultura da cámara.
No entanto,o movimento associativo já conseguiu o apoio do concelho de Cospeito para umha hipotética negociaçom com os proprietários. O futuro deste emblema da nossa memória dependerá, mais umha vez, da capacidade de pressom do voluntariado cultural.