Por Bieito Carballo-A Fouce (adataçom ortográfica do galizalivre) /

O panorama espiritual da Galiza de hoje, é tam contraditório que nom pode extranhar que gentes bem assisadas se trabuquem ao pretenderem fazer umha descriçom da sua topografia.

O primeiro que tem de chocar com a lógica do extrangeiro que nos quiger conhecer é o forte e bem marcado contraste ideológico entre o povo e a minoria cultivada.

O melhor da mocidade inteligente da Galiza é rejamente nacionalista. Artistas, escritores e homens de ciência trabalham acotio polo rexurdimento da nossa fala, da nossa cultura.

O povo, em troca, do galego que ainda onte era o seu idioma dilecto, começa a sentir afeiçom pola fala de Castela e amossa pouco interesse polo rexurdir da pátria céltiga.

Em geral o povo sofre umha atonia absoluta, pois carece de inquedanças espirituais, e é tal a sua falta de sensibilidade que até as preocupaçons de orde material as sente de maneira tam maina que nom se chegam a exteriorizar de jeito que puderem ser olhadas polo mais atento observador.

Artistas e escritores galegos parecem nom decatar-se do tremendo perigo que este indiferença do povo significa para o porvir da Pátria. Eles seguem tranquilos na sua laboura artística, literária ou na científica; tenhem umha fe cega na virtualidade da sua obra e nom se decatam de que o povo, dirigido por preceitores estrangeiros, segue incapaz de compreender a importáncia da resurrecçom da Galiza.

Sem a identidade sentimental e ideológica da elite e do povo o nosso idioma só será um instrumento de inocentes passa-tempos líricos e literários.

Há que escorrentar esse perigo para nom falhar pola base o rexurdir da nossa cultura, há que acadar essa identidade do povo e da elite para a produçom dos nossos inteletuais deixar de ser umha divagaçom sobre cousas que a ninguém interessam.

O que nos fai falta para conquerir a vontade do povo é o Político, pois digam o que dixerem os mal pensados e os ignorantes, o heroísmo, as grandes obras, som cousa dos políticos. Os artistas, os sábios, nom tenhem fôlegos para conduzirem o povo polas congostras cheias de obstáculos que o levem a vieiros de luz e liberdade.

O Político é o único homem da elite que se arrechega ao povo, para contaxiá-lo com os seus entusiasmos. O Político nom se conforma com sentir de maneira platónica as ideias, quer realizá-las.

Som poucos os que na nossa Terra se decatam da suma de vontade e de heroísmo com que está feito o coraçom do verdadeiro Político, porque também som poucos os que coma ele sentem a paixonal ardentia das ideias que tenhem por finalidade materializar-se em feitos visíveis e tangíveis.

Sem o Político, sem o homem que encare o rexurdir galego com valentia, a obra de artistas e sábios carece de verdadeira eficácia.

A reconstruçom da nacionalidade galega é sobretodo umha obra política.

Contra da política espanhola que tem por objectivo desnaturalizar a personalidade da Galiza nom vale divagar sobre temas filosóficos, há que ter um espírito disposto ao sacrifício, há que levar ao povo o saudável contágio das ideias patrióticas, fazendo umha política galega, intransigentemente galega.

Só assim a obra de artistas e de sábios chegará a ser boa para a Galiza, só assim a nossa cultura acadará universalidade, que é a condiçom indispensável dumha cultura verdadeira.

Haverá na elite galega quem se sinta com fôlegos para ser Político, só político, e político galego, inteiramente, valentemente galego?

Publicado originariamente em A Fouce. Periódico galego, Dezembro de 1926.