Por Chema Naia/
Estou farto, canso, no limite. Assim que vou a permitir-me escrever um artigo desde a carragem, a bote pronto e sem deter-me muito em divagaçons (vou tentar pensar como pensa a nossa classe). No quinto aniversário do assassinato do Che em Bolivia lembro a sua frase de que “o alicerce fundamental da nossa obra é a juventude” para fazer isso que os velhos dinossauros desde Beatriz Mato a Xulio Ferreiro nom querem que fagamos, opinar e ser críticos. Bem sei que se nom querem que opinemos nom é por umha questom de idadismo senom que reside numha questom de classe, umha questom que vai o cerne de todo, nom querem que opine porque ele tem um doutormento, e eu nom mas o problema e que nom o tenho eu, nem o papa (que saiu na EGB da escola), nem o tem a vizinha do sexto ou os de Elvinha Nom Se Vende.
Este governo (ainda que mil vezes melhor que o anterior, olho!) peca como peca toda a esquerda de sobérbia, porque no fundo pensa que somos parvos, que nos chupamos o dedo e que nom temos memória (e em parte é assim, porque temos que madrugar todos os dias, duchar-nos rápido e ir trabalhar). Xulio pensa que nos pode botar dos nossos espaços, por exemplo da Insubmissa onde íamos a fumar os peis depois de aulas e que pode pisar os nossos bairros só para pedir-nos o voto e depois falar mais com Pablo Iglesias que nom nós, desconhecer os nossos problemas e infantilizar-nos. A esquerda leva muito tempo fazendo o mesmo, pensar que pode passar de nós e que depois imos fazer campanha nos nossos bares, nos nossos grupos de amigos e em resumo em todos os nossos espaços por eles como figemos no 2015 (que saibades que se estades aí é por nós, chulos).
Os que tenhem medo de perder o cargo abofé que diram que proponho o mesmo que propujo VOX em Vista Alegre (ainda que se me contestam já é um avanço), dá-me o mesmo. Falo para vós, a pouca gente normal a quem lhe poda chegar um artigo publicado num jornal online do independentismo e digo que nom tenho nenhuma receita singela (porque a política é mais complicada do que vos querem vender: nom é só gestom) mas que tedes um espelho no maior processo político que está a viver a nossa cidade desde fai tempo (e o qual nem a esquerda, nem eu durante muito tempo prestamos atençom) rapazes de RB eles sozinhos pensado sobre cousas, sem tutelas, sem paternalismos. Realmente só temos que formular-nos as perguntas adequadas. Imos a permitir que o nosso alcaide nom responda as vizinhas de Elvinha? (ou mesmo a que lhes levaram cravos brancos a porta do seu Paço ontem). Nós somos o poder. Nós somos Corunha.