Por Ana Macinheira / Tecido Resistente: a silenciosa revoluçom das mulheres de Présaras apresenta a história de cinco mulheres que trabalhárom na fábrica Hilados y Tejidos de Vilasantar, fundada a finais do século XIX na paróquia de Présaras, comarca de Betanços. Nela trabalhárom centos de mulheres da zona durante décadas, feito que mudou a economia e a organizaçom social da comarca, até que um incendio arrasou a fábrica no 1962.
Este documentário que fala do empoderamento feminino quando ainda nom se utilizava este termo. Está também dirigido por umha mulher, Marina Chiavegatto, jornalista e realizadora. Com ela conversamos sobre o seu trabalho.
Depois do seu estreno na escola de Présaras co um cheio absoluto, como valoras a acolhida que está a ter Tecido Resistente?
A acolhida está a ser espetacular e eu nom deixo de surprender-me. Enchemos as salas em todos as quendas que fizemos do documentário até agora e é mui emocionante ver que chegamos nom só às pessoas relacionadas com a história da fábrica mas também a tod@s @s galeg@s. Muita gente se emociona quando vê o documentário porque lembram as suas aldeias ou as histórias de vida das suas avôs…
Como chegou a ti a história das mulheres de Présaras?
Conhecim há anos duas das protagonistas do documentário e elas conquistárom-me. As cinco mulheres que protagonizam Tecido Resistente som umhas verdadeiras pioneiras. Todas com vidas e personalidades muito diferentes e, ao mesmo tempo, complementar.
Que significou Hilados y Tejidos de Vilasantar para as mulheres de Présaras?
As mulheres que trabalhárom na fábrica de Présaras acostumam dizer que os anos da fábrica fôrom os melhores da sua vida. Até 1962 eram elas as que mantinham economicamente a súa familia e os quartos que ganhavam representavam muito mais que só um feixe de dinheiro: eram a sua independência.
A história, em geral, tende a lembrar as pessoas que de algumha maneira tinham poder, motivo polo qual as mulheres tendemos a estar num plano muito secundário, por quê decidiste contar e pôr em valor a história destas mulheres do rural de Galiza?
Porque o que passou nessa vila foi algo extraordinário. Présaras foi praticamente umha potência económica durante várias décadas. Na vila existiam, por exemplo, onze lojas de ultramarinos! Tod@s queriam viver lá. E as responsáveis por mover a economia eram elas e nom eles. Estou certa de que a história do nosso país está cheia de histórias como esta, mas que fôrom de algumha forma silenciadas durante todos estes anos e a nossa geraçom deve recuperar essa memória.
Podemos dizer que Présaras viveu umha revoluçom feminista? Que grao de consciência tinham estas mulheres de estarem a protagonizá-la?
Eu chamo a esta história umha “silenciosa revoluçom” porque elas nom o faziam por ser revolucionárias ou reivindicativas. Elas nom eram conscientes dessa revoluçom mas si percebem que Présaras era umha vila diferente. Sabíam que lá as mulheres vestiam melhor, tinham mais quartos e até iam às cafetarias sozinhas. Eram feministas antes de saber o significado de “feminismo”.
Depois de todo o trabalho de recolha de informaçom, que foi o que mais che chamou a atençom das vidas destas mulheres?
A forma como este trabalho mudou a sua vida. En 1962 todas ficárom no desemprego, mas nengumha delas deixou nunca de trabalhar. Elas explicam que quando conheces a independência que che dá ter os teus próprios quartos já nom queres volver atrás.
A fábrica fechou tras sofrer um incêndio no 1962, que supom isto para a vida destas mulheres?
Nesse momento supujo umha mudança radical nas suas vidas. No caso de duas delas, por exemplo, os seus maridos emigrárom a Alemanha e elas passárom de cobrar elas os quartos a viver com o dinheiro que eles mandavam cada mês. Mas foi umha situaçom temporal: todas elas buscárom rapidamente umha outra ocupaçom para ter sempre os seus proprios quartos e nom ter que depender de ninguém.
*Para consultar futuras estreias sobre o documentário e obter mais informaçom podedes consultar o web: www.tecidoresistente.com