Por Marcos Abalde Covelo /
Rengiam as rodas do carro carregado com os corpos dos guerrilheiros. O arrepio ficou gravado nos coraçons antifascistas e muitos anos depois, em voz baixa, relatam aqueles sucessos… Abrirom um furado no cemitério do mosteiro de Monfero e deitarom os cadáveres diretamente na terra. Três dos guerrilheiros portavam umha insígnia no peito com as bandeiras republicana e galega unidas por umha estrela vermelha. A matança fora em 31 de outubro de 1949.
Hoje continuam na vala comum sem umha placa que os recorde. Os nomes daqueles sete demócratas:
Adolfo Alhegue “Riqueche” (Vilarmaior, 1919). Carpinteiro. Chefe do destacamento Arturo Cortiças. Num primeiro momento agocha-se num refúgio na sua casa. Entre 1941 e 1943 é encarcerado no Castelo de Sam Filipe. Em 1944 participa na reuniom fundacional do Exército Guerrilheiro da Galiza. Como represália, desterram os seus pais a Villamurial de Cerrato, Palência.
José Temblás Paz (Ourol, 1912). Carpinteiro. Secretário geral do Partido Comunista de Lugo. Estivo na cadeia de 1940 a 1941. Líder da III Agrupaçom do Exército Guerrilheiro da Galiza até 1947. O seu irmao, Alexandre Temblás, refugia-se numha casa de Candedo, Ourol. Um grupo de falangistas e guardas civis descobrem-no em 16 de abril de 1938. No momento assassinam Felicitas Casabella Fernández, Josefa Casabella Fernández e a sua filha Encarna Casabella Fernández de trece anos, depois matam o gado e queimam a vivenda. Aos poucos dias Alexandre Temblás será executado.
José Remuinhám Barreiro “Ricardito” “Simeom” (Ordes, 1914). Lavrador. Junto a Foucelhas, sobrevive à matança da V Agrupaçom em Luou, Teo. Integra-se no destacamento Arturo Cortiças em 1948. Oito dos seus familiares forom deportados a diferentes localidades de Burgos. Luís Seoane dedicou-lhes o poema Verdadeiro sucedido num Natal.
Joám Freire Bárcia (A Capela, 1926). Lavrador. Com o seu irmao, José Freire Bárcia, passam à clandestinidade em maio de 1949. A sua casa da Cernada constituiu um ponto de apoio fundamental para a IV Agrupaçom.
José Chao Rouco “Benita” (Ourol, 1911). Mineiro. Estivo na prissom de Lugo de 1936 a 1940. Este antigo enlace da guerrilha suma-se ao destacamento Arturo Cortiças junto a José Temblás.
Rogélio Alonso Carral “Canín” (Ferrol, 1929). Mecánico. Incorpora-se da mao de José Antonio Castro “Tocho”. Este último desertara do Castelo da Palma em 1947.
António Lopes Jaspe (Bergondo). Deserta do quartel da Marinha em Madrid em 1947. Dirigirá o destacamento Eive-Carbom.
O extermínio do destacamento Arturo Cortiças significou um ponto de inflexom para o Exército Guerrilheiro. Esta página de ouro da História Popular da Galiza chegava ao seu final. Carpinteiros, lavradoras, operários, gente humilde que luitou pola liberdade até as últimas consequências. Aqueles heróis aguardam a ser exumados do esquecimento. Irredutíveis resistentes que assinavam os seus comunicados com um “Viva Galiza ceive!”.