Por Jorge Paços /

A universidade espanhola, escola de formaçom dos quadros dirigentes da suposta democracia, sofre semelhante desgaste moral e político que todas as instáncias do Estado : monarquia, judicatura, corpos repressivos, grandes capitalistas, casta política, levam mais dum lustro a desfilar polos noticiários, salpicados de inúmeros casos de corrupçom e vulneraçom da sua própria lei. Nesta semana que remata, a Alternativa Sindical de Polícia apontava contra práticas ilícitas na Universidade Rei Juan Carlos.

Na luita despiadada polos currículos que guia a concorrência capitalista, grandes representantes da direita espanhola decidem tomar o atalho. Isto foi que demonstrou o recente escândalo do mestrado de Cristina Cifuentes : a mostra transparente do « salve-se quem puder » que guia as relaçons na nossa sociedade, mesmo valendo-se da mentira e da desfachatez.

Segundo revelam fontes da imprensa espanhola, um semelhante modus operandi formativo reina em parte dos corpos policiais. A Alternativa Sindical de Polícia vem de denunciar que 200 inspectores e comissários deste corpo repressivo espanhol matriculárom-se num grau « desenhado à sua medida » na Universidade Rei Juan Carlos. Tratava-se dum curso a desenvolver na rede, polo que pagárom umha matrícula de 3000 euros, e que permitia a rápida obtençom do título. Com ele, os profissionais da repressom poderiam ascender com maior facilidade na hierarquia do corpo.

Denúncia.

A medida da indignaçom que produziu o amanho pode dá-la a denúncia que vem de impor ASP na fiscalia de Fuenlabrada, em Madrid. A corporaçom policial quer denunciar o benefício ilícito de dúzias de inspectores e comissários ; com apenas 60 créditos superados, obtivêrom um título em Criminologia que custa a um estudante convencional entre 180 e 240 crédito.

Contradiçons de fundo.

A medida que se ascende na escala social -e, portanto, a medida que se ascende nos níveis de cobiça, ambiçom e dependência do dinheiro-, umha verdadeira batalha surda livra-se polos postos mais escassos. Estes precisam dumha qualificaçom académica elevadíssima, que no caso espanhol, com umha cultura da nugalha, a preguiça e a corruptela centenária, se consegue através das manobras mais sujas.

Umha parte das tramas corruptas desvendam-se pola existência de pessoas honestas no entramado burocrático, que se decidem a pôr o foco sobre este segredo aberto; noutros muitos, porém, é a xenreira de quem ficam fora da luita pola torta da riqueza e do prestígio a que leva a duras campanhas de deslegitimaçom dos corruptos.

Segundo apontam todos os dados, eis a contradiçom de fundo que explica este surto de aparente honestidade em parte do corpo policial. O SUP vem de fazer pública a proposta de « se reformarem os processos de ascenso interno », desde que polícias com longa trajectória, e sem mais formaçom que o bacharelato, nom dam competido nos ascensos com agentes mais novos com mais e melhores titulaçons.