Antelo sabe que tem que fazer mudanças na sua vida laboral. Polo si ou polo nom, há algo que tem que mudar . Nom sabe quando e como fazê-lo efetivo, mas sabe-o. Sabe também que tem que olhar mais o céu, e que o estress é acumulativo. Antelo é céptico com a velocidade trepidante de certos acontecimentos sociais.


Quando pode, adica-se a observar detidamente os vai-vens do mar, ou a olhar o comportamento das outras pessoas na taberna.


Antelo reflete nos novos movimentos políticos difusos que venhem ai, que irrumpem desde ideologias mui diversas, com interesses pouco claros, rompendo com anteriores esquemas e mesmo indo contra tradiçons mais ou menos legítimas. Todo quanto lê e observa soa-lhe a experimentaçom digital, a laboratório entre redes e modas. Antelo trata de fugir do seu egocentrismo quando reflexiona, e também gosta de falar com todo o mundo.


Um paisano dele, que fora concelheiro do Bloco, diz-lhe: “a política é umha trituradora de carne”. Antelo sabe-o melhor que ninguém, pois um primo seu andava no negócio dos chouriços e era também afiliado do PP, e um sócio dele andava a maiores a chouriçar no Concelho. A vida política local, pensa, sempre se transforma numha caricatura da política geral.


Mas todo isso nom deixam de ser ámbitos arredados. Quando algum dia necessitar de algumha cousa, Antelo tem treinado suficiente a forma de saber viver sem ela, porque tem praticado a comer pam com água durante umha semana e sobreviveu bem, porque aprendeu o outro dia a respirar desde o estómago, e porque quando dá um choupo ao copo de vinho as ideias extendem-se pola sua mente expandindo-se e sabe viver entre os seus medos e as suas sombras melhor que nengum dos seus vizinhos.
Antelo morrerá sendo sábio. Sabe-o, e isso é o que o fai feliz