“A era do aquecimento global já rematou; chegou a era da ebuliçom global”. Com estas palavras descrevia a situaçom climática global António Guterres, secretário geral das Naçons Unidas. E acrescentava: “a humanidade abriu as portas do inferno”.
Os dados
Estas afirmaçons nom som infundadas pois estám apoiadas por um sem-fim de dados. Umha importe fonte de informaçom é o Programa Copernicus, o projeto da ESA (European Space Agency) e a Uniom Europeia, que visa atingir umha capacidade de observaçom da Terra, contínua, autônoma, de alta qualidade e de amplo alcance para fornecer informaçons precisas, adequadas e facilmente acessíveis. Segundo os dados recolhidos por Copernicus, o ano 2024 será o ano mais quente jamais registrado e o primeiro ano com mais de 1,5 ºC acima dos níveis pré-industriais. Incumprindo-se deste jeito já os Acordos de Paris.
Com dados procedentes da mesma fonte, também podemos observar que a temperatura da superfície do mar está incrementando-se notavelmente cada ano, superando-se por primeira vez os 21 ºC no ano 2023 e este ano 2024, foi-se mais longe, pois superou-se esta temperatura durante vários meses seguidos.
No que atinge ao nosso Pais, segundo o último informe anual de Meteogalicia, no ano 2023, a temperatura média foi de +1,0 ºC superior á media do período 1981-2010. Tal e como se mostra na imagem a seguir, nas zonas de maior anomalia térmica, que se correspondem coa comarca dos Ancares, o incremento de temperatura superou os +2.5 ºC.
Por outra banda, qualquer pessoa pode apreciar estas anomalias no seu dia a dia. Na manhá do dia 24 de novembro deste ano, na comarca do Barbança havia um fortíssimo temporal com vento do Sul, mas o ar era estranhamente quente. Pola tarde amainou o vento e começou a chover intensamente. Ante esta climatologia tam anómala, comprovei os datos registrados nas estaçons meteorológicas que Meteogalicia tem instaladas na comarca e puidem confirmar o seguinte: chegou-se aos 21,8 graos de temperatura, houve refachos de mais de 130 km/h e choveu com umha intensidade de mais de 8 l/m2 em períodos de 10 minutos.
Energia sem controlo que muda o clima
Estes excessos de temperatura há que vê-los como o que realmente som, umha quantidade imensa de energia acumulada na atmosfera. E este excesso de energia é o que explica, entre outros fenómenos, o que sucedeu a finais do mês de outubro no País Valencià. Concretamente, a anomalia da temperatura aquele dia era de 1,83°C acima do valor pré-industrial, um novo recorde.
Como fica demostrado, o aquecimento global é um feito, mas já nom tem sentido chamar-lhe a este fenómeno aquecimento global, porque esta terminologia nom explica o que realmente acontece. A temperatura média global aumenta, e por tanto, a energia acumulada na atmosfera também o fai. Mas como a atmosfera é um sistema dinâmico, o aquecimento nom é homogéneo. Em determinadas zonas o incremento da temperatura é maior no que noutras, e mesmo podem existir regions nas que a temperatura desça. Deste jeito, os patrons climatológicos que conhecíamos até o de agora estám a mudar e é por isso que tem mais sentido nomear este fenómeno como mudança climática. Umha consequência direta disto é que os modelos meteorológicos que se empregavam até agora começam a ser inservíveis para fazer as previsons.
Outra consequência é que a Circulaçom de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC), fenómeno já explicada neste portal, pode potencialmente entrar em colapso devido à entrada de água doce no Atlântico Norte. Segundo concluiu um novo estudo publicado na revista Science Advance, a corrente oceânica AMOC está movendo-se cara o seu ponto de inflexom, e este ponto pode estar mais perto do previsto inicialmente. O estudo também mostra simulaçons com mais detalhe de como o norte da Europa em particular, da Gram Bretanha à Escandinávia, sofreria impactos devastadores, como umha queda nas temperaturas no inverno entre 10°C e 30°C, levando a um clima completamente diferente dentro de umha ou duas décadas. Além disso, mostram mudanças importantes nos regimes de chuvas tropicais. Devido à complexidade do documento, deixamos um breve resumo elaborado polo oceanógrafo e climatologista alemám Stefan Rahmstorf, experto neste fenómeno e que foi um dos principais autores do Quarto Relatório de Avaliaçom do IPCC.