Antelo procura pensar em cousas agradáveis mentres trabalha. O lume na lareira, a fermosa forma das pedras da igreja de Monforte, o voar dos parrulos a poucos metros da água, o amplo horizonte desde o monte da Curota…

Quando entra um guiri, pensa primeiro em se terá dinheiro ou nom. Segundo o dinheiro que possuem, comportam-se muitas pessoas. Muito aprende de psicologia Antelo trabalhando de recepcionista nessa hospedagem.

Por vezes reflete em torno à sua participaçom na engranagem do negócio turístico. O certo é que Antelo odeia o turismo duns anos para aqui, porque antes ninguém o questionava e só lembra dumhas pintadas que apareceram na vila contra a construçom dum porto desportivo. Mas ultimamente todos os da taberna botam pestes, mesmo há quem está a desenvolver um programa e umhas consignas nas que usam o “likor café” como “soluçom final”. Também alguém lhe falou de Córcega, aquela ilha situada no Estado francés, na qual pouco menos che podiam pôr umha bomba se montavas um “Airbnb”. Pensa Antelo no negócio das bombas e da indústria securitária, pensa nas máfias todas que percorrem o Mediterráneo, mas nom deixa de ter certa admiraçom por aquela atitude dalgumhes corsos. “Que distinto seria todo aqui de tivermos esse caráter!” Depois reflete na surprendente paz das ruas de Compostela, com umha das maiores densidades de visitantes (em relaçom às habitantes) de Europa. “Nem carteiristas há!” Sonha Antelo por momentos com ser assaltante de caminhos, bruxo encaranado em carneiro polos carreiros do Caminho de Santiago, e em instalar um aviso em cada sinal do kilómetro: “Nom andamos com caralhadas, zona de passo complicado”. Depois, pola contra, imagina-se sendo um artista comprometido e distribuindo a sua obra entre os guiris, sendo admirado e amplamente difundido no regresso delis aos seus lugares de origem: imagina-se sendo famoso e nunca mais recepcionista frustrado.

Quando a Catedral começe a cobrar pola entrada, quer ele ser o que gerir o dinheiro para desviá-lo depois a grupos de assaltantes que poidam completar o imposto ao turismo.

Todo isso pensa Antelo, querendo tomar um café a mais nom tardar com Goretti e com Rueda, e temendo que poucos títeres tenhem cabeça e muitos ouros ficam nas covas.