A Rússia e Ocidente estám a ficar rapidamente sem margem de manobra para evitarem umha colisom militar frontal.

Por causa dos informes de que os Estados Unidos e o Reino Unido estám a piques de aprovar a utilizaçom de mísseis ocidentais para atacarem no interior da Rússia, o presidente Putin fijo onte os seus comentários mais agudos até a data, e afirmou que dita medida “iria mudar a natureza mesma do conflito”, e ia significar de feito que a NATO e a Rússia estavam “em guerra”. Advertiu aliás que a Rússia ia tomar “as decisons que considerar ajeitadas”.

Como resposta ao antes dito, o Primeiro Ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou: “A Rússia começou este conflito. Invadiu ilegalmente a Ucránia. A Rússia pode pôr fim a este conflito aginha. A Ucránia tem direito à autodefesa.”

A lógica militar para pôr a prova a determinaçom da Rússia neste assunto nom fica clara. Existem poucas razons para acreditarmos em que o recurso a mísseis de cruzeiro, deitados do ar, vai aumentar de maneira significativa as possibilidades ucraínas para vencer. Isto virou numha guerra de desgaste, na que os russos mantenhem avantagens significativas sobre a Ucránia em populaçom e em fabricaçom militar. Os russos estám a erodir a capacidade ucraína para pôr em andamento forças bem treinadas e equipadas, e os mísseis de cruzeiro nom vam mudar isto.

Em segundo lugar, os russos podem adatar-se às capacidades de ataque ucraínas de maior alcanço, como já se adatárom ao fornecimento de artilharia HIMARS e míseis projetados de terra, ATACMS. Transferiram depósitos de sumistros, por exemplo, e virárom mais eficazes na utilizaçom de medidas de guerra eletrónica para neutralizarem o armamento ocidental avançado.

Em terceiro lugar, para ter um impato real sobre a capacidade ucraína de causar danos em território russo, Ocidente teria que fornecer umhas grandes cantidades de mísseis de longo alcanço, muito mais que as pequenas cantidades de modelos de alcanço básico que, com os dados dos que dispomos, estám a considerar. Mas na verdade, é limitada a capacidade de Ocidente para fornecer tais cantidades, e o seu suministro ia provocar de maneira quase inevitável repressálias russas diretas.

Nom fica tampouco muito clara qual é a lógica política que se acha por trás da autorizaçom de ataques profundos contra a Rússia. Há poucos motivos para sermos otimistas no que diz respeito a tais ataques poderem pressionar Putin para finalizar a guerra, ou para o conduzirem para a mesa de negociaçons; ora, existem boas razons para temermos que ele amplifique as afirmaçons de que a Rússia luita contra a NATO e nom contra o povo ucraíno. Existem moreias de exemplos na história de bombardeamentos a grande escala que excitaram a resistência pública, e de facto assim foi com os ataques da Rússia contra a Ucránia, que ativaram o patriotismo ucraíno e as atitudes anti-russas.

Outra possível consequência imprevista é que a crescente letalidade do apoio militar ocidental ainda endureça as demandas russas em qualquer futura mesa negociadora. Quanto mais demonstrar Ocidente que está disposto a utilizar a Ucránia para bater em Rússia, mais vam teimar os russos numha vasta desmilitarizaçom como base para qualquer avinça.

E por outra parte, os riscos som bastante significativos em comparaçom com as escassas recompensas. O maior perigo é Rússia sentir-se obrigada a restaurar a dissuasom, quer dizer, a demonstrar a Ocidente que nom pode aumentar atreu a letalidade e as armas que fornece ao inimigo sem algumha resposta direta da Rússia. O próprio Putin vai ver-se pressionado no seu próprio país para tracejar umha linha dura com golpes claros contra objetivos ocidentais, preocupado com a possibilidade de Ocidente continuar o seu envolvimento até a Rússia nom term mais opçons do que umha guerra a grande escala contra a NATO. Isto é algo que Putin quer evitar às claras.

Que “medidas ajeitadas” poderia tomar o presidente russo? É muito pouco provável umha reaçom através da escalada nuclear. Em troca, si poderia aumentar enormemente os seus atuais atos de sabotagem na Europa, que até o de agora foram mais bem disparos de advertência: poderia fornecer mísseis e inteligência por satélite a Hezbolá ou aos Houthis; ainda, se sentir a necessidade de ir mais longe, atacar satélites ocidentais, que som chave para guiar os ataques ucraínos.

Apenas Putin sabe onde se pode tracejar umha linha dura. Mas dados os perigos dumha guerra direta direta entre as maiores potências nucleares do mundo, é bastante arriscado seguirmos pressionando para descobrir onde poderia estar essa linha.

A Rússia nom pode ganhar esta guerra incondicionalmente. Nom pode conquistar, ocupar, e governar todo o vasto território ucraíno, o que ia requerir umha força invasora e ocupante várias vezes superior ao tamanho do exército russo actual. Mas pode destruir Ucránia, deixando-a num estado disfuncional, de modo que nom poderia reconstruir-se aliar-se com ninguém.

Nom redunda em interesse de Ocidente nem de Ucránia dificultar o logro dumha avinça que preservar a independência da Ucránia e oferecer oportunidades para um futuro próspero.

O que Ucránia precisa desesperadamente nestes momentos nom som armas de longo alcanço. É um plano viável para lograr um final negociado que lhe der umha oportunidade realista de reconstruçom e prosperidade.

*George Beebe foi assessor governamental dos USA e diretor de análise sobre a Rússia. Este artigo foi publicado originalmente em Brave New Europe. Traduçom do Galiza Livre.