Poucos meses depois dum vizinho de Rianxo sentar nos tribunais por ter exigido atençom em galego na administraçom pública, novas notícias de abusos contra galego falantes dam conta da penosa situaçom dos direitos linguísticos. Em passados dias, duas cidadás lucenses denunciavam a segurança social por discriminaçom como galego falantes, enquanto umha professora de música era coacionada por utilizar a grafia galego-portuguesa.
Discriminaçom em Lugo
Organizaçons em defesa da língua, como A Mesa e AGAL, chamavam a atençom nestes dias sobre o acontecido a Miguel Vieito Villar e Cristina Fernández Lago, advogadas lucenses. No processo de tentarem tramitar umha consulta na delegaçom provincial do INSS, a resposta reiterada de parte do funcionariado do centro foi “Me tienes que hablar castellano si quieres que te responda. Aquí somos todos castellano-parlantes”.
Ante tal vulneraçom, e com ajuda dos seus conhecimentos jurídicos, ambos cidadaos anunciam que apresentarám umha demanda por “condutas discriminatórias graves”, que pode saldar-se para o organismo com umha multa de até 50000 euros. Segundo declarárom ante vários meios galegos, os advogados afirmárom que esta situaçom “nom é um feito isolado”. A própria Mesa pola Normalizaçom, que disponibiliza o sistema de denúncia A Linha do Galego, tem apontado que o maior número de casos registados de discriminaçom linguística se dá no trato com as administraçons do Estado. “A chantagem linguística para forçar os usuários de serviços a deixarem de falar galego está à orde do dia”, declarou o presidente da Mesa, Marcos Maceira.
Exclusom do galego-português
Justo no começo do ano letivo, chegavam notícias de outro caso gritante de discriminaçom. Isabel Rei Samartim, docente, música e veterana militante do reintegracionismo, denunciava num artigo que se via forçada a renunciar à chefia do Departamento de Guitarra do seu centro por nom assumir a orde de renunciar à escrita na norma internacional do galego. “Essa obriga afetaria todos os textos gerados por mim como chefa do departamento: atas, informes, cartazes de concertos, etc., que eu deveria redigir usando a norma ortográfica que a Conselharia de Educaçom ordena”, explica Samartim no seu artigo.
Além de se tratar dumha orde injusta, segundo aponta a docente, e continuadora dumha longa linha de pressons contra o reintegracionismo, trata-se dumha orde ilegal. Samartim explica que
“A ordem dada pela senhora Maria Elena Urtiaga Estevez, inspetora da Conselharia da Educação (…) é uma ordem ilegal. E, por isso, não deve ser obedecida. No atual Reino da Espanha, tal como estão as leis desde a Constituição de 1978, ninguém pode obrigar outra pessoa a usar esta ou aquela norma ortográfica. Porque as normas ortográficas não são objeto de lei.”
Seguindo as teses históricas do reintegracionismo, Samartim vinca na defesa da norma internacional como numha questom essencial, manifestando que “esta questão das letras é muito mais profunda, importante e decisiva do que puder parecer. Porque o enfraquecimento da língua escrita leva-nos a perder, definitivamente, a língua falada (…) Se o modelo escrito não for válido por não responder aos critérios científicos básicos e por cortar na prática as raízes internacionais, então tampouco haverá respeito pela comunicação oral.”
Isabel Rei, em congruência com o seu ideário, anunciou que renunciará à chéfia do departamento, e manifestou no seu artigo a importáncia de desobedecer a injustiça. Nas conclusom do seu artigo escreveu: “estas linhas finais estão dirigidas às pessoas do comum que, como eu, se preocupam diariamente com aquelas ordens absurdas que são impelidas, ou coagidas, a obedecer. Queridas e queridos: assumir a obediência é ficar sem língua.”