Está tudo pronto para que Balaídos acolha amanhá um novo jogo da seleçom galega, após oito anos de ausência motivada polo bloqueio político; será contra o combinado de Panamá, num encontro para o que se venderam já mais de 15000 entradas, e que será retransmitido pola televisom autonómica. Bancadas pola Oficialidade, que agrupa mais de 50 claques, já anunciou que a de amanhá será jornada reivindicativa. Dá-se assi continuidade a umha luita histórica.

Mais de cem anos de história

A que hoje se conhece como ‘Irmandinha’ é umha seleçom com mais dum século de vida, bem que intermitente polas muitas vicissitudes políticas que atravessou a Galiza. Quatro décadas de ditadura fascista, mais outras quatro de domínio institucional praticamente incontestado da direita espanhola, fixérom impossível que o país normalizasse a sua vida desportiva em competiçons internacionais.

As primeiras notícias que temos dum combinado masculino galego retrotraem-nos a 1922/23, no contexto da ditadura de Primo de Rivera; no ano 1922, e no contexto dum chamado ‘Campionato Interregional’, a Galiza debutou no campo viguês de Coia, e derrotando umha seleçom espanhola chamada ‘Federaçom Centro.’

Houvo mais jogos da Galiza em Riaçor a finais da década de 20, e ainda em Espanha, o nosso país volveu jogar contra umha chamada ‘seleçom centro’ em 1930; mais concretamente no estádio de Chamartim, num encontro solidário com o fim de recadar fundos para as famílias danificadas polo naufrágio de quatro pesqueiros em Bouças.

Jogo na Corunha na década de 30

Aliás de encontros menores, o combinado galego teria outra importante cita no verao de 1936, finalmente gorada: tratava-se da participaçom da seleçom do país na Olimpíada Popular de Barcelona, com a que um comité popular pretendia respostar aos Jogos de Berlim, organizados polo nazismo. O golpe de Estado e guerra posterior impediu este jogo, e obrigou vários dos futebolistas a participarem no conflito, muitos deles nas fileiras republicanas.

Auge reivindicativo dos 90

Na década final do século passado, várias circunstáncias confluem para relançar a possibilidade dum combinado galego de futebol: o auge independentista chegara já aos estádios do país, com grupos de siareiros claramente nacionalistas, como Celtarras em Vigo, Fende Testas em Compostela ou Grei Gentalha na Corunha; a extensom do movimento bravu e da música na nossa língua, que apoiava decididamente as seleçons nacionais, deu pé também a diversas iniciativas: nasce assi Siareiros Galegos, e o primeiro número da revista “Bravú” vem acompanhado dum album musical intitulado ‘Selección Xa!’. A reivindicaçom nas ruas da oficialidade, junto com a celebraçom de encontros nom profissionais, marcou os primeiros passos.

Debuta a Irmandinha

Com o novo século e um governo bipartido participado por nacionalistas, a seleçom galega de futebol fai-se realidade, baptizada agora como a Irmandinha, e com um uniforme de seu. O seu debute foi em dezembro de 2005 no estádio de Sam Láçaro, em Compostela, num estádio ateigado e cheio de estreleiras, ante o combinado do Uruguai, e com umha vitória para a Galiza. A Irmandinha ainda desputaria jogos em 2006 (em Riaçor contra Ecuador), em 2007 (em Balaídos frente a Camerum) e por última vez em 2008 (em Riaçor contra Irám).

Em todas estas jornadas, a convocatória de manifestaçons prévias por parte de Siareiras Galegas foi relevante, juntando milhares de pessoas, mormente novas, nas ruas dessas cidades do país.

Mobilizaçom de Siareiras Galegas em 2005, Compostela

Suspensom política e voluntariado

A recuperaçom do governo da Xunta por parte da direita espanhola em 2009 suspendeu toda ajuda autonómica ao combinado nacional, o que obrigou o movimento popular a tomar o relevo: Siareiras Galegas começou a organizaçom de encontros anuais entre umha seleçom mixta de homens e mulheres, formada também por nom profissionais, a prol da oficialidade. Estes jogos tiveram o mérito de serem organizados sem ajuda federativa nem institucional, e mesmo enfrentando o bloqueio de equipas galegas de primeira e segunda, e também de árbitros, que nom cediam jogadores nem pessoal.

Recuperaçom parcial

A última possibilidade de assistir a um encontro institucional da Irmandinha foi em 2016, quando a Federaçom Galega de Futebol convocou um jogo ante Venezuela em Riaçor. Foi porém um encontro isolado, sem continuidade, e sem vontade de defender a competiçom internacional por parte de Rafael Louzán, presidente da FGF.

A volta da Irmandinha neste 2024 suscita esperanças e muitos interrogantes. Bancadas pola Oficialidade manifestou em comunicado a pouca vontade demonstrada pola FGF, escolhendo para o jogo um dia laborável coincidente aliás com encontros de play-off. Com isso e contodo, a coordenadora de entidades congratula-se do retorno da seleçom e aproveitará para pular pola oficialidade.