*Segunda parte da nossa traduçom do texto que dirigia Fuco Gomes, em nome do independentismo galego, à ONU em 1946.
Seram capazes o ex-governantes republicanos de restaurar a referida república, se para votar por ela nom logram enganar novamente, em momentos de extremada angústia, os povos subjugados por Espanha ou se as potências democráticas do mundo nom lha colocam em maos a tales políticos, que de suceder isto último, nom tardariam em dar ao traste outra vez com ela? Há algum feito histórico que poda servir de base para afirmar que o falangismo é um regime contrário ao carácter espanhol e às tendências hispanistas que uns e outros defendem? Chegariam os espanhóis republicanos a contribuir para a soluçom do problema das nacionalidades peninsulares, se como medida prévia para a derrocar a Franco se aceitasse a implataçom dumha III República hispanista?
Quem quiger entender -dixo o Doutor Nicolás Murray Butter- o presente e espere umha ciência genuína do futuro nunca terá de antemao que estudar as lecçons do passado… Isto último é o que nunca quiseram ver os chamados democratas espanhóis; pois para poder enganar de novo e conseguir volver fazer das suas no futuro, som eles os que mais interessados parecem estar em tender um pano de fume sobre o passado e em que nom se tenha em conta para as liçons de ontem, porque sabem moi bem que armas que eles puseram em maos das direitas para poderem triunfar plenamente nas primeiras eleiçons da República do 31, foram muitíssimas e muito poderosas, Alguns dos feitos que constituíram tales armas estám enumerados num manifesto que os Comités da Confederaçom Obreira de Galiza publicaram na Corunha, em novembro do 1933, do que textualmente copiamos o que segue:
Ainda depois da atuaçom incivil e inumana dos governantes republicanos nom há quem se atreva a estabelecer distinçons entre os que se deram em denominar DIREITAS e ESQUERDAS. Poderia explicar-se-nos em que se diferençaram até agora umhas das outras?
Se a monarquia foi possível, por medo insuperável, o assassinato de Galán y García Hernández, que precipitou o seu derrocamento, com a república vivemos a monstruosidade de Casas Viejas, de triste recordo, que marca o princípio do fim de outro regime.
Se a monarquia aprovou a vergonhenta “Lei de Jurisdiçons”, a república deu-nos a funesta “Lei de Defesa”.
Se a monarquia amparou a aplicaçom da Lei de Fugas, igual sinistra aplicaçom teve com república, no Parque de Maria Luisa de Sevilha e nas ruas de Barcelona.
Se a monarquia permitiu a organizaçom de mercenários com o nome de somatenistas, hoje, em república, aguantam com nome de “escamots” ou porristas, armando-se ao amparo dos mandons.
Se com a monarquia os elementos repressivos dependentes do Ministério da Governaçom gastaram 290 milhons, hoje com a república, subiram a 417, com um aumento de 127 milhons.
Se o balanço de assassinatos de operários ascendeu a 400 no período monárquico de 1920 a 1923, o da república soma, no seu breve “reinado”, 340 mortos, 1.124 feridos e 9.000 presos.
Todo este tributo de sangue, dinheiro e atropelos à dignidade humana recaiu sobre o povo que trabalha, seja este obreiro do cérebro, seja-o do músculo, trabalhador especializado ou industrial médio, urbano ou campesinho: todos passamos pelas amarguras que nos produzem os traficantes políticos de direitas e esquerdas.
Se a monarquia foi possível, por medo insuperável, o assassinato de Galán y García Hernández, que precipitou o seu derrocamento, com a república vivemos a monstruosidade de Casas Viejas, de triste recordo, que marca o princípio do fim de outro regime.
Até aqui o que copiamos do referido manifesto que obra no nosso poder e que está a disposiçom de quantos desejarem lê-lo na íntegra. Agora veja-se mais adiante como as cifras e os fatos em que as direitas basearam as suas propagandas contra os governantes republicanos nom som menos eloquentes que os anteriores. Foi a princípios do 31 quando na imprensa espanhola temos lido isto outro que transcrevemos ao pé da letra e que diz assim:
Em 1930 nom existia o paro operário: em 1934 há 800,000 obreiros parados. Em 1930, o pressuposto de guerra ascendia a 350 milhons de pesetas. Em 1934 ascende, depois de ter expulso a milhares de chefes e oficiais, a 400 milhons. Em 1930, os interesses da Dívida Pública eram de 900 miilhons; em 1934, de 973 milhons. Em 1930, as Classes Passivas consumiam 141 milhons; em 1934, 284 milhons. Em 1930, o orçamento do Ministério de Governaçom era de 260 milhons; em 1934, de 416, destinada a diferença a aumentar forzas armadas. Em 1930, o orçamento do Ministerio de Agricultura era de 25 milhons; em 1934, de 123 milhons, destinados exclusivamente à burocracia. Em 1930, o pressuposto do Ministério de Trabalho era de 37 milhons; em 1934, de 84 milhons, destinados ao aumento da burocracia, assim mesmo.
O pessoal do Estado, de qualquer classe e condiçom que fosse, cobrava por todos os conceitos, no orçamento de 1930 a quantidade de 1.132 milhons; e no de 1934, cobrará 1.432 milhons, com um aumento total para empregados, de 300 milhons anuais. Em 1930, o orçamento do Estado nom tinha défice; o de 1931 e o de 1932 tiveram um déficit cada um de 650 milhons de pesetas; o déficit de 1934 chegará aos 800 milhons. Comparados os orçamentos de 1930 e 1933, este último tem um aumento anual de 1.089 milhons.