Caminhamos pola beira do monte e observa-se a cidade ao longe. É noite, e a lua é apenas umha físgoa ao lado do Pedroso, como se estiver a chiscar o olho o céu para cada umha de nós. As demais iluminaçons som já artificiais, mas vistas desde fora semelham vagalumes vivendo a sua própria existência.

Há quem passeia de noite na cidade ou na praia, na prisom ou no hospital. Se bem o habitual na nossa sociedade é fazê-lo polo simples feito de passear, houve sempre quem passeia polo monte por inumeráveis motivos, de índole pessoal ou coletivo, muitos deles que se afastam do raciocínio habitual. Houve quem passeia ou passeou para fugir dalgo, para conspirar, ou para vigiar ou contra-vigiar. Há quem passeia para sandar feridas, e quem cai num absurdo bucle de soidade como umha “ánima em pena”, do mesmo jeito que há passeios coletivos e passeios curativos. Houvo passeios mais inocentes que outros, mais espontáneos ou mais planificados. Podemos imaginar a vida das guerrilheiras como um vida na que o passeio, mais ou menos às agochadas, fora umha constante, do mesmo jeito que logo foram passeados para ser assassinados polo poder na etapa franquista.

Em geral, os passeios som bons para relaxar, mas também para reflexionar ou para imaginar. O passeio em si mesmo está considerado umha atividade que convida à calma, à conversa com a outra ou cumhe mesme, à criatividade, à escrita, ao desejo… Acho que o dito de: “vai passear a ver se aclaras as ideias” está bem fundado, sabendo que “as ideias” passeiam também dentro das nossas cabeças, às vezes atoladamente, às vezes paseninhamente. Passear nós pode que faga que estas o fagam a um ritmo mais ajeitado e saudável. Estám os passeios e mais as ideias nestes tempos colonizadas tecnologicamente, e algumhas médicas aconselham passear sem telefonia presente durante ao menos umha hora ao dia. Coa tendência atual, chegará a ser um avanço passear somentes com um telefone móbil que usemos como suplente de outro ou outros telefones mobiles que usemos na nossa quotidianidade. Passeando é como se conhecem os carreiros, os atalhos e os obstáculos do território que habitamos, e bem pode servir para darmo-nos conta de erros e acertos. O ideal seria passear livres sem cadeia algumha nem de tecnologica nem de medos, saber caminhar na escuridade tam bem como na luz do dia, com a dor que for (física ou psicológica) ou sem ela, e com a olhada posta num futuro libertário. Quando menos, que alguém leia galizalivre.com mentres faça um desses passeios.