Se bem a imprensa empresarial pujo os seus focos muito longe deste feito, entre os dias 15 e 17 de maio tivo lugar em Bruxelas umha conferência bem significativa. Com a legenda “Beyond Growth” (além do crescimento) as principais forças políticas europeias e a alta burocracia do continente pugérom acima da mesa a “caducidade” dum modelo económico baseado no crescimento, dada a iminência do colapso ambiental. Entre as conhecidas propostas dum “capitalismo verde” e as mais atrevidas propostas decrescentistas, o debate sobre o crescimento ultrapassa os foros alternativos e chega às altas instáncias do poder.

Von der Leyden, presidenta da Comissom Europeia, inaugurou há apenas dez dias a conferência “Beyond Growth” com umha mençom ao histórico documento “Os limites do crescimento”, elaborado há 50 anos a instáncias do Clube de Roma por parte dum grupo de cientistas de primeira linha do MIT estadunidense. Com cinco décadas de retraso ante as advertências daquele comité de sábios, parte das autoridades políticas assumem agora as teses: “o crescimento indefinido de economia e populaçom nom pode ser aturado pola base biofísica do Planeta.” Cuidando, como é usual, nomear a palavra capitalismo e evitando o seu questionamento, Von der Leyden reconheceu porém que “é clara a mensagem de que um modelo de crescimento baseado nos combustíveis fósseis é simplesmente obsoleto. Isto foi confirmado umha e outra vez.”

A novidade

Segundo o portal ambientalista Revoprosper, encontros semelhantes tenhem sido celebrados em instáncias europeias em passados anos, mas o alcanço e unanimidade desta cita mostram umha mudança de paradigma: em 2018, quando se organizou um econtro com a mesma temática, o único comissário europeu que quijo assistir tivo que assistir clandestinamente, “por nom ter a correspondente autorizaçom institucional”.

Nesta ocasiom, e apesar das reservas da imprensa comercial na hora de publicitar o evento, o Parlamento Europeu reuniu mais de um milhar de pessoas procedentes de distintos campos, todos eles no que podemos considerar a crítica verde dentro dos limites do capitalismo. Cientistas, académicas, ONG e movimentos populares nom anti-sistema, comparecêrom no acto, forçando em certa medida a um pronunciamento público de Von der Leyden, e também de Roberta Metsola, presidenta do Parlamento Europeu.

Contradiçons

Os conteúdos do debate revelam, porém, o autêntico desprezo político institucional ante o repto que vive a humanidade; pois mesmo as advertências da comunidade científica e do decrescentismo mais conciliador com o capitalismo merecem orelhas moucas da grande burocracia europeia e dos dirigentes partidários. Ainda apesar dum ambiente marcado polo protocolo institucional, as intervençons de alguns dirigentes europeus fôrom respostados por apupos do público, nomeadamente quando se referiam a um ‘Green New Deal‘ que a ciência demonstrou já impossível.

Para além do espaço estrito da conferência “Beyond Growth”, umha cientista fazia público um apelo desesperado à consciênciaçom e à mobilizaçom social, advertindo da ignoráncia da casta política.

Comunicado de 18 eurodeputados

Assim como o ecologismo, movimento social espalhado nos anos 60, se fijo um motivo ideológico central em todo o leque político, de esquerda a direita (e em muitos casos mais formal que real), neste século XXI, teses como “crescimento zero” ou “decrescimento” vam entrar provavelmente no vocabulário da acçom colectiva, desde os movimentos de base até as instáncias do poder.

Assim o prova, sem ir mais longe, o comunicado lançado por 18 eurodeputadas e eurodeputados de cinco partidos europeus: Verdes, Esquerda, S&D, Partido Popular Europeu e Renovar Europa. Pola primeira vez na história, pede-se de modo transversal no Parlamento Europeu “a adopçom de outro modelo económico”. No comunicado exige-se “abandonar a focagem daninha baseada no crescimento económico como única base do nosso modelo de desenvolvimento”. Para os redactores do texto, estamos a entrar já num “aquecimento global catastrófico”, e a desfeita da biodiversidade alcançou um nível que “coloca riscos para a nossa saúde, as nossas economias e as nossas sociedades”. Apontoando umha consciência de crise que já é transversal a todas as famílias políticas, as assinantes apontam que “o modelo económico actual é de seu inestável e propenso às crises” e “vulnerável às comoçons”.