Por James Petras (traduçom do galizalivre) /
Cada ano mais de 30 mil pessoas morrem em EUA por arma de fogo. Todos os meses, em escolas públicas, clubes nocturnos, locais de concertos, lugares de trabalho e reunions públicas, gente inocente é abatida por assassinas com armas semi-automáticas de alta potência adquiridas legalmente. A National Rifle Association (NRA), umha organizaçom de 3 milhons de membros, apoia e patrocina acesso gratuito e fácil a armamento de nível militar. A grande maioria das legisladoras, presidentas e juízas dos EUA apoiam a posse das próprias armas responsáveis dos massacres.
A questom é por que o sistema político dos Estados Unidos lamenta a freqüente ocorrência de massacres com tiroteios e, no entanto, volta-se e apoia o processo político que torna possível estes assassinatos? O tamanho, alcance e duraçom dos massacres exigem que examinemos as características sistêmicas de longo prazo da economia política dos EUA.
A Política das Guerras: massacres no exterior como o heroísmo “Todos os americanos”
O governo dos EUA envolveu-se em múltiplas e sangrentas guerras nas que massacrou milhóns de civis – incluindo famílias inteiras nas suas casas – que nom representavam nenhumha ameaça imaginável para o povo americano. As guerras representam o sucesso da destruiçom e da morte como um meio para o avance dos programas políticos dos EUA. As criminosas de guerra som honradas. Os conflitos políticos domésticos e os problemas sociais som resoltos com a destruiçom de inimigas inventadas e naçons inteiras.
Numha economia política onde líderes democraticamente eleitss perpetram massacres no exterior, quem pode questionar o comportamento dumha “sociopata de bairro” que segue meramente as práticas de seu presidente? Isto nom deve surpreender ninguém: os massacres a grande escala no exterior, promovidos polas nossas líderes, reflitem-se em massacres domésticas desencadeados pola “tola” local.
Os meios de comunicaçom de massa: as armas falam, os assassinatos decidem e os mídia beneficiam-se
Todos os dias, a cada hora, em todos os meios de comunicaçom, as armas e as matanças dominam as mentes, pensamentos e fantasias (ou pesadelos) das telespectadoras, especialmente as milhons que absorvem a “mensagem”. Filmes, programas de TV e jogos de computador estám saturados de conflitos resolvidos polas armas, matando vítimas – quer polícias quer civis. Os problemas som resolvidos através da violência.
A mensagem dos meios de comunicaçom de massa é que as vitórias provêm de assassinatos em massa.
Guerras e assassinatos som retratados numha ampla variedade de cenários: residências, edifícios e escolas públicas, locais de trabalho, ruas e centros comerciais.
Se as guerras e os massacres som essenciais neste sistema político, os meios de comunicaçom de massa asseguram que ele permeia e se normalize nas mentes das massas.
Economia
As armas usadas nos massacres representam um negócio muito lucrativo: as fabricantes, atacadistas, varejistas, clubes de armas e organizaçons policiais e militares prosperam neste mercado livre do homicídio. A indústria das armas prospera com as guerras e as mensagens dos mídia – e com o consumo de massa. As líderes políticas confiam na economia das armas para financiar as suas campanhas eleitorais. A caste política aprova as guerras, as indústrias armamentísticas e as associaçons. Elas perpetuam as condiçons para os massacres. O grande negócio é protegido contra massacres em casa, escola e jogo. Por que as executivas e as elites políticas se haviam de preocupar com os massacres de escolas públicas quando as suas próprias crianças estám seguras em caras escolas privadas? Afinal, os votos e os lucros estám em jogo. Somente as “perdedoras” enviam as suas crianças para as perigosas escolas públicas. As “vencedoras” têm umha alternativa segura …
Alternativas
Som essenciais mudanças na economia política para enfrentar o número epidémico de massacres com tiroteio.
1 Substituir a política de guerras imperiais pola promoçom da diplomacia, as negociaçons e a resoluçom pacífica de conflitos.
2 Substituir a cultura das armas dos mídia por valores culturais de solidariedade e comunidades seguras e publicamente comprometidas.
3 Substituir a mania por possuir armas de nível militar entre civis por umha visom da vida própria construída em torno a um ambiente saudável compartilhado entre umha vizinhança socialmente comprometida.
4 Ilegalizar ou regular os clubes de armas e milícias – abolir a venda de armas de nível militar usadas nestes massacres. As armas usadas para prática de tiro e caça som diferentes das armas de guerra usadas para matar dezenas de crianças pequenas amontoadas nas suas escolas.
Abordagens falsas e positivas aos massacres
O presidente Trump propuxo armar o professorado das escolas como umha “soluçom” para os massacres. Esta é umha alternativa bizarra que só irá exacerbar a propagaçom de armas, encorajar mais tiroteios e massacres, prejudicar o papel do professorado como educador e criar novos “modelos” para as possíveis assassinas. A proposta de Trump também ressalta o profundo desprezo da sua administraçom polo papel da educaçom pública e das educadoras públicos na construçom dumha sociedade saudável. A sua tendência para culpar as vítimas … «se apenas as professoras estivessem armadas …» mostra o grotesco do darwinismo social inerente à sua ideologia enquanto procura destruir completamente o sector público. As crianças da elite e das políticas nom têm que comparecer às aulas de francês ou de cálculo impartidas por um professorado armado. Dacordo com a lógica de Trump e a elite política e económica, os tiroteios nas escolas públicas apenas sublinham a necessidade de dissolver os Departamentos de Educaçom em todos os níveis, bem como todos os serviços públicos nesta naçom.
O professorado deve poder concentrar o seu trabalho na educaçom do alunado para se tornar cidadás produtivas e competentes que apreciem a comunidade e a cooperaçom por cima das armas e a guerra. Deve formar estudantes que possam avaliar criticamente o papel dos meios de comunicaçom de massa na promoçom da violência. Deve fornecer ao seu alunado habilidades civis para se mobilizar contra líderes políticas que aceitaram subornos (“doaçons”) das adoradoras da morte, como a NRA.
As organizadoras comunitárias podem boicotar as empresas que fornecem apoio político e material a apologistas da guerra, milícias e outras extremistas das armas para parar a violência.
A legislaçom nacional deve ser aprovada, limitando as armas de fogo a áreas e eventos muito específicos, como clubes de tiro ou caça.
As proprietárias de armas individuais devem obter licença com base em critérios psicológicos rigorosos e a sua renovaçom deve ser freqüente. O exército dos EUA deve informar as autoridades civis locais de qualquer comportamento criminal violento das suas soldadas dispensadas; nom podem simplesmente liberar umha “bomba de relojoaria” na populaçom civil que elas juraram proteger. A doença mental é um problema de saúde pública e os fundos públicos para hospitais e instalaçons dedicadas a identificar e tratar indivíduos devem ser aumentados. As pessoas com doenças mentais nom devem ser armazenadas em prisons ou abandonadas nas ruas.
Negociantes de armas e mostras de armas devem ser regulamentadas e forçadas a seguir procedimentos ou enfrentar penalidades.
As caçadoras devem usar armas adequadas à actividade que estám a praticar. As armas de fogo semi-automáticas nom som apropriadas para caçar cervos, coelhos ou peru. As armas semi-automáticas som usadas para caçar e matar seres humanos, incluindo crianças desarmadas nas suas escolas.
Conclusom
As mudanças culturais, políticas e económicas podem ocorrer com o tempo, mas exigem grandes e sostidas lutas. Entretanto, devem ser implementadas reformas de curto prazo que regulem e reduzam a freqüência e a fatalidade dos massacres locais.
O cenário onde a polícia acordoa o lugar dum tiroteio, impedindo pessoal médico e de “primeiros auxílios” entrar rapidamente para estabilizar pessoas feridas, enquanto se protege a si própria – um processo que pode demorar mais dumha hora e levar as mortes evitáveis por perda de sangue tratável, deve ser exposto e corrigido. “Os minutos de ouro”, o momento em que as vítimas feridas podem ser estabilizadas mediante medidas de emergência rotinárias e transferidas para instalaçons de nível superior para cirurgia salva-vidas e substituiçom de sangue perdido, estám sendo desperdiçados enquanto as “Equipas SWAT” se preparam e “asseguram o perímetro” através dumha série de manobras coreografada para garantir a “protecçom da força” (um eufemismo para proteger a polícia). A taxa horrível de mortalidade nesses tiroteios, 100% das vítimas jovens na Escola Primária Sandy Hook, é um escândalo – especialmente em vista do silêncio que se seguiu. Claramente, as forenses e policiais locais e estaduais estám a encobrir informaçom sobre o papel que tivo em tal alta mortalidade o impedimento à entrada rápida de médicos de emergência. Umha investigaçom independente deste deliberado atraso policial na prestaçom da atençom de emergência deve ser umha prioridade.
Praticamente todos os massacres escolares foram cometidos por indivíduos conhecidos pola polícia ou pola comunidade por comportamento errático e violência doméstica. O conhecimento da polícia local ou da família de que esses indivíduos dementes e homicidas tinham acesso a armas de fogo de nível militar e nom agírom ante reclamaçons repetidas requer umha investigaçom independente a nível estadual e federal. As leis e estatutos relativos à hospitalizaçom preventiva ou à detençom de tais infractores instáveis devem ser aplicados. Deve haver umha comissom nacional para investigar o estado dos recursos para o tratamento da saúde mental nos EUA. Está muito atrasado. Antes de exigir que o professorado de escola se arme, devem ser estabelecidas instalaçons de saúde mental de qualidade a nível estadual e local. Nom avonda simplesmente com armazenar as pessoas com doenças mentais nas prisons locais por delitos de contravençom e logo ceivá-las de novo à rua sem apoio.
A escolas públicas e o professorado devem ser apoiados. As décadas de políticas de deterioro dos serviços públicos básicos, como a educaçom pública, a favor da “escolha da escola” – um eufemismo para privatizaçom da educaçom – e tornar a educaçom um privilégio para as ricas e nom um direito das cidadás livres – deve ser revertida. Em vez dumha professora solitária numha sala de aula (de preferência armada – dacordo com o presidente Trump e a NRA) com quarenta estudantes, cada sala de aula deveria ter três docentes competentes trabalhando juntas para garantir que o alunado avance nos vários assuntos necessários para o seu futuro como cidadás livres e produtivas. É um escândalo que o Departamento de Educaçom dos EUA e sua Secretaria de Educaçom estiveram ausentes e em silêncio após os frequentes massacres escolares. No entanto, nom é surpreendente, considerando as prioridades do alto funcionariado do Departamento de Educaçom que procede da elite e, no caso da actual secretária Betsy DeVos, da classe bilionária. Elas nunca entrárom num centro educativo público. As suas crianças ou bem som “educadas na casa” com titorias privadas ou bem assistem a elitistas academias privadas. As suas políticas de deterioro da educaçom pública refletem a sua hostilidade ideológica para qualquer noçom de bem-estar público. Trump está a culpar o professorado da escola por estar desarmado nas suas escolas mostra com mais clareza o seu próprio desprezo da educaçom pública e das famílias trabalhadoras e de classe média que confiam as suas crianças aos sistemas de educaçom pública em todo o país.
Estes eventos ocorrem no espaço público, um espaço umha vez de confiança e gratuito para todas as cidadás livres – as escolas públicas têm sido a base para proporcionar umha cidadania livre e produtiva. Nom é por acaso que as massacres com tiroteios ocorram exclusivamente nas escolas públicas. As valiosas crianças da elite estám seguras nas suas casas-fortaleza e escolas privadas altamente seletivas. O seu professorado altamente qualificado é livre para ensinar, despreocupado de armas ocultas ou qualquer interrupçom por qualquer treino de “atirador ativo”. Estas crianças têm futuros garantidos.
A situaçom das crianças da classe trabalhadora e média é muito mais incerta. O acesso a umha educaçom de qualidade já nom é um direito e um dever para cidadás livres e produtivas e as suas famílias. No máximo, a juventude pode ter “acesso a empréstimos educacionais” com taxas de juros usureiras que as condean a décadas de dívida escravizante, enquanto o alunado das classes ricas é livre para prosseguir a sua carreira e desenvolver o seu talento. Enquanto a deterioraçom das perspectivas de futuro para a juventude dos EUA continua, com as mudanças maciças da riqueza nacional para a elite, estes massacres, bem como suicídios, mortes por sobredose e guerras domésticas e internacionais só crescérom. Há um contexto sociopolítico no qual isto ocorre: decisons feitas deliberadamente no topo gera horror e caos na base.
Há umha base de classe para os pesadelos que assediam os pais e mais da classe trabalhadora e média, professorado e estudantado em todo o país. Segurança, educaçom e sanidade de qualidade som cada vez mais o domínio privado e exclusivo da elite. As políticas orientadas para a elite, começadas com o governo do presidente Ronald Reagan, alicerzárom a dissoluçom das instalaçons públicas de saúde mental e a liberaçom em massa de indivíduos vulneráveis, instáveis, bem como violentos, em comunidades nom preparadas. Aquelas que sofrem com as conseqüências dessas políticas nom significam nada para as classes políticas dirigentes, com excepçom das fotos oportunistas em funerais. As políticas orientadas para a elite, implementadas sob as administraçons bipartidistas dos presidentes Bill Clinton, George Bush, Jr., Barack Obama e Donald Trump, estám a promover a agenda de destruir o sector público e privatizar a riqueza e as instituiçons da naçom.
A reduçom maciça de impostos, derivada do projeto de lei fiscal aprovado por Donald Trump, representa um ingresso imprevisto de mais de um bilhom de dólares para a classe investidora (elite das finanças) à custa das instituiçons públicas e redes de segurança que servem as classes trabalhadoras e médias. A crescente incidência e a localizaçom e identidade das vítimas dos tiroteios nom som aleatórias: som definidas pola classe e refletem a perda de poder da cidadá. As vencedoras nesta guerra de classe derramarám lágrimas de crocodilo desde o topo em eventos dos mídia, enquanto ridicularizarám as famílias das vítimas por confiarem nas instituiçons públicas.
As decisons, feitas no topo, que dérom origem a esta epidemia de tiroteios em escolas públicas, bem como as epidemias paralelas de suicídio e sobredoses entre as classes trabalhadoras e médias, beneficiárom imensamente a elite. As bilionárias e as doadoras de ambos os partidos políticos nom têm incentivo para reverter o curso e implementar reformas ou políticas destinadas a devolverem os direitos das cidadás e o espaço público. Só aquelas pessoas amigas, famíliares e vizinhas das vítimas de classe trabalhadora e média, aquelas que som secretamente vistas como “perdedoras que escolhem enviar as suas crianças a instituiçons públicas”, podem unir-se para mudar isto e trazer a justiça social e económica para honrar a inocente morta e oferecer um futuro justo e digno às suas crianças. Nom se trata de armar o professorado, nem de embalar o alumnado mais novo em “cobertores à prova de bala”, enquanto a elite nos culpa polo nosso sofrimento desde a segurança das suas mansons. Compreender a base de classe desta crise ajudará a criar os alicerces das soluçons reais.
*Publicado em globalresearch.