Se bem a grande actualidade das luitas ambientais na Galiza está situada na invasom eólica, outras formas de extractivismo estám mui presentes e pairam no horizonte. Assim acontece com a mineraçom. Em 2018, um projecto da empresa ‘Recursos Minerales de Galicia’ apontava contra as serras e a vizinhança dos concelhos de Aviom, Beariz, Alama, Cerdedo, Cotobade e Forcarei. Após um momento em que a luita popular paralisou a tentativa, a plataforma SOS Suído-Seixo anuncia que a ameaça está de volta.
O valor do Suído
Os terrenos ameaçados enclavam-se na faixa sul da chamada Dorsal Galega, um sistema montanhoso contínuo que desce de Ortegal à fronteira galego portuguesa, dividindo a Galiza interior e costeira. Forma o limite das actuais província de Ponte Vedra e Ourense e é umha zona rica em mámoas, que atesoura aliás umha singularidade arquitectónica do País, os chamados choços ou refúgios de pastores. Vítimas da despovoaçom, estes concelhos padecêrom também nos últimos tempos a invasom eólica, o que os condenou a umha posiçom ainda mais marginal no conjunto da nossa Terra.
Projecto extractivista
O grupo Recursos Minerales de Galicia (RMG) é filial de SAMCA, umha empresa desvinculada do nosso país, sediada em Aragom, e que tem já quase sessenta anos de trajectória. É um dos principais grupos empresariais do Estado espanhol dedicados à extracçom de leonarditas e argila. Em 2018 pujo o seu foco de interesse na Galiza, apoiando-se na concessom de investigaçom que lhe dera a Junta no ano 2015, conhecida como Alberta I. A primeira mina, segundo denuncia a plataforma vizinhal, abriria um canal subterráneo no monte comunal de Doade, que iria atingir outros terrenos, como o monte da Lama Cega ou a Carvalheira de Porto Espinho. O risco do projecto, segundo apontava a vizinhança mobilizada, é que esta primeira incursom na zona permitiria a ampliaçom a áreas anexas. A instalaçom mineira ia situar-se a menos de dous quilómetros do Acevedo (Aviom), à vez que se procurava explorar, numha extensom de doze quilómetros, um jazigo de lítio. Toda umha mega-operaçom que iria atingir até cinco concelhos.
Cumplicidade autonómica e oposiçom popular
No que é mais um exemplo de conivência entre interesses empresariais e políticos, em 2018 a Conselharia de Meio Ambiente julgou que o projecto nom precisava de Informe de Impacto Ambiental, o que causou mal-estar em concelhos como Forcarei ou Aviom (governados polo PSOE e o PP, respectivamente). Tivo que ser outra entidade estatal, a Confederaçom Hidrográfica Minho-Sil, a que emitisse um informe desfavorável. A razom, o dano evidente aos cursos de água da zona. Lembremos que na Serra do Suído nascem cursos fluviais importantes, como o do Rio Ávia.
Em 2019, as e os comuneiros de Doade intervenhem na batalha legal e apresentam alegaçons: assinalam a carência dum estudo de impacto ambiental, mais gritante se calhar quando há proximidade a núcleos de populaçom, que se topariam a menos de 300 metros da mina. As perforaçons iriam afectar as trazidas de água, e o tránsito pesado e as voaduras com explosivos iam condicionar a vida da vizinhança.
Segundo a plataforma, “a oposiçom à ameaça mineira é maioritária”; no verao de 2020 sucedem-se as assembleias vizinhais, as reunions informativas e os roteiros de reivindicaçom. De tais dinámicas nasce a Plataforma SOS Suído-Seixo, que enceta dinámicas de colaboraçom com outras entidades da Galiza. Os frutos da acçom virám em forma dum êxito, embora provisório: a denegaçom do projecto, por parte da Junta, a finais do 2020, derivado da falta de informes de impacto ambiental favoráveis.
A ameaça retorna
Mas como informávamos neste portal há pouco mais de dous anos, a vizinhança recebia a notícia com “satisfaçom e prudência”.
Já naquela altura, além de SOS Suído-Seixo, a plataforma ContraMINAcçom exprimira em comunicado o seu cepticismo: “a denegaçom à exploraçom é umha manobra para eludir a justiça’, afirmou a entidade em nota de imprensa. A plataforma também manifestou a sua preocupaçom por um “possível recurso da decisom’” por parte de Recursos Mineiras da Galiza. Nom seria descartável, continuava o comunicado, que se apresente umha nova solicitude sem incorrer “de maneira tam descarada’” em irregularidades e defeitos de forma. De ContraMINAcçom recordam também que existe um quadro legal que ampara abusos como estes, e que o movimento social baptizou como ‘Lei de Depredaçom da Galiza’, e que este portal analisava em profundidade em 2018.
Tristemente, o movimento popular nom se enganou: SOS Suído-Seixo alerta de que as sondagens de RMG voltam à zona, e preludiam um novo ciclo de resistência popular, do que deste portal seguiremos informando.