A imprensa galega de grande tiragem adoita recolher em grandes cabeçalhos as exigências dos blocos político-económicos mais poderosos e dos seus actores políticos, nomeadamente a frente PP-PSOE: um dos grandes motivos de aprémio foi, por exemplo, a conexom de alta velocidade da Galiza com Espanha, mais demorada que outras linhas peninsulares. Ainda, o leitor ou leitora tem que recorrer à imprensa portuguesa para conhecer a fundo reivindicaçons de outras elites, distintas às que mandam na Galiza baixo jurisdiçom espanhola. Assim acontece, por exemplo, coa conexom ferroviária galego-portuguesa.
Se bem nom mereceu espaço de grande destaque na imprensa galega, dirigentes do Eixo Atlántico instárom ao governo espanhol, segundo recolhem os meios além Minho, a agilizar os permissos do troço que falta da alta velocidade que teria que ligar a Galiza a Portugal.
Raquel Sánchez Jiménez, ministra espanhola dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana, vem de receber umha carta dos responsáveis do Eixo Atlântico, junto o alcalde e alcaldesa de Lugo e Braga pedírom informaçom mais completa “para licitar o estudo informativo prévio do troço que falta”, que arrancaria de Ferrol e que logo ligaria Porrinho a Tui e este com Portugal. De se clarificar este aspecto, aceleraria-se o projeto de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo, cuja abertura se projeta para dentro de sete anos.
Dito projeto foi apresentado em setembro do passado ano em Campanhã (Porto), e ligaria a Galiza directamente ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, e em geral a toda a rede ferroviária portuguesa; suporia um importante contraponto à orientaçom centralista espanhola que pom o nosso país a pouco tempo de Madrid, e porém nos arreda da vizinhança do sul. Num debate recente mantido na rádio portuguesa, especialistas em geografia económica confirmárom a importante achega “a um novo paradigma” que suporia esta linha.
Preocupaçom no Eixo Atlântico
O Eixo Atlântico, instituiçom nascida há mais de 30 anos, para agrupar os 39 concelhos fronteiriços a ambos lados da raia, está preocupado com o atraso em licitar: “que pode pôr em risco o objetivo, partilhado com o Governo português, de existir umha linha de alta velocidade Ferrol-Corunha e Lisboa”, recolhem as declaraçons na imprensa portuguesa. O secretário-geral da instituiçom, Xoán Vásquez Mao, afirmou que “podemos chegar ao absurdo de que nom se faga tudo o que é necessário por falta de financiamento, enquanto se devolve o dinheiro à Europa por falta de gestom”.
Muito além da economia
Se bem é certo que a alta velocidade ferroviária, que o ambientalismo considera ecologicamente insustentável, obedece a forças económicas poderosas que pretendem aumentar a mobilidade económica na área da velha Gallaecia, a proposta tem implicaçons muito amplas; abrem um eixo de interrelaçom distante de Madrid, e reafirmam velhos laços que som na realidade identitários, culturais e idiomáticos.
Há umha semana, Nós Diario recolhia as contudentes declaraçons do embaixador de Portugal na Galiza, João Mira-Gomes, que desmentiu que se tratasse apenas dumha conexom do país do sul com a cidade de Vigo. “Nós queremos conexom com a Galiza inteira”, dixo. “Cumprem duas pessoas para bailar”, declarou o responsável português, fazendo alusom indirecta às hesitaçons espanholas na hora de validar o plano.