Está a gente da Mocidade Pola Independência a organizar no espaço okupado Escárnio e Maldizer diversos cursos e atividades. Entre elas, está a organizaçom dum clube de leitura que sirva de espaço de debate e reflexom, e também, por que nom, de diversom arredor da leitura de géneros de todo tipo: poesia, novela, teatro, ensaio político…
Estám estes dias a abrir as portas desse edifício que o poder queria abandonado e arruinado para a especulaçom, e estám as jovens a propor leituras: O ano do pensamento mágico de Joan Didion, é a obra com a que arranca dito clube, no que qualquer pessoa pode participar sem mediaçom monetária algumha, com a vontade de construir e de estabelecer momentos de encontro e um lazer mais saudável e participativo que o que nos ofertam as instituiçons e o mercado festeiro.
Conhecer-se através dum curso do Escárnio e Maldizer significa conhecer-se boxeando, ou lendo devagarinho, respeitando os ritmos das outras pessoas. Significa confiar no compromisso e vontade dumha grande equipa de jovens organizadas, que tem muito que dizer e que tem muito que pôr patas para arriba. Significa que, bordeando o permitido, um edifício colhe vida e entom a leitura fai-se mais substanciosa.
Joan Didion é umha escritora da classe meia norte-americana, que na obra que proponhem desde o clube de leitura mistura o jornalístico com o lírico, o médico com o autobiográfico, o psicológico com o antropológico. A fala a profundidade desde o dó pola morte do seu companheiro, leva-nos a reflexionar sobre a incerteza da vida, os estados de shock ou os tipos de relaçons; mas também sobre as diversas formas de vida e morte e ritos associados. Quase por azar se decidiu falar no clube desta obra, como também às vezes quase por azar se chega a morrer ou a viver.
Tem bastante de formoso que estas propostas de leitura na época prévia ao natal nos levem à reflexom sobre a tristeza, a nostalgia ou outras emoçons que nom som as determinadas ou consideradas válidas na filosofia da vida rápida e do capitalismo feliz. Sempre está bem falar desde fora das redes sociais, sem sair nessa foto feliz de Instagram tomada 50 vezes. Para depois filtra-la através de discriminaçons de distinto tipo desde as diversas opressons que nos atravessam a algumhas mais que a outras dependendo de algo também tam azarado como, por exemplo, ter nascido homem ou mulher.