Um ano detido numha prisom polaca, em regime de isolamento, com limitaçom de visitas, e baixo inconcretas acusaçons de ‘espionagem’. Eis a situaçom de Pablo González, o jornalista basco activo em meios como La Sexta, Público ou Gara, que paga a suspensom de direitos implícita que reina em Occidente em tempos bélicos. O silêncio institucional europeu e espanhol é gritante, segundo denunciam fontes solidárias com González, nomeadamente se levarmos em conta que nem sequer existem acusaçons públicas.

Nesta semana sabíamos que a justiça polaca prorrogava mais três meses a prisom de González, que se verá na obriga de passar, no mínimo, mais um ano nas duras condiçons de isolamento na Polónia. Pablo González Yagüe, basco por parte de mae e com origens russas por parte de pai, nasceu na Moscova de 1982, neto das chamadas ‘crianças da guerra’ que foram acolhidas pola URSS com a vitória fascista no Estado espanhol. A sua liberdade de movimentos como jornalista foi aproveitada polas autoridades polacas para dizer, a primeiros deste ano, que era um ‘agente russo’. González é um jornalista especializado nos conflitos da Europa do Leste e do Cáucaso, e de facto já fora detido em Kiev, antes do início da guerra, acusado polas autoridades de ‘pro-russo’.

O tribunal regional de Przemsyśl, que leva o seu caso, apostou por fazer pública a prórroga do encarceramento, sem que curiosamente se saiba ainda de que é acusado o oficialmente cidadao espanhol. Desconhecem-se aliás que provas se manejam contra ele, e em que consiste a pesquisa que o mantém por trás das grades.

O único dado concreto que se tem sobre a sua detençom é apenas a qualificaçom do delito de ‘espionagem’, tipificado no artigo 130 do código penal da Polónia, que supom de um a dez anos de prisom para ‘quem estiver envolvido nas actividades de inteligência estrangeira contra a República da Polónia’.

Seis meses depois do seu encarceramento, González puido receber pola vez primeira umha visita da sua família; fontes da mesma manifestárom à imprensa comercial que ‘se acha física e animicamente bem’, ainda que as cartas escritas por Pablo, e recolhidas em redes sociais, registam deficientes condiçons de salubridade, permanência do isolamento (considerada umha forma de ‘tortura branca’), e ausência de mínimo bem estar físico; González tem que aturar temperaturas extremas de calor no verao e frio gélido no inverno.

Inibiçom espanhola

Se bem um dos advogados do jornalista, Gonzalo Boye, se reuniu com o cônsul de Espanha em Varsóvia e conseguiu-se o chamado ‘auxílio consultar’, a atitude genérica do governo de Pedro Sánchez foi a inibiçom ou, por outras palavras, a cumplicidade velada com umha detençom sem direitos: ‘O Governo de Espanha logicamente o que fai é respeitar o Estado de Direito de Polónia e, portanto, da justiça polaca, o mesmo que pedimos sempre respeitar a justiça espanhola e a de qualquer país da UE’, manifestou o presidente espanhol no verao. Por seu turno, a ministra de Defensa, Margarita Robles, revelou no parlamento que agentes da inteligência espanhola (CNI) visitaram o jornalista na prisom, mas negou-se a revelar mais dados.

Denúncia da vulneraçom de direitos

Várias vozes da imprensa e da judicatura tenhem assinado cartas e manifestos em solidariedade com González, e as queixas fôrom encaminhadas ao ministro de Exteriores, José Manuel Albares, ao ministro de Justiça da Polónia, e também à directora do gabinete do Parlamento Europeu em Espanha. A petiçom para González ser libertado acumula na plataforma Change.org mais de 42.000 assinaturas. Os escritos enviados polo movimento solidário acusavam a Polónia de ‘vulnerar flagrantemente o direito internacional e o direito comunitário da Uniom Europeia’, e exigia um pronunciamento público a Albares sobre o encarceramento. Acrescentava-se aliás que é alarmante que ‘um país membro da UE viole deste jeito os seus direitos fundamentais’.

As iniciativas solidárias tenhem-se desenvolvido por diferentes vias: os principais sindicatos do Estado espanhol publicavam um manifesto pola sua liberdade no verao; o Zinemaldi Alternativo de Donostia dava espaço a Oihana Goriena, a parelha de González, para fazer-se eco da sua situaçom; e a Asociaçom e o Colégio Basco de Jornalistas, sob a assinatura de sete profissionais, vem de somar-se à vaga de denúncia.