Apesar de estarmos a viver um Outono chuvioso, já ninguém ignora que a mudança climática está a submeter a nossa Terra a umha crescente pressom por secas periódicas; a escasseza severa de água golpeou a Galiza em vagas cíclicas nos anos 2012, 2017, e neste 2022 que andamos. Se bem a acçom institucional neste sentido semelha surda ou negligente, o movimento social começa a tomar nota para dar respostas para o povo: a Comunidade de Montes de Couso, em Gondomar, activa agora as ‘sementeiras de água’.
Dacordo com dados oficiais, um 36% da populaçom mundial vive em áreas que sofrem o chamado ‘estresse hídrico’, escasseza de água que incide na produçom agrária e cria sérios problemas alimentares e de saúde pública. A Galiza, sul da Europa atlántica, parecia fugir a este problema, mas as secas severas dos últimos lustros levam a prender a luz de alarma. Assim o recorda a Comunidade de Montes de Couso, que adverte que, doravante, ‘a procura de água será mais alta do que a quantidade disponível durante um período determinado’.
Desde os montes de Gondomar, no coraçom do Val Minhor, som cientes de que se trata dum problema geral, mas este ‘precisa estratégias locais’, segundo afirmam no seu comunicado. É por isso que a paróquia de Couso pom em andamento o seu ‘inovador plano para proteger e alimentar os seus aquíferos, para combater o estresse hídrico que se padece na época estival’.
A técnica e as fases
Qual é o repto que se apresenta? Os e as comuneiras apostam em ‘sementar água’. A expressom refere-se à utilizaçom deliberada dumha técnica que quer ‘evitar as escorrentias superficiais que devolvem de imediato a água da chuva ao mar, e favorecendo as escorrentias subterráneas’. Estas, pola contra, alimentam os mananciais, armazenam grandes volumes de água, e retrasam a chegada das águas aos rios e ao vizinho oceano.
A Comunidade de Montes vem de apresentar o seu plano de acçom, que se divide em fases específicas. Na primeira delas, procurará-se estabilizar a água caída da chuva mediante regos de infiltraçom, realizados por curvas de nível topográfico. Esta disposiçom do terreno mitiga a erosom e conduz as escorrentias cara níveis subterráneos, evitando as fugas massivas que som favorecidas polos terrenos mui costaneiros, como os que existem em Couso.
Os canais ou sucos conservarám um alto nível de humidade, o que facilitará a colonizaçom de fungos e bactérias que reforçarám a fertilidade do solo. Deste modo, as e os comuneiros terám maior facilidade para activar a agricultura regenerativa nestes espaços.
A fase seguinte consistirá no cultivo de distintas espécies (serradela, trevo, mostarda, centeio), com o alvo de acolchar, fixar e nitrogenar a terra, o que dará passo à criaçom do chamado ‘bosque comestível’. Esta última fase, definida pola permacultura, propiciará espécies fixadoras de nitrogénio e até 40 tipos de frutais. As e os comuneiros insistem em que, além de se dispor de ‘aquíferos mais abundantes e copiosos’, a paróquia ‘disporá dumha despensa natural e pública para se fornecer de frutas de temporada’.
Umha gestom referencial
A Comunidade de Montes de Couso está a erguer-se como um dos referentes no País num outro modelo de gestom florestal, aberta aliás à defesa dos valores da galeguidade. Foi premiada em várias ocasions polos seus cultivos alternativos, como o Shiitake, tem organizado jornadas de eliminaçom de eucaliptos, e está a pôr em andamento o Bosque da Língua, um espaço financiado polo patrocínio popular, que vencelha a preservaçom da biodiversidade com a defesa da língua. Numha entrevista mantida neste portal com Xosé Antón Araúxo, um dos responsáveis pola iniciativa, recolhiam-se as ideias força que os comuneiros plasmavam nesta iniciativa, fruto do esforço de base popular.