Quando ajudei a montar esse bar, fai 10 anos, queria que fugíssemos da precariedade, mas nom era só isso. Quando a saída mais singela para um jovem proletário é trapichear com drogas a maior ou menor escala, é que estamos a falar dum problema de fundo: um país em crise a muitos níveis e com muitos interesses na contra de que algo se mova. 

Fugíamos da precariedade na hostelaria montando esse bar, mas também, algúm de nós sonhávamos com comunidade, herriko tabernas à galega, espaços nossos e dinheiro para a causa. Eram tempos da Galicola, que pouco dava de si para a graça que fazia, mas por outro lado ainda hoje poderia seguir funcionando com o empenho de apenas umha pessoa.

Com o tempo, si quero dizer umha cousa. Pondo por diante o agradecimento de tantos chupinhos senlheiro que beberiam até os de El Correo Gallego, a companhia, a fidelidade da gente, a continuaçom da rua que vem sendo um bar em si mesmo, etc. Ainda pondo todo o anterior por diante, a dia de hoje nom deixo de pensar na frase de Guy Debord, nom se pode combater a alienaçom baixo formas alienadas.

Queríamos construir algo tam grande que nom reparamos no pequeno. Os nossos pais morrérom de alcoolismo, e se nom morrérom, ficárom danados para sempre. E semelha que no mundo, o único movimento alternativo que defende a sobriedade sem tabus é o zapatismo. E fam-no, sobretudo, desde o feminismo. Fomentam o bom trato. Cuidam porque se cuidam a si mesmas.

Este artigo nom quer ser apenas umha queija à comunidade mais próxima, mas também umha chamada à reflexom. Um nom tem o ideal de fechar espaços, mas de abri-los, para a festa e para a luita, para os cuidados e a autogestom.

O alcoolismo, o policonsumo de drogas que leva parelho a indústria de lazer noturno atual é o elefante na sala. Tal vez me equivoque, mas acho que nom compensa: danos mentais e físicos, enfermidade, morte, agravamento da incomunicaçom relacional. As depressons e transtornos agravados tenhem também um custo económico.

O companheiro, em paz descanse, Duarte Abad dizia daquele outro pub que “era um altofalante para o movimento”. Poderia sê-lo, claro que poderia, mas o álcool é veneno, é droga dura, como a cocaína ou o éxtase, nom nos equivoquemos. Tem que haver outras formas de arrecadar dinheiro, criar espaço social ou expandir cultura. Porque assim, na minha humilde opiniom, só ganha Espanha.