Será o 29 de outubro vindouro no local social da Associaçom de Vizinhas de Valom, em Trasancos. Após o parom do vírus, que forçou à paralisia a todos os movimentos populares do país, a Rede para o Decrescimento da Galiza, Eu-Návia e Berzo convoca os seus membros e a base social a umha jornada de debate e trabalho para enfrentar os tempos desafiantes em que já estamos. Para Miguel Anxo Abraira, com quem conversou este portal, ‘tristemente, os nossos prognósticos estám a fazer-se realidade nesta crise energética, ambiental e social’.

O Congresso levará por legenda ‘Alternativas ao conflito capital-vida’, e abrirá-se às 11 da manhá com umha feira de produtos de proximidade’; a continuaçom, debaterá-se a criaçom de novas ferramentas comunitárias no campo da comunicaçom, ligadas aos movimentos sociais que actuam em chaves ecologistas e decrescentistas; após a pausa para o jantar, a sessom do serao dedicará-se à apresentaçom de projectos organizativos e vitais à margem do sistema e modo de vida imperante. Para rematar, os especialistas Antonio Turiel e Carlos Taibo encerrarám o acto com umha palestra.

Programa do II Congresso da Rede para o Decrescimento

Sinérgias e formaçom

O Galiza Livre conversou com um dos organizadores e membro da Rede, Miguel Anxo Abraira, que nos explica os fins deste encontro: ‘após a paralisia dos anos do vírus, imos tentar procurar sinérgias neste Congresso com outras organizaçons que pensam e agem em coordenadas semelhantes’. Além da teoria, o encontro procura também dar exemplos de outras formas possíveis de intervir na realidade: ‘vai ser muito importante, continua Abraira, falar de experiências vitais e organizativas decrescentistas que nos poidam inspirar nestes tempos, que som já críticos em muitos aspectos’. Abraira engade a isto que no encontro haverá lugar também para umha declaraçom solemne, ‘a proclamaçom do 12 de Janeiro como dia internacional do Decrescimento’. A data corresponde ao nascimento de Serge Latouche, o pensador bretom que começou a teorizar o ideal decrescentista já nos anos 70.

Confirmaçons

Para Abraira, as convulsons em que nos adentramos confirmam que o ideário do movimento nom ia muito desencaminhado: ‘estamos a ver a plasmaçom daquelas advertências, com 50 anos de vida, do informe ‘Os limites do crescimento’. A guerra de Ucraína tem um transfundo energético importante, e o vírus, do que vimos de sair, tem muito a ver com formas de exploraçom da terra baseados na monocultura e na perda de biodiversidade’, diz Abraira. ‘Agora’, continua o activista, ‘trata-se de dar o passo a materializar ideias que parecem estar em mais e mais sectores. Porque a palavra ‘Decrescimento’ já começa a sonar.’

Rechaço e adesom

O caminho nom é doado, confessa Abraira, dado que ‘ainda que se assume a doença – que esbatemos já com os limites biofísicos do Planeta – custa mais assumir um remédio. Estamos a ver, por exemplo, como governos que falam de economia circular e transiçom verde, apostam em queimar mais carvom como resposta à crise energética acelerada pola guerra.’

Quando perguntamos a acolhida popular, ou mesmo em sectores politizados, às teses Decrescentistas, Abraira reconhece que as barreiras pervivem: ‘acontece como umha pessoa quando lhe comunicam umha doença; que o primeiro que fai é enfadar-se com o médico. A fase seguinte, num processo assim, entendemos nós, é passar activamente a enfrentar a doença. E isso é o que pretendemos’.

Na actualidade, o Decrescentismo é ainda acusado desde muitas frentes de ser ‘catastrofista’, ‘alarmista’ e excessivamente pessimista. O intuito das e dos organizadores do Encontro é oferecer ideias e ferramentas práticas que ajudem a vê-lo como umha ferramenta para sobreviver dignamente e mudar a sociedade.