Com raiva e protesto, a Galiza enfrentou os seus dias mais obscuros

O Courel desfeito polo lume em mais dumha terceira parte da sua extensom; a comarca de Valdeorras, pasto dum dos incêndios mais extensos da nossa história negra; os Montes do Invernadoiro, calcinados. A mistura explosiva de mudança climática e políticas de abandono do rural levárom a dias de pesadelo. Damos umha visom panorámica, através das redes sociais, de como se afrontou um horror que exige resposta.

Poucas ilustraçons mais claras e contundentes que esta d’O Bichero, que se espalhou massivamente polas redes, e captou como nenhuma o coraçom roto da vizinhança, e de toda a Galiza que ama a sua terra. 

Censura desafiada

Se bem é certo que a censura mediática funciona, do mesmo modo que as novas minimizadoras e distrativas, o certo é que o peso das redes sociais fai cada vez mais difícil ocultar o tamanho da destruçom, quando esta acontece. Com pleno rigor e com os dados na mao, um web de divulgaçom como Galicia Ciencia dava notícia da dimensom gigantesca deste novo tipo de incêndios que estamos a padecer.

Nom eram apenas as contas de coletivos e organizaçons, senom os perfis individuais, os que davam conta em toda a Galiza, também a urbana, da magnitude do que acontecia no leste, e que nem as pessoas mais idosas eram quem de recordar. As imagens transmitidas gelavam-nos o sangue ou deixavam um pouso de raiva mui difícil de processar.

Através dos próprios protagonistas da luita contra o lume, os brigadistas que se jogam a pele para proteger o nosso, nom demoramos em saber que era Laça, e portanto o Invernadoiro, o que engrossava a lista da desfeita.

E fechando o círculo negro do sudeste galego, conhecíamos também o acontecido na comarca de Valdeorras, com um mega-incêndio além do desconhecido, e que como já acontece cada vez com mais frequência, pom em perigo centos e centos de vidas humanas, além de liquidar o ecossistema.

Como todas e todos suspeitávamos, um fenómeno desta envergadura, somado à total nulidade política e a condiçons meteorológicas de seca extrema, nom podia senom ameaçar a vida de núcleos e núcleos de vizinhança, que ficavam em estado de shock.

Além de raiva, denúncia

Outras plataformas informativas complementárom perfeitamente a informaçom a pé de incêndio com a denúncia das responsabilidades políticas que, mais um ano, explicam o desastre. Entre muitas, salientou Orgullo Galego, que nos possibilitou ver a que carências se enfrentava a vizinhança que, literalmente, se jogava a vida ante as lapas.

Foi esta mesma rede social a que se fijo eco dos protestos do sector dos lumes que, como cada verao, aponta a défices de pessoal, carências de meios, nulidade organizativa e, em termos gerais, total desídia política.

Obviamente, em dias como estes abrolha sempre de novo o debate social sobre a política florestal da Junta, assente no monocultivo e no extrativismo, e com fundas consequências no despovoamento da Galiza interior e a falta de diversidade produtiva. For ou nom por acaso, e como espalhárom vários meios e perfis de redes sociais, soubemos nestes mesmos dias que umha empresa relacionada com Ence, e como podemos supor totalmente alheia à realidade galega, adquire umha participaçom crescente na chamada ‘luita contra os incêndios’.

A resposta

Ainda em estado de comoçom, as mostras de raiva e descontentamento contra a política florestal da direita espanhola começavam-se a sentir. A TVG, emblema do propagandismo governamental, tinha que suspender umha emissom em direto desde o Courel para evitar que se ouvissem os berros de denúncia de parte da vizinhança afetada.

Foi umha pequena – mas significativa- mostra dum clamor popular que se deixou ouvir em concentraçons ambientalistas, nas principais cidades, convocadas por ADEGA e com grande presença nacionalista, mas em geral amplas e transversais. O projeto mediático GZ Contrainfo dava-nos notícia, entre outras, da concorrida concentraçom de Ourense.

Frente à ambiguidade calculada do PSOE operante na Galiza, cujos dirigentes defendêrom ‘nom politizar os lumes’, o discurso nacionalista foi contundente, e baseou-se sobretodo na escasseza de meios para o seu combate, e na ausência de políticas preventivas. Entre muitas outras declaraçons de cargos públicos, o político nacionalista Rubén Cela apontou a responsabilidade final da Junta.

Por seu turno, o independentismo estivo presente nas mobilizaçons e fijo público a sua análise sobre a vaga incendiária. Assinalando o efeito nefasto das políticas coloniais e de esvaziado do rural, organizaçons como as Assembleias Abertas Independentistas espalhárom a sua visom dos feitos.