Esta semana transcendeu que o presidente dos EUA, Joe Biden, escreveu às sete maiores refinarias de petróleo norte-americanas para que “tomem medidas imediatas para aumentar a oferta de gasolina, diesel e outros produtos refinados” e também as instava a que a baixassem os preços dos combustíveis, pois “as margens de lucro historicamente altas das refinarias estám piorando essa dor (a dor das famílias norte-americanas)”. A seguir, no dia de ontem, a secretária de impressa da Casa Branca perguntada sobre estas cartas, também pediu às refinarias de petróleo dos EUA que reduzam os preços da gasolina argumentando que “Vemos isso como um dever patriótico” e que “estamos-lhe a pedir que fagam o correto”. Estas palavras, incrivelmente inocentes e idealistas, surpreendem porquanto os representantes do Império estám implorando às grandes corporaçons petrolíferas que atuem atendendo a critérios morais.
A estes chamamentos, o Instituto Americano do Petróleo (API, polas suas siglas em inglês) respondeu com realismo lembrando que os objetivos das empresas é a obtençom de lucros. Na missiva destacavam duas questons: ponto número um, “os preços dos produtos refinados som determinados nos mercados globais”, e ponto número dous e mais importante, “as refinarias norte-americanas estám a operar na sua capacidade máxima ou perto dela”. O que quer dizer que já nom podem aumentar a produçom de combustíveis. Esta declaraçom vai em consonância com o confessado recentemente pola Organizaçom de Países Exportadores de Petróleo (OPEC), que confirmou esta terça-feira no seu informe mensal que tem problemas para ampliar a sua produçom de petróleo.
A IEA informou que a demanda incrementara-se para o ano 2023 até os 101,6 milhons de barris diários, o que nos leva a um beco sem saída.
Que é o Peak Oil?
O que numerosas vozes alertavam desde princípios deste século agora já é admitido por todos os atores implicados. Atingiu-se o Peak Oil. Nom se pode produzir mais petróleo. Se no ano 2006 se alcançou o pico de produçom do petróleo convencional, no ano 2018 alcançou-se o pico do petróleo (incluindo também os petróleos nom convencionais: o fracking, os petróleos de águas profundas ou as areias asfálticas).
Isto nom significa que nom haja reservas de hidrocarburos líquidos. Na realidade existem ingentes quantidades de hidrocarburos líquidos no subsolo que poderiam cobrir as necessidades humanas durante muitas décadas mais, ou séculos. Isto que pode parecer umha contradiçom nom o é.
O pico do petróleo nom tem que ver com as reservas, mas com a capacidade de produçom. Nom importa quantas reservas existam se nom somos quem de extrair e refinar todos estes hidrocarburos. Melhor dito, se nom somos quem de extrair e refinar estes hidrocarburos à velocidade que necessita a economia mundial. A velocidade máxima parece ser que é a atual: de 100 milhons de barris diários. E umha vez alcançado este pico de produçom pode haver umha meseta mais ou menos extensa no tempo, mas o que vem a seguir será um descenso paulatino e constante. Nom deixaremos de ter petróleo, mas cada vez disporemos de menos quantidade porque cada vez restam menos jazigos de fácil extraçom e ficam por explorar os mais difíceis. A taxa de retorno energético é cada vez menor. Seremos cada vez mais pobres energeticamente.
Isto poderia nom ser um problema numha economia planificada e com racionamento, mas num sistema económico como o capitalismo em que é imprescindível o crescimento constante, sim o é. O capitalismo deve dispor cada ano de um pouco mais de energia, e aí está o problema, que esta já nom se pode incrementar mais.