Por Maria Álvares Rei /

Os motores da iminente greve feminista estám a pleno rendimento; a jornada terá o seu prelúdio na manifestaçom que se prepara para o vindouro domingo 4 de Março em Vigo. Falamos com Marga Corral, secretária da mulher da CIG, sobre os prévios destas convocatórias.

Como encarades desde a CIG a greve do 8 de Março?

Intensificando o trabalho de divulgaçom nos centros de trabalho, além de participar em diversos actos com outro tipo de colectivos e entidades, logo de mais de quatro meses de debate em organismos e assembleias de delegadas.

A fórmula escolhida pola CIG é a dos paros. Por que decidistes esta resposta?

Foi umha decisom muito debatida entre o corpo da central sindical. Desde duraçons parciais até a folga dum dia inteiro. Debatemo-lo tanto no encontro nacional de mulheres da CIG que tivemos em Novembro, como em diversos organismos da central sindical. Finalmente, decidimo-nos polos paros depois de que as companheiras que estám à frente de sectores feminizados, junto com outras que fam parte de estruturas comarcais e federativas, amostrassem a sua preocupaçom ante unha convocatória de greve geral de mulheres de toda a jornada, já que a maior parte das assalariadas deste país tenhem jornadas a tempo parcial e umha situaçom de precariedade que dificulta que podam secundar umha greve de 24 horas (em muitos casos um paro de duas horas equivale a umha meia jornada), além de que a problemática que nos é específica nom todas as trabalhadoras a identificam como própria e por tanto nom supom um revulsivo mobilizador para elas. Após o contraste do debate com as próprias trabalhadoras, optamos por um paro mais acorde às circunstâncias do país, registando a convocatória de paros parciais o passado 27 de janeiro, nos três turnos de traballo (de 0 a 2 da madrugada, de 12 a 14 horas e de 19:30 a 21:30 horas) para dar cobertura legal a todas as trabalhadoras de todos os sectores produtivos e de todos os centros de trabalho da Galiza, para garantir que podam participar activamente na jornada de protesto, reivindicaçom e mobilizaçom, com um paro no trabalho assalariado, e ao tempo um paro no consumo, nas tarefas de cuidado e a boicotagem às empresas com publicidade ou reclamo sexista. Para mobilizarem-se canda nós este 8 de Março, com as feministas, com as sindicalistas participando de jeito activo na jornada. Convencidas, aliás, de que o facto de que num momento chave da jornada, as mulheres abandonem as tarefas que estám a realizar visibiliza o espaço que deixam livre na sociedade, o contributo às esferas produtiva e reprodutiva, algo mesmo mais impactante que a convocatória de dia inteiro já que se enquadra, assemade, com a iniciativa internacional impulsada polas companheiras feministas argentinas.

A greve do 8 de Março deu juntado muitos colectivos feministas. Como transcorrérom as reunions e os contactos entre os diferentes colectivos? Vai haver mais acçons conjuntas no futuro?

Num ambiente mui plural e diverso, afastando ou mesmo deixando à margem as diferentes estratégias que as mulheres dos diferentes colectivos (tanto os denominados autónomos, como colectivos feministas locais, internacionalistas, organizaçons sindicais, etc) ou a título individual empregamos na luita, para centrar-nos no que nos é comum, e poder caminhar juntas na mobilizaçom nacional que há percorrer as ruas de Vigo o vindouro 4 de Março, previa ás convocatórias locais do próprio 8.

O feminismo galego na sua diversidade sempre foi quem de buscar o caminho para encontrar-nos quando a actualidade o requer. Figemo-lo quando aprovárom a mal chamada lei de família no país, posteriormente quando pretendérom ilegalizar o aborto, mais recentemente com motivo dos feminicídios, agora com motivo da greve, assim que aguardo que sigamos coincidindo no futuro mais próximo.

Como sindicato maioritário do país, poderias-me fazer umha radiografia da situaçom da mulher trabalhadora galega? Em que situaçom nos encontramos?

Cobramos menos que um homem por realizar o mesmo trabalho. Nos sectores nos que as mulheres predominamos, os salários resultam mais baixos que naqueles em que som os homens os que tenhem unha presença maioritária.

Temos mais contratos a tempo parcial que os homens, muitos deles duram menos dum mês, mesmo umha semana.

Está a aumentar o número de mulheres com ingressos inferiores ao SMI e descende o salário médio destas.

A maior parte dos acossos laborais cometem-se contra mulheres, fundamentalmente como conseqüência de pretenderem exercer responsabilidades de cuidado, mais também acosso sexual, ou por identidade afectivo sexual.

Temos muitas mais dificultades para ascender no trabalho (teito de vidro/chao peganhento)

Temos pensons mais cativas que os homens e muitas nem tam sequer ham chegar a ter acesso à quantia mínima.

Milheiros de galegas moças tenhem que emigrar para evitar o desemprego ou para nom ter que incorporar-se aos trabalhos nom qualificados, temporais e mal pagos que se lhes oferecem.

Muitas galegas seguem a realizar trabalhos precários sem direitos laborais nem sociais.

Seguimos a assumir de jeito maioritário umha dupla ou tripla jornada dentro e fora do lar, pola falta de responsabilidade nos cuidados

Solicitamos excedências laborais durante anos para atender crianças e familiares dependentes

Sofremos de jeito maioritário os efeitos dos recortes em serviços públicos (saúde, ensino, dependência) e na dotaçom de quadros de pessoal que dificultam a atençom aos serviços essenciais.

Que aguardades com esta greve?

Visibilizarmos o trabalho achegado polas mulheres para o seu reconhecimento. Denunciarmos o efeito das políticas neoliberais e do heteropatriarcado sobre os direitos das mulheres. Pararemos porque nom podemos seguir a aturar tanta discriminaçom e violência. Conscienciarmos a sociedade de que o nosso papel nom é subsidiário. Que somos a metade da Galiza, a metade do mundo. Que avonda já de comemoraçons hipócritas o 8 de Março, que o mundo nom gira igual se paramos as mulheres.