Ferrol amanheceu hoje entre tambores procissionais e forças de seguridade. O presidente do governo central e umha récua de autoridades, entre as que se encontrava a vice-presidenta ferrolá, Yolanda Diaz, vinhérom, ao fim, cortar a chapa da fragata. Prometem sete mil postos de trabalho e falam do que levam falando desde que tenho memoria, de diversificar mercados. Prometem na cidade da reconversom fantasma. Prometem na comarca das promessas. Falam da eólica marinha como a panaceia universal esquecendo os ecossistemas marinhos, o sector pesqueiro e marisqueiro e a escasseza de enerxia e materiais para os construir. Venhem-nos enlear coa digitalizaçom de todos os processos produtivos no entanto eu leio Thanatia. Los límites minerales del planeta dos engenheiros termodinâmicos Antonio e Alicia Valero. Falam da industria auxiliar aqueles que destruírom os empregos navais de qualidade e agora venhem agasalhar-nos coas migalhas dum precariado perpétuo. Prometem encadear-nos à industria militar de por vida enquanto recebem os aplausos ou os silêncios dos que berram Nom à guerra e mudam em pacifistas no reconto de ucranianos mortos do telejornal.
Contam co silêncio cumplice dos sindicatos da sua corda e coas protestas ocas dos demais. Há muito muito tempo, que o sindicalismo se acostumou a arredar a luita política da luita sindical, situando-se dentro do sistema capitalista. Como di Antoni Doménech em El eclipse de la fraternidad. Una revisión republicana de la tradición socialista, os sindicatos social-democratas entendiam-se já primordialmente como meras organizaçons de defensa dos direitos dos trabalhadores quanto vendedores da força de trabalho.
Cortar chapa para poder comer, cortar chapa e baixar a cabeça ou olhar para o outro lado agachando-nos no falso relato de que as fragatas se construem para ajuda humanitária e que a industria militar nom é mais do que a ONG do Estado. Cortar chapa porque nom há outra que cortar, desafiando o perigo de ser alvo fácil dos mísseis russos contra a OTAN.
Carlos Taibo aponta no artigo GUERRA, ecofascismo, colapso: intuiciones, a possibilidade de ecofascismos prévios ao colapso com umha confrontaçom entre elites no meio dum panorama de quebra dos circuitos económicos, financeiros e comerciais, de problemas crescentes no suministro de matérias primas energéticas, de encarecemento abraiante nos custos de transporte e enlouquecidas operaçons especulativas. Amais do globo sonda austríaco dum exército teimando em perfilar umha plena autonomia em matéria de energia e água nos quartéis para socorrer a umha desvalida populaçom civil, vítima imprevista dum apagom geral.
Junto a isto, di Taibo, o afortalamento da OTAN coa promessa dum horizonte inquietante de militarizaçom, autoritarismo, intervencionismo, ingerências e repressom das disidência. Nada difícil recém chegados da servidume voluntaria dumha pandemia.
Todo isto quando celebramos o meio século da publicaçom de Os límites do crecemento e a questom ambiental ocupa todos os cabeçalhos, mais desligada da crítica ao modelo económico de crescimento exponencial e infindo que provoca a crise global na luita polos derradeiros recursos do planeta, como nos lembra Jorge Paços no Galiza livre.
E no entanto uns andam cortando chapa para a guerra, Ferrol prepara-se para a Semana Santa pintando os bancos da quadrícula por onde as bandas desfilam recendendo o ar com incensos religiosos e bélicos tambores, num arrepiante recordo doutros tempos. No alto das praças, os grandes cartazes da Concelharia de Bem-Estar animal advertem que Um pis limpa-se num plis, numha cidade sem um mísero urinário público.