Umha das investigadoras do fenómeno da guerrilha antifascista na nossa terra, Aurora Marco, resgatava há tempo as palavras de Francisco Rei Balbis ‘Moncho’ a Neira Vilas. O dirigente comunista confessava muito tempo depois que ‘atreveria-me a afirmar que mais do corenta por cento da nossa guerrilha eram mulheres (…) nom como guerrilheiras permanentes no monte, mas si no resto de actividades, como enlaces, como colaboradoras em diferentes trafegos’. Confirmando esta tese, o combatente berciano Francisco Martínez Quico, em conversa com Aurora Marco, afirma: ‘eu nom seria ninguém, nom teria razom nenhuma de explicar as as minhas vivências na guerrilha se nom é com o soporte de todas estas mulheres de que che falei, elemento básico, coluna vertebral para o nosso movimento.’
Estas linhas que reproduzimos som de inícios do 2000, e porém, os baleiros na memória colectiva – mesmo militante- som imensos. Em todas e todos nós ressoam os nomes de Foucelhas, Gardarrios, Piloto, Girom, Langulho, Pancho…ora bem, que nos dim nomes como Euloxia ‘A Catalina’, Josefa Escourido Cobo, Celia González Pernas ou Carmen Temprano Salorio? Assim, com a excepçom da mui conhecida Enriqueta Otero, as mulheres combatentes continuam na terceira ou quarta linha do anonimato. Vaiam estas poucas linhas para dar espaço a umha das mais senlheiras, a valdeorresa Consuelo Rodríguez López, Chelo.
As origens
Nasceu na aldeia de Soulecim, na paróquia de Santigoso, no concelho do Barco, em 1919, portanto nos estertores da Restauraçom, e apenas dezassete anos antes do genocídio. A sua família ganhara umha posiçom económica importante na emigraçom cubana, e o pai e a mae criárom sete nenos e nenas; das nove pessoas que formavam o núcleo familiar, apenas iam sobreviver três à guerra.
A politizaçom de Consuelo, como a de tantos outros, deve-se ao mestre comunista que visitava a sua morada; e como tantas outras moças da jeira republicana, começou a participar de manifestaçons políticas. Falamos da etapa histórica em que a mulher do Estado espanhol puido por fim divorciar-se, votar ou candidatar-se a cargos.
A guerra
Autodidacta sem formaçom académica, por ter assistido pouco à escola (trabalhava desde nena com os pais), o golpe fascista afecta directamente a sua família: dous dos seus irmaos, mobilizados forçosamente no bando fascista, apostam na deserçom e refugiam-se na casa. Quando a guarda civil vai a arrestá-los, estes defendem-se e matam um dos agentes, polo que tenhem que fugir ao monte. O feito aproveita-o o novo poder golpista para encarcerar pai, mae e duas filhas, para roubar a casa e subastar todo o seu gado; os irmaos mais novos tenhem que subsistir em casas amigas da vizinhança.
Ao sairem da cadeia, a casa de Soulecim fai-se referência para a guerrilha; conhecido o feito polos serviços de inteligência, em outubro de 39, um Terzo da I Bandeira da Legiom fusila publicamente o matrimónio enquanto encerra as crianças na corte com as ovelhas. O responsável desta unidade, Sergio Peñamaría del Llano, será entre 1959 e 1963 alcalde da Corunha, onde ainda conserva umha rua. No lugar onde fôrom assassinados e enterrados, umha placa do concelho de Valdeorras lembra hoje os feitos. A casa de Soulecim, conhecida pola guerrilha como ‘A Fortaleza’, foi logo derrubada.
Os quatro irmaos de Consuelo, Rogelio, Sebastián, Alfonso e Domingo engrossam as fileiras da guerrilha, e vam caendo um por um, fusilados ou em combate, ao longo da década de 40.
A guerrilha do monte
As irmás Chelo e Antonia sofrem prisom no Barco, em Ponferrada e em Leom. À sua saída, ante o evidente perigo de novas repressálias, e do castigo seguro ao ostracismo e à exclusom social, marcham à clandestinidade e instalam-se na Cidade da Selva, em Casaio. Após muitos anos como guerrilheiras da chaira, ambas as irmás convertem-se em guerrilheiras do monte; aprendem o manexo das armas e participam directamente em combates.
A grande base guerrilheira é desmantelada em 1946, quando a guarda civil interrompe o conhecido ‘Congresso de Unificaçom’, que estudava a unificaçom do Exército Guerrilheiro da Galiza e da Federaçom de Guerrilhas de Leom-Galiza; Arcadio Rios, companheiro de Consuelo, cai tiroteado pola guarda civil, e ainda que Consuelo foge, os seus companheiros tenhem que retirar-lhe a arma para evitar que se suicide, como ela mesma contou em entrevista.
Depois passar por diferentes agochos, consegue subsistir num andar clandestino em Madrid durante um ano e médio, até que, valendo-se de distintos contactos, passa ao País Basco francês numha dura rota pola fronteira. Era 1949, e como contou em entrevista a Aurora Marco, o seu pensamento ao pisar terra libertada, foi: ‘tenho a liberdade e nom sei para que a quero, se deixei todo atrás.’
Reconstrói a sua vida na França, onde casa com o ex-guerrilheiro Marino Montes, e fina em 2019, quando se reconhece o seu compromisso político e moral: A Associaçom Cultural e Teatral Abril de Lume e Ferro de Carral, concede-lhe o prémio Mártires da Liberdade. Em 2008, estreou-se o documentário de homenagem ‘La Isla de Chelo’.