Recentemente, e em qualidade de delegada da organizaçom política Ligando-LGD, venho de registar no concelho de Ferrol umha iniciativa contra dos macroprojetos eólicos no nosso território. Iniciativa que consideramos necessário divulgar nos médios para partilhá-la coa cidadania.

A razom de ser da Administraçom local nom é outra que pôr em marcha políticas de serviço à cidadania, participadas por esta. Mais, quando essa cidadania fica indefensa perante oligopólios económico-financeiros e lobbies energéticos.

Co câmbio climático, esses territórios e espaços marítimos que vam ser cedidos ao lobbie energético vam necessitá-los as comunidades locais para sobreviver à incerteza e às consequências desse câmbio. Ceder esses territórios significa reduzir a capacidade de resiliência da sociedade ferrolá, contrariando a lógica da supervivência.

Por isso, consideramos um despropósito que a cidadania de Ferrol se tenha que informar polos meios de comunicaçom de que o seu alcaide fai de porta-voz desses oligopólios energéticos que, por riba, nutrem-se de subvençons públicas. Apoiar desde o governo local macroparques eólicos de gram impacto ambiental e patrimonial, arteiramente fraccionados para se poder tramitar na administraçom autonómica, sem comunicaçom prévia aos afetados, está mui longe de qualquer política democrática e relaciona perigosamente o governo municipal cos interesses privados especulativos de grupos de poder alheios que cobiçam os fundos europeus Next Generatiom. Fundos que deveriam destinar-se aos grupos sociais mais afetados pola crise da pandemia. Sobretodo, porque som empréstitos que o Estado terá que devolver e que recairám, como sempre, na classe trabalhadora.

Ligando, como organizaçom decrescentista que é, nom se posiciona em contra da energia eólica per se ainda que assim nom por moitas razons que passo a enumerar:

1-As energias renováveis na lógica capitalista, estám mui longe de ser sustentáveis e sociais.

Os megaprojetos -mália ser fragmentados- som sempre insustentáveis por motivos ecosociais. Num mundo pospetróleo cara o que transitamos, estes megaprojetos especulativos e coloniais, som dependentes do petróleo. Os materiais dos eólicos fabricam-se, transportam-se e instalam-se de jeito direto ou indireto co uso do petróleo. Parte dos seus componentes som mui difíceis, quando nom impossíveis, de reciclar e muitos dos mesmos som extraídos e produzidos em países que carecem de legislaçom ambiental e laboral protetora. Suponhem um saqueio colonial ali onde se assentam, que é sempre na periferia dos grandes centros de consumo energético, em zonas colonialmente empobrecidas e indefensas, maiormente no rural. Por tanto, potenciam o transporte da energia extraída -coa perda e malgasto que isso implica- da periferia ao centro quando som as grandes cidades as grandes consumidoras.

2- Nom estamos para maus investimentos em custosa tecnologia cujo futuro a meio praço já é cuestionável. Amais de destruir enormemente o território, gerariam umha dívida que havería que pagar com mais subas na já inchada fatura de eletricidade, enquanto se exporta a maior parte da energia, como já passou coas aldeias sem luz à beira dos grandes encoros.

3-A instalaçom de parques eólicos deveria realizar-se onde se produz e consume energia, sobretodo, em solo industrial e urbano porque isso é o mais sustentável e justo. Cada vez haverá menos disponibilidade de camions, excavadoras, guindastes… menos disponibilidade de materiais por verse limitada a sua extracçom e transporte. A eólica tem de ser, pois, local e comunitária para poder receber o qualificativo de sustentável.

4-Das Renováveis pode-se tirar moita eletricidade pero, no melhor dos cenários, depois de anos dum desenvolvimento ajeitado, poderia-se obter delas umha quantidade igual ao 40% da energia total que se consume atualmente e nom poderám substituir por completo os combustíveis fósseis. Polo que promover a ideia de que as renováveis vam suplir o petróleo e ao carbom, sem políticas de reduçom de consumos nem pôr em marcha políticas decrescentistas é umha fraude à cidadania e leva ao desastre às vindouras geraçons.

5- Galiza é autosuficiente em energia elétrica polo que é irracional e colonial qualquer política energético de destruçom do território para transportar (saqueio) a outros territórios que se livram assim destas nefastas externalidades.

6- Nom é de recibo que a administraçom faga inventário de Património ecológico e arqueológico para logo agasalhá-lo ao lóbi energético.

Desde Ligando, apoiamos totalmente os comuneir@s afetados polo projeto eólico P.E.BRIOM no monte do Cha e subscrevemos o seu rejeitamento, assim como o P.E.MONTEVENTOSO e P.E.FERROL.

É dever do goberno municipal velar pola conservaçom do território, mais do LIC Costa Ártabra e Rede Natura 2000, do património arqueológico catalogado (mais de meio cento de mámoas afetadas) e dos aproveitamentos comunais do Monte do Cha. Assim como também proteger as pessoas das linhas de alta tensom, do ruído constante das pás gigantes, do efeto sombra, das interferências nas comunicaçons e os aquíferos, fontes e traídas dos que se abastecem os núcleos rurais. Nom queremos torres de 200 m. de altura sobre os montes que abeiram a ria de Ferrol!

Quanto à eólica marinha, Galiza é a segunda comunidade autónoma em produçom de energia eólica polo que resulta abraiante e curtopracista sacrificar a biodiversidade única do litoral galego para exportar energia. Mais quando isto afundirá um sector ponteiro como é o pesqueiro-marisqueiro. Ao impacto económico soma-se o impacto ambiental pois os projetos Sam Brandám e Sam Cibrao som lindeiros com um dos mais importantes corredores de aves de Europa, co grave impacto ecológico sobre a avifauna. Polo que resulta grotesco defender a um tempo a eólica marinha e o turismo sustentável, por exemplo.

O governo municipal tem a obriga de proteger os interesses da economia resiliente do sector pesqueiro e marisqueiro assim como das comunidades costeiras afetadas, com miras à soberanía alimentar. Assim como o dever de velar pola conservaçom dos ecosistemas litorais e marinhos.

Solicitamos deste governo o posicionamento em contra de qualquer megaprojeto eólico, terrestre e marinho que nom obedeça ao interesse do bem comum de proximidade e produçom comunitaria. A criaçom dumha Empresa Municipal de Energia Renovável que fomente o autoconsumo e o cooperativismo energético. Um programa municipal de reduçom do consumo de energia, eficiência e autonomia a nível social e individual. Um aproveitamento descentralizado das fontes renováveis retomando também as suas aplicaçom nom elétricas, ao parecer mais eficientes. Campanhas educativas de conscienciaçom nas que se priorice a necessidade de reduzir consumos devido à escassez energética num mundo posfossilista. Políticas cara a re-ruralizaçom e a posta em valor do património arqueológico, especialmente das necrópoles neolíticas.