Esta semana a casa de Pablo Chouza, um vizinho de Cabo da Cruz, apareceu com pintadas homofóbicas na sua fachada. O motivo da agressom nom foi, como já ouvi, que umha bandeira da comunidade LGBT pendurasse dumha das janelas da vivenda. Nom, o motivo da agressom é o ódio e a intolerância que ainda impregna umha parte da sociedade galega e que se fai visível através dos atos de certos indivíduos. (O uso do masculino genérico nom é casual. Non tenho provas, mas tampouco dúvidas de que o autor das pintadas foi um homem).

Compre salientar que além dos grafites homofóbicos também pintárom a bandeira de Espanha. Como acostuma a suceder nestas latitudes, o discurso homobófico vai da mão do nacionalismo espanhol.

Solidariedade da vizinhança

Pablo denunciou publicamente a agressom e recebeu o apoio imediato da vizinhança. No dia de ontem, dia do Orgulho, numerosas bandeiras LGBT adornavam muitas casas da vila.

Operários municipais pintárom ontem um passo de peons com as cores da bandeira LGBT ao pé da casa

Além de apoios particulares, o Club de Remo de Cabo da Cruz, do que formo parte, também mostrou o seu apoio nas redes sociais. Pablo Chouza, além de vizinho e seareiro da nossa trainheira, também é o diretor do vídeo documental 40 nos de Maraxe sobre a história do nosso clube, feito que o levou a compartir muitas horas com nós durante a filmagem do documentário.

“Como clube nom habituamos comentar nada que ultrapasse o estritamente desportivo, mas ante estes atos nom vale pôr-se de perfil, esta gente tem que saber que som minoria e que cada vez que decidam faltar ao respeito a alguém terám a toda a sociedade fazendo-lhes fronte”.

Politizemos o desporto

Eu fago minhas as palavras do clube, mas vou além. Desde que era umha criança, escuto que o desporto nom deve ser misturado com a política. A política tampouco se devia misturar com as relaçons pessoais, co trabalho ou com a educaçom das crianças. Nom se pode politizar nada. Está instalado o discurso de que nom se pode politizar nenhuma questom. O objetivo de nom politizares esta ou aquela questom é porque assim prevalece a ideologia dominante, reforça-se o estatus quo e mantem-se a situaçom atual ainda que esta seja injusta. Contra esse discurso devemos politizar todos os ámbitos das nossas vidas, porque em muitos casos é necessário denunciar a dominaçom e as relaçons de poder existentes. Este é um claro exemplo. Nom podemos pôr-nos de perfil.

Orgulho

O dicionário Estraviz define o orgulho como “sentimento de dignidade pessoal”. Agarrando-me a esta definiçom é que reivindico esta palavra. Trás o acontecido nos últimos dias, estou orgulhoso de Pablo, da vizinhança de Cabo da Cruz e de pertencer a um clube que nom pode ignorar umha agressom homofóbica.

Tempo atrás escrevia sobre os motivos polos que praticava desporto e daquela vez explicava que fazer desporto, nomeadamente desportos em equipa, criava identidade. O sentimento de pertença a um grupo, e os vínculos que nele se criam, som os que constroem a nossa identidade. Umha sociedade –saudável– nom é umha soma de indivíduos, e a identidade nom é a soma dos nossos gostos nem das nossas preferências de consumo, como quere fazer-nos pensar o think tank liberal. Apenas os vencelhos fortes dumha comunidade e o compromisso dum projeto comum criam a identidade. Remo polo sentimento de pertença mas também porque me sinto orgulhoso de onde remo.