Antes de que o afiançamento do modelo econômico neoliberal na Galiza, disse processo de modernizaçom que se supom nos sacou do atrasso, rachara toda sorte de laços e travalho comunitârio, as mulheres construíam tambem espaços de segurança. Os lugares onde se desenvolvíam de jeito coletivo as tarefas femenizadas, eram muito mais que espaços produtivos necesârios para o sostemento da vida, eram tambem lugares onde se tecíam redes, se tomavam decissons políticas e se organizavam resistências á violência machista. Nom sempre, nom en todas a ocassons, mais serva isto para tomar em conta que a genealogías da resistência e da acçom fronte ás violências patriarcais, nom estam tam só nas anâlises teôricas nem som só produto do movemento feminista organiçado, que o fio que sustemos na mam, vai para alem das palestras, simpósios e asambleias, tambem nos conecta com as nossas antepasadas e com a súa autodefensa.


A visibilizaçom e denúncia das violências machistas nos espaços ativistas medrou com força no nosso país nos últimos anos. Começa a darse-lhe abordagem co fin de avançar juntas na súa erradicaçom a umha realidade que na meirande parte das ocassons só falávamos em grupos reduzidos e informais de confiança: que os nossos companheiros, mesmo aqueles que mantinham um descurso abertamente pro-feminista cara a galería, tambem nos agredíam e encobríam agressons.

Mas a violência tem muitos jeitos de manifestar-se e nom é com as fórmulas que melhor identificamos como se soe reproduzir em espaços ativistas. O sistema patriarcal ao igual que outros eixos de opressom tem umha capacidade camaleónica de fazer-se presente nas nossas vidas e aqueles que seguem aferrandose-se aos seus privilêgios estabelecem jeitos mais velados de dominaçom, mais perversos tanto pola dificuldade que supom a súa identificaçom para as mulheres que as sofrem como polas dúvidas que sementam no seu entorno. A intençom aquí é debulhar algumhas ideais que nos podem ajudar a tomar consciência, a atuar quando as nossas amigas, vizinhas, companheiras, nós mesmas, as estamos sofrendo dum jeito o mais simples possível.

A nossa intuiçom é a memôría das nossas avoas.

A intuiçom define-se, segum o dicionário Estraviz, como o (1) Conhecimento direto e imediato sem recurso de raciocínio e (2) Perceção clara e pronta. (3) Primeira vista. (4) Pressentimento. A intuiçom nasce e é produto da experiência acumulada, isto é, as vivências prôpias e as que conhecemos de outras e as sinais que asociamos a elas. No que nos compete, é a sensaçom de desonforto ou desconfiança respeto a umha situaçom, vivida em carne própia ou alheia, de que pode estar-se dando umha violência da que aínda nom temos relato ou nom fomos capazes de ver com nitidez.

Aquí no seu artigo “Ahora que todas creemos a Rocío” Irantzu Varela refíre-se assim a esta experiência: Reconheço essa mirada. Reconheço essa forma de chorar, essa tristeza que parece oca. Esse jeito extranho de estar viva, coma se estiveras morta.

Todas as identidades subalternizadas temos as nossas alarmas. Escuita-las é dar-lhe validez ás experiencias e saberes históricos e coletivos em quanto que oprimidas. Gerar sinérgias, dár confiança, gerar o espaço para que outras falem quando as alarmas se acendem é fundamental. Pode nom estar passando nada ou pode estar pasando tudo. Polo geral, é o segundo.

Eles tam cordos e nós tam loucas

A razom, o equilibrio, a lucidez estam da súa parte. Nós somos, em cambio, “loucas” sem capacidade de autocontrole com tendéncia a esagerar. Quando umha mulher está baixo umha situaçom de violência, da mais sutil á mais explícita, tanto em contextos de relaçons afetivo-sexuais coma em contextos militantes, e que muitas veces o seu entorno desconhece, dificilmente vai estar tranquila. Se aguardamos relatos serenos, claros e ordenados podemos esquecer-nos de que vaiamos ser parte ativa do soporte ás agredidas. Nom hai. A violência produz danos emocionais e destabiliça a vítima. Quando as violências som emocionais, som ademais mui difíciles de verbaliçar e explicar para outres e quem as sofre ve-se na tesitura, as máis das vezes, de ter que defender-se e esforzar-se em ser creida, em juntar probas que avalem o dano que se lhe fixo. Esigir que o seu comportamento seja como a nós nos parece, tambem é violência.

É importante ter claro que muitas das violências que se produzem dentros dos espaços ativistas som psicológicas e que os abusos emocionais sostidos no tempo som igual de graves e ferintes que outros jeitos de abuso que estamos acostumadas a identificar de jeito mais nítido.

Ademais, para diminuír as vítimas e salvaguardar-se, há umha série de fórmulas mais ou menos habituais ás que quem agrede recorre, te-las presentes, ajuda-nos a constroír ferramentas de contençom útis das que falaremos mais adiante.

A teoría da conspiraçom: Um dos jeitos em que os agressores se defendem e desvíam o foco de atençom é a teoría da conspiraçom. Assim, quando pessoas muito valoradas em tanto que ativistas cometem agressons, soem retorzer a realidade para aludir a umha sorte de acoso e derribo, alegando escuros motivo por parte de quem o acussa. Pretendem, assim, usurpar o lugar de vítima e recadar apôios.

Estrategia da difamaçom: Difamar ás pessoas agredidas, muitas vezes antes de que os episódios de violência sejam conhecidos, é umha estrategia muito manida de blindagem. Assim, os homens que agredem conscientes das agressons e ante o medo a que se lhes saiba, cream um clima prévio de desconfiança e descrédito cara as vítimas que dá como resultado que nom se atrevam a falar ou que, quando falem, a súa palavra nom tenha credibilidade.

Dinamitar as alianças entre mulheres: Manipular e intrumentaliçar a outras mulheres contra das agredidas. Involucrar a outras pessoas co fim de tranformar a violência exercida numha sorte de guerra de verssons. As mulheres som aquí tambem vítimas, sem muitas vezes ter consciência, na medida em que som cousificadas, reduzidas a instrumentos que quem agrede utiliza tal que recursos para ganhar credibilidade.

– Fazer pasar a autodefensa por agressom. Os episôdios de autodefensa da vítima vendem-se ao entorno como agressons. Assim, as pessoas que fam parte do ambiente podem chegar a pensar que tudas som vítimas e agressoras ou dito doutro jeito, que o que existe é apenas um conflito pessoal.

(continuará…)