Paula Iglesias
Paula Iglesias / Fot. cedida.

Entrevistamos Paula Iglesias, secretária da AMPA do CEIP de Baamonde, umha mulher que depois de 20 anos fora da sua terra natal, voltou com a sua família para viver numha casa familiar. Paula nom contava com que o seu regresso fosse tam acidentado: “num ano perdemos o banco, o médico e a escola na qual ia escolarizar o meu filho”, indica a entrevistada. Porém, o caso de Paula nom é umha exceçom, mas sim a confirmaçom dumha política que discrimina umha parte significativa do povo galego que habita o meio rural, tratada como umha cidadania de segunda categoria, cada vez com menos serviços e mais obstáculos administrativos.

Como soubestes da intençom do Concelho de Begonte de fechar a escola de Baamonde?

Houvo umha reuniom no 9 de dezembro, na qual o alcalde comunicou o seu objetivo de fechar a escola e a obriga de que as 30 crianças escolarizadas tivessem que ir de autocarro todos os dias à escola de Begonte. Nós adotamos umha atitude contrária por considerar que as instalaçons do colégio de Baamonde som melhores, porque há 6 vezes mais nenos dos necessários para fechar a escola e porque temos o direito a um serviço educativo público na nossa vila.

Trata-se dum Concelho que nunca luitou pola continuidade dos serviços, num ano ficamos sem banco, médico e escola com o governo municipal do PP.

Trata-se dum Concelho que nunca luitou pola continuidade dos serviços, num ano ficamos sem banco, médico e escola com o governo municipal do PP. Ademais, também quigérom eliminar o caminho de Santiago, que passa por Baamonde e o pior de todo, justificam este desastre em nome dumha maioria absoluta, como se isso pudesse legitimar estas lamentáveis políticas.  

Perante esta situaçom, a vossa AMPA desenvolveu numerosas concentraçons, entrega de sinaturas e inciativas parlamentares para conseguir que o centro educativo continue a desenvolver a sua atividade educativa. Como valorizas a resposta popular da vizinhança?

Foi mui boa a resposta da gente. Que vila quer que lhe saquem o colégio?, quem vai vir para aqui, sem serviços? As manifestaçons fôrom mui bem, muita gente, ainda que a Covid19 freou bastante a participaçom, polo medo ao contágio. Ademais, presentamos 3153 sinaturas no Concelho e figemos umha caravana ao Parlamento Galego e, ainda assim, recebemos “ouvidos surdos” por parte do conselheiro e do Feijóo. A nós nom nos escuita ninguém.

Paula Iglesias com as sinaturas, diante do Concelho de Begonte / Web AMPA Baamonde.

E por parte do Concelho de Begonte, qual foi a resposta?

Quando o concelho publicou a notícia sobre o fim da escola de Baamonde nas Redes Sociais, houvo num só dia mais de 700 comentários contrários a esta medida: “nom ao peche do colégio de Baamonde”, escreveram a maioria das pessoas. No entanto, durante este tempo nom se nos deu a informaçom necessária às famílias e aos professoras/es, proibiu-se a entrada dos meios de comunicaçom aos plenos, abusou-se da chamada “maioria absoluta” para limitar a participaçom da comunidade, e ainda o mais grave é que o alcalde manifestou umha atitude autoritária chegando ao insulto e a ameaçar com que se matricularmos os nosso filhos noutro centro que nom seja Begonte podem ficar sem transporte e sem comedor escolar.

O concelho de Begonte quer entregar a escola à denominada “associaçom Músico Crisanto”, presidida por Pablo Rábade Cacharrón, irmao de José Manuel Rábade Cacharrón, médico, concelheiro e membro do governo local. Poderia dar-se neste caso um conflito de interesses entre a entidade púbica municipal e o conservatório de música privado ao estarem conformadas por familiares diretos?

Sim, claro, pode dar-se um conflito de interesses porque a entidade beneficiária para fazer um conservatório privado, a Associaçom Músico Crisanto é presidida por um irmao dum concelheiro do PP de Begonte. O conservatório nom tem projeto, é umha cazicada, figérom todo entre eles…. Nom som conscientes do dano que estám a fazer e, provavelmente, só por meter-se cartos no peto. Por isso nom nós deixam participar, porque assim eles arranjam todo ao seu jeito.

Recentemente, foi denegada a possibilidade de presentar pedidos de admisiom de novo alunado, como é possível isto se nom foi modificado o status legal do centro em relaçom ao seu funcionamento e oferta?

No próximo ano académico iam entrar 3 nenos novos na escola e nom perdíamos matrícula, mas decidírom igualmente fechar a escola. Ademais disto, é incrível que, ainda que nom haja um projeto público do novo conservatório, decidam fechar a escola e a eliminem da página web da Conselharia.

Alunado do CEIP de Baamonde numha concentraçom contra a decisom do Concelho de Begonte / Web AMPA Baamonde.

Nesta situaçom, onde teriam que matricular-se as 30 crianças da escola de Baamonde?

O Concelho de Begonte indica que teriam que ir a à escola de Begonte, mas há nenos/as que é provável que vaiam a Parga porque está más próxima a sua escola, por exemplo os 15 de Pígara e alguns de Baamonde, que está a mesma distância de Parga que de Begonte. Nesta situaçom, estám a ameaçar as famílias para que escolarizem o alunado em Begonte porque se nom o figessem perderiam o transporte e o comedor escolar.

A Junta de montes de Parga e de Baamonde querem financiar o comedor dos nenos que vam ser escolarizados em Parga. Estám também na luita e, por tentarem ajudar para evitar o peche da escola de Baamonde, o Concelho de Begonte trocou a fechadura da porta do local social.

Perante esta injustiça, a Junta de montes de Parga e de Baamonde querem financiar o comedor dos nenos que vam ser escolarizados em Parga. Estám também na luita e, por tentarem ajudar para evitar o peche da escola de Baamonde, o Concelho de Begonte trocou a fechadura da porta do local social que utilizava a junta de montes de Baamonde. Levam mui mal a crítica. O dia seguinte a umha reuniom que tivemos, o alcalde perdeu os papeis totalmente. É um mal educado e um mentiroso. Nom deixa falar e dixo-lhe a um companheiro: cala tonto, que es um tonto!

Convocastes umha caravana no passado martes, dia 9, até o Parlamento Galego para apoiardes umha proposiçom nom de lei que defende que o centro non se poda fechar ao ter 6 vezes mais alunado do estipulado legalmente. Como valorizades esta convocatória?

Apesar dos contratempos, estivo bem. As 15 crianças de Pígara (Concelho de Guitiriz) que assitem à nossa escola nom pudérom participar na carabana polas restriçons anti-Covid, mas estivérom diante do concelho animando o passo da carabana, formada por um autocarro e 14 veículos mais detrás. Já no Parlamento Galego, foi rejeitada a proposiçom de lei porque o PP votou contra. No plano institucional, ainda resta um novo pleno, no próximo martes, na Deputaçom de Lugo sobre este tema.

Caravana em direçom ao Parlamento Galego e apoio do alunado de Pígara / Google img.

Depois do acontecido no Parlamento Galego, e a constataçom do desmantelamento do rural galego por parte do PP, decidistes criar umha plataforma común com as ANPAs do Courel, Navia e Baralha. Que objetivos tendes a curto prazo coletivamente?

FAPACEL, a Federaçom Provincial de AMPAS de Lugo, pujo-nos em contato para colaborarmos. Como consequência deste trabalho, O Courel conseguiu recuperar o transporte escolar e agora vamo-nos centrar coletivamente em evitar também o peche da escola de Baamonde. Estamos, também, a fazer um escrito para que nom se trate os coles do rural e da cidade com os mesmos critérios porque no rural é normal que seja necessário um horário, transporte e organizaçom específicos. Por exemplo, a Administraçom tem umha teima contra as unitárias porque há no mesmo grupo nenas e nenos de diferentes idades e nós, precisamente, queríamos escolarizar numha unitária porque nos parece enriquecedora a educaçom intergeracional –os mais velhos ajudam os mais novos- e o contato com o meio natural.

Também denunciastes em duas ocasions, perante o Valedor do Povo, que desde o 1 de março se está a levar umha atuaçom administrativa nom conforme com o procedimento legalmente estabelecido por parte da Conselharia de Educaçom. Quais som estas irregularidades?

Irregularidades? Um monte delas. Na primeira vez, o Valdor do Povo indicou que nom havia nada ilegal. Na segunda reclamaçom presentada reclamamos o tema das matrículas porque há gestos que nos parecem doutra época, umha manipulaçom tam exagerada! Os de arribam nem ouvem nem vêm.

Tendes confiança nesta segunda reclamaçom?

Nom estamos a ver que se nos escuite, somos céticas. O alcalde de Baamonde está a fazer um favor à Junta da Galiza porque é um precedente para poder fechar mais colégios com matrícula suficiente que poderiam continuar a funcionar: um colégio por concelho parace ser o objetivo.

Que açons tendes pensado desenvolver proximamente para garantir a continuidade do vosso centro educativo?

Estamos mui queimados por causa da Covid19, isto deu muitas voltas. Se nom nos podemos reunir com o conselheiro, nom nos escuitam, continuaremos a organizar-nos para exigir os nossos direitos.

Queres apontar mais algumha cousa?

Quero indicar que demos muitas alternativas para que nom fechassem o nosso centro educativo. Entre elas, pensamos na possiblidade de compatibilizarmos os usos da escola, fazendo-se pola manhá um uso educativo e, pola tarde, um uso extra-escolar como escola de música. Também, a Junta de montes de Baamonde ofereceu terrenos para construir um conservatório em frente do colégio e nom lhes valeu. Também se lhes ofereceu um edifício que se poderia restaurar e nom quigérom. Ve-se-lhes o plumeiro! Nós nom estamos contra o conservatório, mas ao custo de perdermos o colégio nom!