Na porta do cemitério municipal um cartaz abraiante clausurava o 8M: Espaço livre de violências machistas. Branco sobre preto. A negritude ausente. A negritude dos top manta. Onde estám as nais e irmás dos migrados africanos?

A véspera, umha concentraçom de mulheres empoderadas vestidas e pintadas de lilás. Com bucais lilás fashiom, quem sabe se fabricados por essas nais ou essas irmás do sul global. Éramos poucas e espalhadas perante as ameaças solerminhas. Discursos que falavam dumhas mulheres ausentes. As mulheres mais exploradas nom podíam estar. As que podiam, as empoderadas, sempre as mesmas em rito anual, nom podiam renunciar às suas faixas de partido e sindicato nem sequer em nome dessa amossegada sororidade. Onde estava a revolta feminista massiva doutros anos?. A seguridade e o controlo pandémico foram quem de amansar um movimento que prometia ter algum percurso além das Pepitas, as nenas-capirotes de Semana Santa ou a simples comemoraçom de ter nado mulher.

A sororidade, aquele irmanamento só em razom de género, começava a espelhar tanta falsia como aquela fraternidade burguesa que mudou o sangue azul polo sangue bursátil. Parece que os recuados irmandinhos também aproveitaram a força do povo para empoleirar-se nos seus castelos, jamais para abri-los aos das fouces, bisarmas e gadanhas.

Ao fim, a liguagem feminista parece que quigesse vencer a cultura da dominaçom masculina coas mesma armas do macho alfa. Empoderamento é um vocábulo que só alude à força e por tanto, à submisióm. Atingir o poder nom é mais do que quebrar esse teito de cristal para igualar as hierarquias em razom de género, nunca suprimi-las. Moreias de exemplos na banca e na política así o confirmam. Há botins e botinas.

Sororidade e empoderamento som mantras valeiros numha sociedade de classes. Imagina alguém nas concentraçons do 8M à senhora e a doméstica com bandeirolas lilás, partilhando os altifalantes? Imagina alguém a delegada da secçom da mulher dum sindicato patista do ganchete dumha prostituta? Que sororidade podemos ter as mulheres trabalhadoras coa herdeira do empório téxtil galego? Que empoderamento tenhem as mulheres quando esquecem o feminismo para fazer carreira no partido, no sindicato ou em qualquer outra associaçom? Quando guardam silêncio perante violências machistas dentro da própria organizaçom em que militam?

O feminismo do século XXI tem de rachar com toda esta soinamoina. A sororidade nom há server para esquecer a luita de classes. A sororidade nom há esquecer as mulheres do sul global. O empoderamento tem que incluir a defensa do território e por tanto tem eco e exclui por força qualquer indústria ou cultivo intensivo, qualquer externalizaçom ou especulaçom capitalista. Porque há umha política feminista do território como a há das relaçons interpessoais. A sororidade nom pode encobrir as diferenças entre as mulheres. Temos que superar o feminismo da igualdade e da diferença. Sobardar o feminismo poscolonial. Porque cada vaga do feminismo vem de engolir a anterior.

Há que se desenganar, a luita pola igualdade real da mulher nom imos ganhá-la só as mulheres. Teremos que lhe passar o testemunho à seguinte geraçom.

A educaçom das novas roladas tem que estender o foco além do mundo laboral. Por que as mulheres seguimos sem reclamar um salário polo trabalho na sombra. O salário polo trabalho doméstico, os cuidados à família… Graças a todo esse ingente trabalho nom remunerado das mulheres despegou e consolidou-se o capitalismo. Silvia Federici di que o sexo foi sempre um trabalho para as mulheres. A sacrosanta instituiçom familiar amarrou assim, mulheres, filhos e herdança. Federici foi umha das assinantes do manifesto Nunca sin nosotras que pedia a retirada da denuncia contra o sindicato de trabalhadoras sexuais OTRAS. Pois o governo queria ilegalizar este sindicato pola demanda dalgumhas organizaçons feministas.

Hoje o feminismo segue abusando dessa dobre moral burguesa.

Audre Lorde em Os usos do erótico define este como um poder esquecido em nós mesmos. Eu penso que a educaçom feminista deste século tem que acreditar no poder de eros frente ao culto ao dominio e à submissom tanatocrática.

O governo feminista da vida tem que usar do erotismo para organizar a sociedade, para cultivar relaçons horizontais de cooperaçom e combater a violência machista em todas os espaços sociais agás nos cemitérios municipais.