* Este artigo baseia-se na informaçom publicada no blog Pontevedra nos anos do medo, do historiador Xosé Álvarez. Blog cuja leitura recomendamos a todas as pessoas interessadas em conhecer a repressom franquista em Ponte Vedra e na sua contorna.

17 de dezembro de 1934. Só dous meses antes, o intento revolucionário de outubro era reprimido duramente polo governo direitista que dirigia a II República espanhola. Também o soberanismo galego sofre a perseguiçom, com o desterro de Bóveda e Castelao como máxima expressom.

Nesse contexto, os moços pontevedreses da Federaçom de Mocidades Galeguistas (que se acabava de se constituir a começos do mesmo ano em Ourense, na III Assembleia Nacional do Partido Galeguista), decidem sair à rua numha açom de propaganda para divulgar a efeméride da execuçom de Pardo de Cela polos Reis Católicos. A folha voandeira dizia assi: “Lembranzas da F.M.G. Hoxe: 17 de Nadal do 1934. Fai 451 anos que asesiñaron en Mondoñedo ao mártir da liberdade galega: Mariscal Pardo de Cela. ¡Viva Galiza Ceibe!”.

Uns oito moços, acompanhados polo galeguista Francisco Gastañaduy, estám a participar neste reparto de propaganda na céntrica praça da Ferraria quando outros três jovens, direitistas quiçá animados por esse contexto de repressom, tentam impedir a atividade política dos soberanistas. A superioridade do grupo galeguista, que lhes planta cara, impede que os moços espanholistas boicotem o reparto, de maneira que estes decidem fazer umha denúncia à polícia. De facto, recorrem a um capitám de assalto que se encontrava na mesma praça.

Os agressores passam a agredidos por obra e graça dos corpos repressivos espanhóis (numha tradiçom de cumplicidade entre a direita e as “forças de segurança” que chega aos nossos dias), e aginha serám detidos Francisco Gastañaduy e os jovens Manuel Manso, Prudencio Taboada e José de Castro, acusados do reparto de propaganda. Os denunciantes também afirmam que Gastañaduy se dirigira a eles chamando-os “desgraçados espanhóis fascistas” e ameaçando-os com lhes “esmagar os seis testículos”. Ainda esse mesmo dia, também é denunciado o moço José Luís Fontenla Mendes por, alegadamente, ter “maltratado e insultado” um dos provocadores direitosos. Para completar a democrática atuaçom policial, Xosé Álvarez explica que a sede do PG é registada, sendo incautada polos diligentes agentes da lei diversa documentaçom e propaganda, assi como umha bandeira galega “que num dos ángulos tinha umha estrela de cinco pontas de cor verde”. Desconhecemos quais fôrom as consequências posteriores desta atuaçom repressiva.

Para além deste sucesso, nos artigos dedicados à FMG pontevedresa por parte de Xosé Álvarez, também se salienta o feito de que os seus posicionamentos políticos se aproximavam ao independentismo, sendo claramente mais radicais que o PG, assi como a intensidade da sua atividade nos anos de pré-guerra. A organizaçom juvenil tinha a sua sede na rua Tetuám, e em 1934 contava com 27 integrantes entre os 17 e os 20 anos de idade, todos eles homens e na sua maioria estudantes. A sua direçom local estava composta nessa altura por Prudencio Taboada, Manuel Portas e Amador Villar. Aliás, achamos neste grupo pessoas que após a guerra continuarám, dumha ou outra forma, com o seu compromisso com o país, caso de Ramón de Valenzuela (natural de Silheda) ou José Luís Fontenla Mendes.

Porém, a vitória franquista detivo por várias décadas o ativismo juvenil galego em Ponte Vedra, e nom seria até a década de 1960 quando umha parte da juventude começa a organizar-se de novo em chave galeguista, especialmente desde a criaçom da associaçom Amigos da Cultura em 1967 (que tivo um precedente frustrado no grupo Os Novos em 1963), entre cujos impulsores se encontrava José Luís Fontenla Rodrigues, filho do anteriormente citado Fontenla Mendes. A terrível repressom nom conseguira apagar o facho de todo…