Segundo informava esta terça-feira na sua própria web e redes sociais, a empresa energética já apresentou ante o Ministério de Transiçom Ecológica e Reto Demográfico o seu projeto para construir as 38 primeiras “hidrogeneras” repartidas por todo o Estado, duas delas na Galiza. Também anunciava que o projeto alcançaria a cifra de 120 estaçons numha segunda fase, mas nom aclarou quantas destas se emprazariam em território galego.
Da listagem inicial de 38 estaçons, apenas cinco produziriam o hidrogeno que seria disponibilizado em toda a rede de reabastecimento. Umha destas cinco estaçons produtoras seria, tal e como já alertávamos neste portal, a de Meirama. A companhia calcula um aforro de energia primária nom renovável de 124 GWh/ano e umha reduçom de emissons de mais de 30.000 toneladas de CO2 anuais. Nom se especifica de onde saem estas cifras, nem tampouco fam referência nenhuma às consequências de poluiçom e degradaçom do médio.
Fundos Next Generation EU
Os já famosos fundos do plano de recuperaçom Next Generation EU serám os que facilitem este projeto. O Reino de Espanha receberá 140 dos 750 mil milhons de euros a repartir. Dos que algo mais da metade (72.700.000.000,00 €) serám ajudas a fundo perdido e os restantes em forma de empréstimos.
A maioria dos fundos (89,7 %) formam parte do Fundo de Recuperaçom e Resiliência que tenhem como objetivo apoiar, através de subvençons públicas, os projetos “que promovam umha transiçom verde e digital”. Mas como já denunciava Causa Galiza recentemente, este tipo de projetos só ajudam a agravar o status colonial da Galiza.
Um projeto absurdo
Muitos projetos que tenhem como objetivo o espólio de recursos materiais e energéticos das periférias, embora sejam mui poluentes e nom aportem benefícios à populaçom local, sim som energeticamente viáveis. Este pudo ser o caso das centrais térmicas de Meirama e das Pontes: poluírom a terra, o ar e as água, segárom a vida de muitas aldeias e destruírom o patrimônio, mas quanto menos geravam energia. No caso que nos ocupa, nem isso. Nenhuma empresa privada se embarcaria num projeto como este se nom houver dinheiro público que o torne economicamente rentável.
Neste caso acontece que energeticamente nom é rentável. Nom é que o ganho energético seja percentualmente pequeno, é que o processo consome mais energia da que produze.
[Explicaçom técnica] Para exemplificar o absurdo do projeto, imos representar um simples balance energético. O processo industrial da hidrólise da agua tem atualmente um rendimento que oscila entre o 50 o 70 %, cifra varia em funçom da tecnologia empregada e o tamanho da instalaçom. No entanto existem estimaçons que auguram que se poderia alcançar no futuro o 80 %, mas de momento é só um desejo. Em qualquer caso, imos supor a hipótese mais optimista: o 80 % de rendimento. Isto que significa? Que se temos, por exemplo, 100 Kwh de energia elétrica (independentemente de como fosse produzida) depois da hidrolise, teríamos 80 Kwh de energia em forma de Hidrogeno (2,54 Kg). Já perdemos 20 Kwh. Além disto, este Hidrogeno haveria que comprimi-lo porquanto é um gás com umha densidade mui baixa (estes 2,54 Kg ocupam em Condiçons Normais mais de 28 m3) e, como é obvio, comprimir um gás implica outro gasto de energia. Para que seja manejável como combustível em automóveis é imprescindível comprimi-lo a pressons mui elevadas e por tanto som necessários depósitos robustos para suportar esta pressom. Como exemplo, um dos poucos veículos de hidrogeno que existem, o Honda Clarity FCX dispóm dum depósito que ocupa 180 litros e pesa 91 Kg baleiro. Este tem umha capacidade de armazenagem de só 4,1 Kg. de H2. Estimar umhas perdas do 10 % no processo de compressom é ser mui optimistas. Já perdemos outros 8 Kwh. Restam 72 Kwh. O Hidrogeno armazenado neste depósito, a pressons que ultrapassam facilmente os 300 bares, abastece a cela de combustível que “queima” o gás e produze novamente energia eléctrica (processo inverso à hidrólise e que tem um rendimento da ordem do 60 %). Já perdemos outros 28 Kwh. Restam 44 Kwh. Exato, primeiro gastamos energia elétrica para produzir o Hidrogeno, e depois no automóvel fai-se o processo inverso para volver obter a energia elétrica, mas em muita menor quantidade. Esta energia final de 44 Kwh é com a que se carrega a bateria do automóvel porque, compre recordar, esta tecnologia nom elimina as baterias elétricas dos automóveis, apenas reduze o seu tamanho. Partíamos de 100 Kwh e acabamos com 44 Kwh, e todo isto sem ter em conta outras perdas evidentes, como a energia empregada para a purificaçom do hidrogeno produzido ou as (enormes) perdas da sua armazenagem e distribuiçom. Tendo em conta todo isto o rendimento dificilmente alcançaria o 30 %. |
E compre lembrar também que tampouco se fixo referencia aos danos ecológicos que produziriam as plantas produtoras de H2, principalmente a alcalinizaçom e a poluiçom das águas.
Com todos estes inconvenientes, por que nom empregar os 100 Kwh em carregar diretamente a bateria dum automóvel? Porque há um pastel de 72.700.000.000,00 € em jogo. Se no seu dia a central térmica de Meirama polo menos gerava energia elétrica, agora nem isso.