Em 1993 instalou-se o primeiro parque eólico na Galiza. Começárom forte; os primeiros moinhos erguérom-se num espaço de especial importância medioambiental, paisagística e mesmo simbólica, o emblemático cabo Vilám, em Camarinhas. A seguir, os gigantes estendérom-se por toda a Costa da Morte e aginha atingírom outras serras litorais como a Barbança. Era o começo do grande espólio do monte e do vento galego. Quase três décadas depois, a proliferaçom massiva dos parques eólicos abrange a maior parte das serras galegas, com especial impacto nas serras litorais e a pratica totalidade da dorsal galega. E precisamente aqui, nas serras centrais e meridionais da dorsal, onde se manifesta com maior crueza a escala da expropriaçom e da despossessom. Dos montes da Paradanta ao Farelo, do Faro de Aviom ao Testeiro, do Suido ao Candám, da serra do Faro ao Cando, a omnipres dos moinhos na paisagem evidencia a magnitude da desfeita e do espolio colonial. Foi ao abeiro da luita contra o desembarco das eólicas nas serras galegas, entre outras agressons ao monte, quando nascérom multitude de organizaçons, coletivos e plataformas ecologistas de âmbito local e comarcal. A Assembleia do Suído é um bom exemplo. Nascida em 1995 para a defensa da serra contra os planos das eólicas, desenvolveu umha importante atividade na defesa e divulgaçom dos valores ambientais e do património do espaço natural.
O Suido é umha paragem de meia montanha situada dacavalo das comarcas da Paradanta e o Ribeiro, e em menor medida da montanha da comarca de Ponte-Vedra, e estendem-se por terras dos concelhos de A Lama, Aviom, Beariz, Covelo, Fornelos de Montes e Mondariz. Entronca ao Sul com os Montes da Paradanta, ao Norleste com o Faro de Avióm e ao Norte com a serra do Cando. Com altitudes próximas aos mil metros nos cumios mais altos, destaca polo seu alto valor paisagístico e ambiental e polo seu rico património etnográfico e arqueológico. Nos seus amplos planaltos inçam as turbeiras, hábitat declarado prioritário e em perigo de desapariçom pola Uniom Europeia, e agocha umha populaçon estável de lobo ibérico. Aliás, nas cabeceiras dos seus vales abrolham inumeráveis regatos e correntes de auga que alimentam importantes rios como o Tea, Ávia, Verdujo e Oitavém. As fervenças abundam nos cursos altos. Também destaca o bom estado de conservaçom da carvalheira da Gesta, umha das maiores e melhor conservadas das poucas que ficam nas comarcas mais meridionais das Rias Baixas.
Vinte e cinco anos depois da sua fundaçom, a Assembleia do Suído volve à luita. Segundo a nota de imprensa enviada a nossa redaçom, o motivo da ativaçom radica no feito de que “logo de todo este tempo transcorrido a serra do Suido segue sem proteçom legal e os mesmos projetos contra os que luitamos desde o limiar seguem a ameaçar este espaço”. Concretamente, o coletivo ecologista reage contra o projeto de instalaçom de moinhos na contorna de Coto das Airas, umha zona declarada Área de Especial Interesse Paisagístico (AEIP). A instalaçom de aerogeradores afetaria as turbeiras de montanha e aos aquiferos da serra, para além do forte impacto na paisagem numha das poucas zonas da dorsal galega nom afetada polos parques eólicos.
Lembram que a proposta da Rede Natura 2000 que inclui este espaço leva quinze anos esquecida numha gaveta. Aliás “chamam a atençom sobre o a conivência do governo da Xunta com as corporaçons mineiras e eólicas que cobiçam os recursos do território sem ter em conta os interesses das comunidades rurais numhas terras afetadas gravemente polo abandono das exploraçons, o despovoamento e o envelhecimento”. Também denunciam a atitude passiva e o de acatamento por parte das autoridades municipais do concelho de Covelo, governado polo PP. Vinte e cinco anos depois da sua fundaçom, a luita da Assembleia do Suído em defesa da terra continua.