Neste artigo de há mais dum século, o sindicalista e dirigente nacionalista irlandês James Connolly escrevia, com toda claridade, sobre a insuficiência do regionalismo, e a fusom indestrutível da causa nacional e social. Recuperamos a sua argumentaçom para a nossa secçom formativa dos sábados.

‘Durante geraçons o trevo foi proibido como emblema nacional da Irlanda, mas no apuro presente Inglaterra utiliza o trevo como meio de inculcar aos irlandeses parvos lealdade cara Inglaterra. Durante séculos a bandeira verde de Irlanda foi umha cousa maldita e odiada polas guarniçons inglesas em Irlanda, e ainda hoje o é no mais fundo dos seus coraçons. Mas na Índia, Egipto, Flandes, Galípoli, a bandeira verde é utilizada polos nossos dominadores para animar os soldados irlandeses de Inglaterra a que entreguem as suas vidas pola causa do poder que nega ao seu país direito a ser umha naçom. As bandeiras verdes ondeam por riba das oficinas de recrutamento em Irlanda e Inglaterra como um cebo para engadar os pobres e parvos a mortes desonrosas com o uniforme de Inglaterra.

A imprensa nacional da Irlanda, a autêntica imprensa nacional, nem corrupta nem estarrecida, logrou rejeitar com grande sucesso a maré de desmoralizaçom e abrir as mentes do público irlandês para se decatar da verdade acerca da posiçom do seu país na guerra. A imprensa nacional de Irlanda é umha autêntica bandeira da liberdade ondeando pola Irlanda apesar do inimigo, mas também é bom que ondee em Dublim a bandeira verde deste país como ponto de juntança das nossas forças e de encarnaçom de todas as nossas esperanças. E em nengures poderia ondear melhor essa bandeira que na invita cidade da classe obreira irlandesa, Liberty Hall, a fortaleza da classe obreira militante da Irlanda.

Queremos umha Irlanda para os irlandeses. Mas, quem som os irlandeses? Nom o terratenente usureiro e proprietário de casoupas, nom o capitalista negreiro devorador de lucros, nom o advogado meloso e graxento, nom o jornalista prostituído, mentireiro alugado polo inimigo. Nom som estes os irlandeses dos que depende o futuro. Nom som estes senom a classe obreira irlandesa, o único alicerce seguro sobre o que se pode erguer umha naçom livre.

A causa dos trabalhadores é a causa da Irlanda. A causa da Irlanda é a causa dos trabalhadores. Nom podem ser arredadas. Irlanda procura a sua liberdade. Os trabalhadores procuram que umha Irlanda livre seja a única dona do seu próprio destino, suprema senhora de todas as cousas materiais dentro e sobre o seu chao. Os trabalhadores buscam fazer livre a naçom irlandesa e guardiana dos interesses do povo de Irlanda, para assegurar esse objectivo ham conferir a essa livre naçom irlandesa todos os direitos de propriedade contra as pretensons do indivíduo, com a intençom de que o indivíduo poida ser enriquecido pola naçom e nom com espólio dos seus compatriotas.

Levando em conta perspectiva tam alta e tam sagrada tarefa para ser realizada pola naçom, nom é ajeitado que nós, a classe obreira, luitemos por ceivar a naçom do domínio estrangeiro como primeiro requisito para o livre desenvolvimento dos poderes nacionais que a nossa classe precisa? Já que logo, o domingo 16 de abril de 1916 a bandeira verde de Irlanda será erguida solenemente sobre Liberty Hall como símbolo da nossa fe na liberdade nacional para todo o mundo que a classe obreira de Dublim apoia a causa de Irlanda, e a causa de Irlanda é causa dumha nacionalidade separada e distintiva.

Nestes dias de dúvidas, desespero e esperança anovada, lançamos a nossa bandeira ao vento, a bandeira dos nossos pais, o símbolo da nossa redençom nacional, a raiola brilhando sobre umha Irlanda renascida.

Fragmento dum artigo publicado no ‘Worker’s republic’, 1916, traduzido para o galego em Nacionalismo e imperialismo, Laiovento, Compostela, 1993. Adaptaçom ortográfica de Galiza Livre.