Desta volta temos a oportunidade de falar com umha pessoa à que nom lhe fai falha apresentaçons: Pablo Hasel. Poeta e rapeiro nascido em Lleida e que, nos últimos anos, saltou à palestra dos principais meios de propaganda oficial polo seu compromisso e solidariedade coas luitas populares e, sobre todo, por cantar as aventuras dos Borbons e pôr-lhe ritmo às laceiras que sofrem acotio as gentes de a pé… Atualmente, é umha mostra mais da repressom que tenhem que aturar aquelas pessoas que se saem dos discursos oficiais e por isso, como já lhe passara no seu tempo ao canta-autor Suso Vaamonde, encontra-se aguardando a sua entrada em prisom.
Olá, Pablo. Que tal? Bom, conta-nos; qual é a dia de hoje a tua situaçom legal?
Tenho duas sentenças firmes, por fazer cançons e escrever chios, ratificadas polo Tribunal Supremo e estou aguardando a data do ingresso em prisom, se nom recuam por mor da solidariedade. Entre as duas somam mais de quatro anos (contando-a pena pola multa de mais de 20.000 euros que nom paguei).
Além disto, estou aguardando outros recursos de condenas de prisom por mor de luitas mais alo da música. Umha é por umha montagem policial, da policia local, por ter denunciado publicamente que lhe dérom umha malheira a um companheiro meu do coletivo por enganchar cartazes a favor da autodeterminaçom; de onde saírom impunes graças à ajuda dum colaborador seu que testemunhou ao seu favor e que despois viu a agredir-me por assinala-lo. Condenaram-me a dous anos e meio de prisom sem provas, porque sem parte médico esta pessoa inventou que o agredira eu primeiro e que o tinha ameaçado de morte. Tam só por esta condena também poderia ser encarcerado, se o recurso nom o amanha, porque soma mais de dous anos.
A outra, também sem provas, foi por um briga com um mal chamado jornalista de TV3. Numha luita na universidade, contra a presença como professora da fascista subdelegada do governo do PP. Eu participava coma solidário já que nom som estudante. Este mercenário entrou a força na sala onde nos atopávamos; empurrando-nos, rachando cousas, e inclusive furtou o cartom dumha câmara e, ainda por riba, quando o botamos, ele denunciou; para variar, a injustiça condenou-me a mim. Empregando-me, umha vez mais, coma cabeça de turco por ser quem som.
Precisamente, foi por mor da condena derivada por esta denuncia que nos ves de contar polo que volveche sair nos meios oficialistas. Porém, os teus confrontos co poder judicial do estado espanhol venhem já dende há anos. Poderias resumir um chisco como viveche todo este processo desde as primeiras detençons?
Foi um acosso constante, nom só contra mim, também contra o meu entorno. Registos e denuncias constantes, ameaças, detençons, condenas, proibiçons de concertos, as eivas engadidas para encontrar emprego, etc. Levo anos sabendo que em qualquer momento podem encarcerar-me e se ainda nom o figérom é graças a que tenho um entorno que organiza a solidariedade; por isso tudo o que venho de relatar-vos também o sofrem eles, ainda que em menor escala, mas chegando ao ponto de que três pessoas solidárias podem ser condenadas a um ano de prisom por pendurarem umha faixa a prol da liberdade de expressom na sede do PSOE de Lleida. Este nível de repressom, que comparado coa doutros nom é o mais elevado nem de longe, nom poderia suporta-lo se nom tivesse claro que literalmente prefiro estar morto que renunciar a luitar por causas justas e urgentes. Assim que dentro do duro que é e das numerosas dificuldades levo-o bastante bem, na medida do possível.
Tens algumhas outras causas ou acusaçons?
Amais das já mencionadas, tenho ou ando aguardando juízos por ocupar bancos polo direito a vivenda, fazer pintadas, acudir a manifestaçons ou por um delito de ódio contra o jogador nazi Zozulya ao escrever chios contra dele explicando o que é. Em Maio, julgaram-me por isto último e podem condenar-me até a quatro anos mais de cadeia.
Como enfrentas a possível entrada em prisom?
Com muita raiva e impotência ante a enorme injustiça, com tristeza porque ainda fai falha muita luita e solidariedade ou polo dano que causam aos meus seres queridos mais próximos.
Mas, apesar dessas acusaçons, seica pras instituiçons és mais útil fora, já que essa entrada à cadeia nom se dá cumprido. Achas que esta espera pode ser um mecanismo de pressom psicológica cara a ti e mais cara ao teu entorno, e tentar assim submeter-vos. Ou, inclusive, para reprimirem outras pessoas que se sintam tentadas a implicar-se nas luitas sociais, a fazer rap ou escritura combativa, etc.
Som-lhe de utilidade para causar-lhes terror aos outros, sim, mas para eles também som um perigo; seja no cárcere ou na rua, assim que devem estar a calibrar onde som menos daninho. Estas esperas empregam-nas a modo de tortura psicológica, para desgastar, e claro que é difícil, mas também me mentaliza e fortalece-me. Infelizmente, nom todo o mundo atura isso e muitos, por muito menos, rematam claudicando por isso provam comigo a ver se lhes resulta.
Conheço muitos artistas que me tenhem dito que pensam igual, ou mais ou menos similar, mas nom o expressam por medo à repressom. Essa é umha repressom muito mais invisível: o terror que instalam na populaçom para frear os protestos. Se nom tiraram algo dela nom a empregariam, é evidente. Porem, no meu caso, como nom retrocedim nem umha vírgula, mais bem tudo o contraio, eles também pagam um preço. Por isso é tam importante organizarmos a solidariedade para, entre outras cousas, trocarmos a repressom na sua contra e que perdam o apoio da populaçom, enquanto nos fortalecemos nós. No meu caso, todo isto reafirmou-me e cada dia fai-no mais.
Falando de rap e do mundo da cultura, como foi a sua reaçom perante os casos de censura que se estám dando contra os companheiros do grémio? Recebeche muitas mostras de solidariedade a raiz das tuas detençons?
Na minha primeira detençom, aló polo ano 2011, com registo policial no meu lar, recibim pouca. Perante as últimas, muita mais. Neste senso tem-se avançado bastante apesar de que ainda fica muito caminho e o perigoso é que estám logrando que a repressom vaia normalizando-se. Ainda assim, apercebim muito mais apoio que antes, sobre todo em Catalunha, por todo o acontecido nos últimos três anos, desde o referendo. Porem, também o notei desde o resto do Estado. Nota-se que o regime tem umha profunda crise de legitimidade e que cada vez enganam a menos pessoas co conto de que somos os “maus” e que, polo tanto, merecemos a repressom.
No nível artístico ainda há pouca, se achamos como solidariedade o que vai mais aló dum chio. É um mundo mui individualista (ao fim e ao cabo como reflexo da sociedade) e há muito vagar ao respeito. Ainda que também há algo mais que há uns anos e o feito de que sejamos quinze rapeiros condenados a prisom, também contribuiu.
Em muitas das tuas cançons já tinhas denunciado as concesons que a “nova política” vem fazendo no seu ascenso. O certo é que semelha que, agora, coa sua entrada no governo a cousa nom só nom troca se nom que rematam por serem os cúmplices dos recortes e demais medidas que tome o PSOE. Como olhas as possibilidades que tenhem dentro da coaligaçom?
Á vista esta que nom cumprem nem coas esmolas que prometiam. Como o Ingresso Mínimo Vital que nom chega quase a ninguém e que amais tampouco permite viver dignamente. Figérom Ministro do Interior o torturador Marlaska (como diz até o Tribunal Europeu) e perpetuam a repressom; entre outras cousas nom figérom absolutamente nada para evitar que nos engaiolem, facilitárom a aprovaçom da lei mordaça digital, nom derrubárom a própria lei mordaça e nem tam sequer cumprem a lei penitenciaria, já que nom libertam os presos seriamente doentes ou idosos e extermina-nos coa desatençom medica coma fam também cos presos políticos. Claramente som um partido do regime e se alguém acredita que nom podem fazer mais, tampouco poderá demonstrar que o tentam. Termando do PSOE som culpáveis e cúmplices de cadansua política. Mentírom até quando diziam que jamais iam suster um governo que figesse isto. Normal que oligarcas coma Ana Botim, chefa do Banco Santander, louvem ao governo. Avonda como exemplo que a Ministra de Trabalho, que é das suas, tenha falado maravilhas do explorador de adultos e crianças Amâncio Ortega; normal que permitam a sobre-exploraçom mais brutal.
Coa gestom do coroavírus volvérom a dobrar-se perante a oligarquia. Em troca de dotar a sanidade cos meios precisos, de deter o trabalho nom essencial quando era imprescindível ou de dá-las ajudas necessárias para poder viver; enchérom as ruas de militares e policias abusando, subindo-lhes um vinte por cento o jornal, mal-gastando milhons no aumento do gasto militar, etc. Jogárom coas ilusons de muitas pessoas desencorajadas e o certo é que o único que melhoram som as vidas deles, enquanto a miséria vai em aumento, isto é um fito objetivo. Figérom-lhe muitíssimo dano ao movimento popular, aniquilando movimentos sociais ou afastando a luita das ruas (para isso os alçárom nos grandes meios) semeárom a mentira de que iam mudá-lo tudo integrando-se na casta. Poderia passar horas citando-vos todas as suas falcatruadas a todos os níveis mas qualquer que nom queira cegar-se pode olhar como se encontra a situaçom.
Agora que o rei tivo que liscar de férias, a gasto pago, empurrado polas mesmas novas de corrupçom que ti cantavas e polas que te sentárom no banco dos acusados; alguns (poucos) setores vêm possível realizarem um referendo para decidirmos sobre o modelo de Estado. Acreditas que poderia chegar-se a dar o caso ou, mais bem, atopamo-nos perante outra restruturaçom do regime do 78?
Fazer um referendo seria dizer que se ganha a monarquia esta é legitima, amais de supor que se faria em igualdade de condiçons para ambas partes. Nom, a monarquia deve condenar-se por tudo o saqueado e pola opresom criminosa que nos impugérom. Nom o qualificaria como o regime do 78, é o regime do 39 com umhas poucas reformas superficiais para enganar-nos e polo tanto submetermos melhor, mas o poder continua sendo dos mesmos e no entanto nengam-nos direitos e liberdades democráticas desde o ano 39. Outra das canfurnadas de Unidos Podemos foi permitir que o emérito saia impune, coma quando lhes ouvimos afagar o rei Felipe, assim que um já pode aguardar qualquer barbaridade destes farsantes.
Acho que só perante umha séria agudizaçom da crise do regime, com revoltas nas ruas, poderiam tirar-se de riba a monarquia para branquearem-se e que tudo fique igual com umha republica: ao modo da transiçom. Cada vez que o regime se vê em apuros tira alguma manobra para maquear-se. Como venho de citar, isto já o figérom alçando a Podemos. Cousa que também figérom com C’S e mais com VOX; este último para tentar branquear o resto e desviar assim a atençom.
Em contraste coa ideia deste referendo pactuado, em Catalunha pudemos olhar as consequências que produz atrever-se a votar ou decidir sobre assuntos que nom lhe interessam ao aparato do Estado, como vês a situaçom do procés na atualidade?
O processisme nom é independentismo. O independentismo é combativo e está nas ruas, saiu depois das sentenças a fazer-lhe frente aos corpos repressivos e a cometer açons de desobediência. Os partidos políticos grandes, que se chamam independentistas, amostrárom, cos seus feitos, ser um calote ao claudicarem perante a repressom da maneira mais patética. Renumciárom à luita e ainda por riba criminalizam ou como fixo a Generalitat som acusaçom particular contra os independentistas ou diretamente enviam os Mossos a repartir. Enganárom milhons de pessoas dizendo que nom se iam dobrar e que iam desobedecer até a independência, mas desmobilizárom e rejeitárom a única via possível, a unilateral, em troca dos indultos. A rendiçom chega ao ponto de que ERC esta sustendo o governo do PSOE que apoiou, e apoia, a brutal repressom contra do independentismo e da autodeterminaçom. Mas cada vez mais pessoas caem na conta disto e só falha a organizaçom à margem para que, quando a crise do regime agudize, se poda tentar de verdade. Há um imenso potencial que os políticos alcançárom a frear em grande medida, mas serám as próprias condiçons objetivas as que rematem por fazê-lo estourar; já que este regime de fascismo encoberto jamais oferecerá umha soluçom democrática.
Como ves de dizer, atualmente semelha que os políticos catalans tenhem mais disposiçom a negociar. Isto pode dever-se ao temor de que seja a açom popular a que colha as rédeas, marcando-lhes os rimos à açom politica?
Totalmente. Se eles temem algo, isso é que a classe trabalhadora tome consciência do grande poder que temos. Amais, eles mesmos, olhando a resposta do Estado, levam umhas vidas muito luxuriosas como para pô-las em risco. Mas, nem tam sequer tivérom a decência de demitir e deixar passo a pessoas valentes. Na linha do que apontas, eles querem umha república burguesa e umha grande parte nom vai arriscar-se para ficarem num pais de merda senom por umha vida melhor. Por isso se lhes poderia ir das maos e que a insurreiçom colhesse um caráter próximo ao Socialismo o que os aterra como representantes do capitalismo que som. Como digo pudérom atrasá-lo, mas o povo aprende liçons e para vindoura ocasiom nom se deixará desmobilizar por umha panda de parasites vende-fumes.
Bom, pola nossa banda isto seria tudo. Gostaríamos de rematar agradecendo-che a atençom e deixar-che este último espaço por se quigeres comentar algumha cousa mais.
Agradeço-vos a oportunidade de poder expressar-me e lembrar que mirar para outro lado nom é umha opçom valida. Ou implicamo-nos na luita ou, cada dia que passe, imos ir ficando com menos. Sejamos conscientes de que todos podemos aportar muito, dumha maneira ou outra, à verdadeira mudança que acho que passa por organizarmos umha revoluçom coa que derrubar o regime e assim conquistarmos o socialismo que nos faga livres como povo e como classe.
Vivam os/as que luitam!
Apertas e saúde!