Umha das crenças mais castradoras de nossa cultura é que “nom saber dizer nom é ser boa de mais”, e assim perpetuamos a distorçom de abusada e de abusadora como uma relaçom afetiva quando é umha relaçom de poder, quando nada mais é um uso mercantilista do afeto.
Aos dous anos de idade as nenas e nenos costumam descobrir a palavra NON e dizem nom o tempo todo, é também a idade da raiva, por isso é um ano muito importante, é o ano em que se integra a liberdade que está totalmente ligada ao permisso para definir limites. É um ano mui difícil para a criança e para o país.
Non saber dizer que nom trai consequências graves…quem nom se concede permisso para dizer nom, acumula ressentimento e raiva. Como nom se permite pôr limites retroflete todo esse abuso (infelizmente consensuado coa distorçom de ser aceitado, querido, aprovado, bo) e autodestrói-se, impotentizando-se ao máximo, apagando o impulso vital, caindo em depressom (a depressom é umha doença que pode matar).
Há muita gente na nossa cultura que sente o limite do outro como umha agressom (non se lhe pode frustrar, non se lhe pode pôr um limite, porque essas pessoas que nom os colocam muitas vezes inconscientemente exercem a mesma impotência no outro)e assim passa a ser uma corrente de pessoas que sacrificam seu espaço pessoal para serem aceitas…
Desmascarar ao ego nom é bonito nem agradável, todas criamos umha personagem inconscientemente quando pequenas para ter um lugar no nosso ambiente, mas quem somos por trás dessa máscara?
Dizer nom é lindo, reflete o respeito que umha tem polo seu ser, é o verdadeiro amor-próprio, entom desde este lugar de respeito e amor pola sua vida umha pode desenvolver laços saudáveis, laços nos quais umha/um pode dizer nom e é aceitada e amada polo que realmente umha é, umha non é cousificada, nom tes que servir. Ti és um ser completo com os teus direitos e teus limites, e deste jeito nom nos pisamos uns os outros, non nos invadimos, compartilhamos. “Até aqui!…porque desta linha para adiante começa o sacrifício e isso leva consciente ou inconscientemente a ser cobrado, umha amizade nom é umha troca de favores: isso é interesse, é assim que funcionam as máfias.
Prefiro ser respeitada a ser “malquerida”. O amor está mui prostituído…o amor é respeito, isso que nos tempos narcisistas e exigentes de hoje é uma agulha no palheiro, em nome do amor cortam-se asas diariamente. “digo-lhe nom (frustro-a, logo som a má) Julgamentos e sentenças, gaiolas emocionais. Nom me queiras tanto e cuida-me mais.
Os discursos “flower power” som mui perigosos porque estám cheios de manipulaçom emocional, entom um bom truque é nom prestar muita atençom no que fala… e melhor observe o que fai, nom se deixe enganar em nome do amor, isso nom é ser bom/boa, isso é umha trampa, corra! Estám cortando suas asas, castrando-te (como vai ser boa para a outra pessoa se nom é bom para ti mesma? Esse ponto de partida é pura fantasia).
As pessoas costumam dizer “é um/umha santa” para se referir a pessoas que nom estabelecem limites, craso erro! Se revisamos as biografias de santos, vemos como a maioria foi repudiada em vida por mostrar o seu limite, por quebrar as regras, por explodir de raiva. Muitas vezes a raiva é sagrada, ela preserva a tua parte mais vulnerável. Quando alguém sai dumha gaiola num ambiente de castraçom( onde dizer nom é ser má) e começa a mostrar o limite, pode ser rejeitado. Mas se nom o fas, quem está rejeitando a quem? Se umha está consciente disso e nom o fai por medo da raiva do outro ou da dor que isso lhe causa à outra, tu tens um problema de dependência emocional, e essa é umha raiz mui profunda.Precisa-se de muita coragem e estar disposta a cruzar um caminho de soidade até entrar em contato com pessoas que sabem amar, que aceitam os limites do outro e nom se deixam comprar com empadas ou milhares de euros. O caminho é longo, nom há magia, há trabalho igual a arar a terra, muito trabalho e paciência, não dá para ir do outro lado sem atravessar o rio. Todo o resto som efeitos placebo, transitórios, dietas “milagrosas” com efeito ioiô, sejam físicas ou psicológicas.
Força e paciência.