(imagem: Agostiño Iglesias) Um rural desabitado é um rural desarmado perante as máfias empresariais que pretendem aproveitar até a extenuaçom o nosso meio. A minaria é um desses aproveitamentos que está ameaçando de maneira constante a nossa terra. De maos dadas com a administraçom, abrem-se caminho sem maior problema. Mas a minaria nom é o futuro para este País, e assi se encarregam de lembrá-lo as activistas em contra da mesma. Em Beariz, organizam-se desde hai meses para tentar impossibilitar o radicamento de umha empresa na zona. Falamos com elas.

A empresa Recursos Mineiros de Galicia está a planejar uma mina para explorar vários minerais no município de Beariz. Como isso pode afetar os recursos naturais do meio ambiente e do entorno?


Os recursos naturais seriam seriamente afetados, em particular onde se pretende radicar as instalaçons , visto que os habitats presentes nos 69000 m2 seriam soterrados sob os entulhos gerados pela escavaçom e construçom das naves. Alguns habitats de interesse comunitário e habitats prioritários que veriam afectados som os seguintes: Florestas de ribeira, uzeiras húmidas atlânticas, rios, carvalheiras, e uzeiras secas europeias

Além de todos os arredores, tanto as espécies de fauna, como a água (nascentes, rios) também se veriam afetadas. Para passagem de maquinária, para abertura de galerias de até 300 m de profundidade, para voaduras, para machucadura de minerais e processo de extraçom, etc …

É importante lembrar que a área protegida da Rede Serra do Cando Natura está muito próxima do projeto inicial de abertura da mina, e também que estamos na nascente de rios que morrerám na zona norte do Lérez e por último na Ria de Pontevedra, na regiom ao sul do Avia e o Minho e a oeste para o Verdugo até a Ria de Vigo.

Além disso, existem muitas aldeias incluídas ou muito próximas da concessom de exploraçom solicitada pela empresa e que abrangem uma faixa de 12 quilômetros dos municípios de Avion, Beariz, Forcarei, A Lama e Cerdedo-Cotobade, sendo que a maior parte da vizinhança nom conhecia ou ainda nom conhece o projeto apresentado pela empresa e as consequências que pode causar. No último mês começamos a nos informar e a conversar uns com os outros e a maioria das pessoas da área nom quer a mina, tanto pelos efeitos na floresta e na água, nas fazendas e na riqueza da floresta, quanto diretamente pela perda de qualidade de vida.

Imagem: Plataforma Mina do Cando Nom


Durante a operaçom inicial, a empresa pretende extrair 500.000 toneladas por ano, durante mais de 20 anos, fazendo até 7 detonaçons diárias com mais de 200 kg de explosivos cada. O materia moveria-o mais de 50 caminons pesados ​​diários até o porto de Vigo cruzando muitas de nossas aldeias, como Doade, A Bouza, Beariz, Muradás, Lebozán … (e já temos a experiência desastrosa dos tráilers dos eólicos na N-541).


Além disso, no nível humano, os empregos que podem ser acessados ​​pelos vizinhos no meio ambiente serám os mais precários e mais mal pagos, em condiçons adversas de trabalho, em galerias de até 400 metros de profundidade e expostas a minerais radiativos (na maioria das vezes já trazem contratos qualificados de fora, sendo pessoas que nem mesmo ficam para viver na contorna).

Para os idosos, caso a empresa consiga se desfazer dos estudos de impacto ambiental, todas as doenças e patologias relacionadas aos anteriores, nom seriam reconhecidas como enfermidade laboral, agravando os problemas dos afetados e deixando-os sem indenizaçom pela empresa.




Como recebeu
a vizinhança o projecto? Que ideia existe do mesmo?


Pois bem, como apontamos acima, a maior parte do bairro desconhecia (alguns de nós também) até há pouco tempo o referido projeto e acreditamos que ainda existe uma grande parte que ainda o desconhece.

Há quase um ano e meio, numa conversa com um colega que acabara de passar pelo norte de Portugal, numa manifestaçom organizada por grupos antiminas (só no norte de Portugal estám actualmente perto de 7 concursos públicos de concessom mineira, muitos deles Lítio principalmente) que surgiu a conversa sobre o que se passava aqui, disse-nos que tinham começado em Portugal mas que a Galiza seria o próximo território afectado. Foi a primeira vez que ouvimos falar da mina de lítio projetada em nosso território, mas ninguém mais sabia de nada e nom encontramos respostas em lugar nenhum.


Algum tempo depois, entramos em contato com Joám Evans (da ContraMINAcción), e outros grupos como Ecologistas em Acçom, WINERY, … e foi entom que ficamos sabendo da dimensom desse projeto e da situaçom em que se encontrava: as pesquisas foram feitas em 2012 pola empresa canadiana Solid Mines que vendeu este projecto à actual empresa Recursos Minerales de Galicia SA, e que aguarda para saber se a Xunta lhe concede o direito de exploraçom direta sem Estudos de Impacto Ambiental.

Como podem imaginar a nossa surpresa foi enorme, como é que as empresas mineiras e a Xunta levam tanto com este projecto nas maos e nom sabíamos de nada !? Entom começamos a conversar sobre isso e nos conectarmos uns com os outros, vizinhos de diferentes vilas e municípios afetados pelo projeto da Mina de Lítio “Alberta 1”. Para a grande maioria era a primeira vez que ouvia falar desse assunto, entom a única coisa que existia era o desconhecimento, às vezes também uma certa desconfiança de que “nom fosse para tanto” se nom se tinha ouvido falar, e quase ninguém tinha ouvido das prospecçons feitas pela empresa, ou quem sabia, deu por certo que depois de tanto tempo a história já havia morrido.


Foi entom que decidimos realizar as jornadas informativas de 26 de Julho em Doade.

As vizinhas de Doade presentes na conferência conheceram o projeto e as prospecçonss realizadas, pois muitos som comuneiros dos montes vizinhais e foram avisados ​​quando realizaram a empresa os testes. No entanto, as pessoas presentes geralmente careciamos de muitas das informaçons negativas que esconde a empresa: todos os problemas relacionados com lixiviados, derramamentos, a presença de minerais radioativos, argalhadas para tentar saltar os Estudos de Impacto Ambiental, …

Esta informaçom afirmou a anterior posiçom de oposiçom à mina dos vizinhos e comunas, tanto de Doade como dos outros concelhos afectados.

Mesmo assim, é claro, sempre se ouve falar dos benefícios em empregos que trazem projetos como este na nossa Galiza rural despovoada. Mas quando se explica que o número de vagas oferecidas nom é tam grande (cerca de 90 neste caso), que a maioria será ocupada por técnicos estrangeiros, que as prováveis ​​vagas que permanecerám para as pessoas da área serám aquelas com piores condiçons (em profundidade , que maneja maquinária pesada, exposta a altos níveis de radiaçom e sujeita a doenças diretamente relacionadas a esses empregos), e que quando a empresa nom tiver lucro para explorar e tiver recursos totalmente explorados, vai-nos deixar sem uma montanha para recuperar, vida selvagem morta e sem água para beber, as pessoas entendem o engano a que nos levam mais uma vez com a lógica do “pam para hoje e fome para amanhã”.


Em que ponto estades agora? Que possibilidade real a empresa tem de se estabelecer aí?


No momento, estamos aguardando para saber se a Xunta permite a transiçom de umha licença de pesquisa para umha licença de concessom de exploraçom, sem os procedimentos de Estudo de Impacto Ambiental.

Isso significa que se a Xunta conceder tal permisso, teremos umha operaçom de mineraçom que contorna todos os protocolos de proteçom ambiental. A Xunta parece ser muito favorável a este acontecimento e a actual Lei da Predaçom da Galiza (camuflada com o nome de “Lei de Promoçom da Implementaçom de Iniciativas Empresariais na Galiza”) facilita este e muitos outros projectos de exploraçom do território.

Deve-se lembrar também que a empresa está apresentando o projeto em parcelas e que caso a Xunta conceda a licença de exploraçom para a primeira parte apresentada (a franquia que afeta diretamente Doade, Beariz, denominado “Coto Tocayo”) isso implicará em concessom direta para o resto do projeto! (que atinge os municípios de Forcarei, Avion, Cerdedo e A Lama).

Por tudo isso, atualmente, estamos apresentando alegaçons, dirigidas à conselharia de Meio Ambiente e à conselharia da economia, emprego e indústria para exigir os Estudos de Impacto Ambiental necessários e que a Xunta e a empresa nom podam ignorar que neste projeto há três motivos para a necessidade da avaliaçom ambiental:
– Gerar drenagem ácida de mina
– Existência de minerais radiativos (neste caso Césio, Tório e Rádio)
– Risco de afundamento: a exploraçom fica a menos de 1km do núcleo Doade, o que leva a riscos de colapso e derrubes.

Acreditamos sinceramente que um projeto como este viola todas as regulamentaçons, apesar de ser já escasso e “desprotector” para com o meio ambiente, e que adaptar este projeto a todos os requisitos de controle ambiental acarretaria um enorme gasto para a empresa tornando o projeto nom mais tam lucrativo. Mas a realidade nos diz que grandes empresas aliadas ao governo podem torcer a seu gosto para sair ganhando. Continuaremos lutando.

Por isso, convocamos a populaçom a fazer denúncias individual e coletivamente. Para obter as denúncias você pode enviar um e-mail para: minanocandonon@gmail.com, e constar no registo da Xunta, portelo único dos municípios, ou por meio eletrônico.

A empresa tem outras concessões na Galiza?


Nom podemos responder a esta questom com certeza …, sabemos por outro colega do Coristanco, que estám a argalhar algo também nos municípios de Santa Comba e Coristanco, mas ainda nom coletamos mais informaçons. De qualquer forma, toda ajuda é bem-vinda para obter mais informaçons da própria empresa ou de outros projetos como este e os danos que eles deixaram nos territórios onde foram radicados. Umha referência está sendo o ativismo da plataforma de bairro de Cáceres, ou do povo da Serra da Arga.

Além das jornadas que você organizou no mês de julho, quais as próximas açons que planeja realizar?

No momento estamos apresentando as denúncias mencionadas acima (lembre-se de enviar um e-mail para: minanocandonon@gmail.com, podemos compartilhar), aderindo ao CC.MM afetado e em processo de criaçom de uma plataforma conjunta que reuniria diferentes grupos e associaçons ambientalistas , marinheiros, empresários…, que rejeitam este projeto, e pertencentes aos diferentes municípios afetados.

O trabalho de divulgaçom é feito entre a vizinhança por meio de cartazes e panfletos, além da pesquisa teórica do projeto e do reconhecimento do território por meio de roteiros.

Também há moradores da área de Doade que realizam trabalhos de fiscalizaçom na área, caso tenham começado a ocorrer movimentos de maquinárias, etc. algo ilegal e, infelizmente, muito comum pelas empresas promotoras.

Também há mais colegas envolvidos no percurso cultural e em processo de criaçom de um documentário e de umha rádionovela.



Podeis engadir mais algumha cousa que estimeis conveniente.
Gostaríamos de ressaltar que essas linhas som escritas por pessoas da plataforma Mina no Cando e de fora dela, todas em processo de organizaçom de uma plataforma conjunta, com um objetivo claro: a oposiçom à mina.

Gostaríamos também de agradecer a todas as pessoas e grupos que nos apoiaram em tantas formas e que estiveram presentes nas Jornadas de Informaçom de Julho (ContraMINAcción, ADEGA, Ecologistas em Açom, Capitán Gosende, Víctor, comuneiras e vizinhos…).

Estamos totalmente envolvidos neste projeto, mas estamos atualmente a assistir à implementaçom de projetos selvagens em outras partes da Galiza e da península (nom esqueçamos os problemas em Cáceres e Norte de Portugal com projetos de mineraçom, ou megaprojetos de parques eólicos que ameaçam municípios de Cerdedo, Cotobade e Forcarei, e tantos outros). Na actual crise do petróleo querem lavar a face das empresas que se gabam de implementar projectos de energias renováveis ​​mas que, na sua prossecuçom lucrativa, vam além da sustentabilidade desses projectos e dos afetos que envolvem o território e as pessoas que o habitam. Se queremos um modo de vida mais “ecológico” e “sustentável”, faz sentido explorar uma mina de lítio que para cada tonelada de terra explorada fornece em média 17 kg dela, para fazer carros elétricos que precisam de 30 kg cada, e a mudança deixa uma terra estéril e poluída e uma populaçom doente? Para nós, claro que nom.

Por fim, gostaríamos de lembrar a importância da comunidade para lidar com esses projetos predatórios da terra e do povo.