Por José Manuel Lopes Gomes /

Execuçons extra-judiciais de militantes populares, centos de guerrilheiras e guerrilheiros ainda presos, umha organizaçom armada, o ELN, que suspende o seu cessar-fogo temporal, e nulos avanços na concreçom dos Acordo da Havana. A “paz colombiana”, vendida pola mídia como definitiva fim das insurrecçons de esquerdas, esfarela-se ante o desinteresse do mundo.

Para o discurso dominante, o ponto de inflexom das FARC e a sua conversom em partido político supunha o adeus a um tempo histórico; para a esquerda reformista, propagandeada sempre pola imprensa comercial, a ratificaçom do seu dogma preferido: as mudanças sociais acontecem polas urnas e sem mediaçom da violência. O mundo, porém, exprime umha realidade discordante com as fabulaçons ideológicas.

Um ano do Acordo da Havana.
No passado Outono cumpriu-se um ano da assinatura do Acordo da Havana. Longe dos alvoroços iniciais, o responsável da ONU na missom de paz Colômbia vem de assumir que “só a guerrilha cumpriu a sua parte do pactuado”. Este extremo é negado por Juan Manuel Santos, político liberal que apenas se diferencia do uribismo -a extrema direita de obediência norteamericana- pola sua aceitaçom dumha estratégia de diálogo com a insurgência.

A reforma agrária foi um dos nós gordianos das negociaçons, pois segundo a esquerda alçada em armas, só umha ruptura integral com o latifundismo poderia abrir um panorama de defesa dos direitos populares através das urnas. Um ano depois, dos 3 milhons de hectares que o Estado se comprometeu a repartir, quase nom há notícia.

Tampouco há novidades da prometida política de toleráncia com o pequeno cultivador cocaleiro, que continua a ser perseguido polo Estado, enquanto os grandes piares do narcotráfico ficam incólumes. Há três meses, a tristemente célebre polícia colombiana protagonizou um massacre de lavradores em Tumaco, na costa do Pacífico.

Um outro elemento do Acordo ainda em ponto morto é a jurisdicçom especial da paz, que ia sentar no banco dos acusados todas aquelas pessoas beneficiadas da estratégia da violência: empresários locais, paramilitares, mesmo representantes de corporaçons estrangeiras que decidiram patrocinar o assassinato para fazer medrar o seu negócio e derrotar a guerrilha.

Os assassinatos da democracia.
Desde que plúri-partidismo e economia de mercado nom podem cadrar com assassinatos políticos, os meios comerciais de Occidente preferem nom pôr a sua lupa no que acontece com o activismo de esquerdas na Colômbia. Atentos a qualquer incidente em Cuba ou na Venezuela, obviam que neste país vizinho, mais de 30 ex-combatentes das FARC fôrom já assassinados, um processo que repite o modelo da década de 80. Após a desmobilizaçom do M-19, moreas de militantes da Uniom Patriótica cairam baixo as balas do sicariato, alimentado pola extrema direita.

O Congresso como elemento de bloqueio.
A máxima instituiçom legislativa do país tem-se negado a aprovar a jurisdicçom especial para a paz, o que supom um ataque à linha de flotaçom do processo; esta mesma instáncia está a bloquear umha e outra vez a possibilidade dum processo constituinte, aposta principal das FARC partido político, que esperava refundar assim pola base um Estado corrupto e afeito à tropelia sistemática.